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Turbulência à frente

Comparando cenários, o Brasil de 2022 está melhor do que aquele encontrado por Lula em 2002, na primeira eleição dele.

Por Guilherme Baumhardt

Preparem-se. Apertem os cintos (se houver). Voltaremos a andar em uma montanha-russa. E será assim. Primeiro, a subida, o êxtase, a adrenalina correndo solta nas veias. Euforia, alegria e a certeza da escolha certa. Quem sabe até a picanha? Mas por pouco tempo. Depois vem a descida, em alta velocidade, ladeira abaixo e sem freios ou equipamentos de segurança. Assim será o Brasil, sob a batuta de Lula e seus compar…, ops, companheiros.

Ainda vejo em alguns incautos uma certa esperança de moderação, de que o petismo que assumirá o país será moderado, respeitará as instituições, a propriedade privada. Para quem pensa assim, eu digo: não faltam mais do que dois passos para acreditar no coelhinho da Páscoa. Quem volta é o Lula radical, o PT extremista, que toma para si a máquina pública como se fosse propriedade privada. Isso ficou claro durante a campanha e foi reforçado com uma tentativa de “Carta aos Brasileiros”, que de tranquilizadora não tinha nada.

Sabem quem foi o primeiro presidente a visitar o petista? Alberto Fernández, que está à frente de uma Argentina quebrada, que não consegue colocar a economia nos eixos porque insiste no receituário errado: excesso de regulação (são mais de 30 tipos diferentes de taxas de câmbio), pouca liberdade, impostos elevados e a tentativa de controlar a inflação com o tabelamento de preços (ideia que era defendida pelo petista Aloizio Mercadante).

A primeira vítima da volta do lulismo ao poder será o agronegócio – por três razões. A pressão europeia deve encontrar porteiras abertas para impor novas sanções a produtos brasileiros. Encontrarão terreno fértil para proliferar os “ecochatos”, gente cujo único objetivo é inviabilizar – sob argumentos toscos e tacanhos – qualquer tentativa de produção. Para completar o pacote, os bandoleiros do MST voltarão a ter dinheiro para se deslocar pelo país invadindo e depredando propriedade privada.

Na Esplanada dos Ministérios devem despontar figuras como Randolfe Rodrigues ou Marina Silva, para comandar o Meio Ambiente. Ou seja, sob o manto de que estão protegendo a natureza, os dois não passam de usinas de restrições. Curiosamente, alguns dos piores índices de desmatamento da região amazônica ocorreram justamente quando Marina era ministra. E ela agora pode voltar.

No caso da Fazenda (hoje Ministério da Economia) entre os nomes cogitados está o de Fernando Haddad. É uma injeção de desânimo, para quem tem hoje Paulo Guedes. Haddad era o sujeito que liderava o Ministério da Educação quando teve início o colapso do sistema FIES (Financiamento Estudantil), graças à inadimplência recorde. Gente que precisava de uma bolsa ganhou um empréstimo. E o petista agora está cotado para comandar a economia do país. É desolador.
Comparando cenários, o Brasil de 2022 está melhor do que aquele encontrado por Lula em 2002, na primeira eleição dele. A casa está arrumada: estatais operando no azul, colocando dinheiro no caixa do governo, inflação a caminho da meta, juros básicos da economia em um patamar inferior ao início do milênio. Tudo pronto para dar início ao populismo barato.

A grande questão é: quando tudo isso começará a fazer água? Não espere honestidade intelectual. Os culpados serão todos externos. Será o “imperialismo yankee”, uma falsa herança maldita ou o “desmonte da máquina pública” – é impressionante como petista gosta de dizer isso. É o que acontece hoje na Argentina, na Venezuela ou em Cuba. A origem dos problemas vem sempre de fora.

Não espere também grandes críticas de parcela da imprensa. Logo após o resultado eleitoral, a Folha de S.Paulo já produziu o primeiro milagre: o que antes era chamado de “orçamento secreto” se transformou em “emendas do relator”. E depois dizem que a eleição foi justa e teve paridade de armas.

Correio do Povo

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