O patrimônio dos deputados estaduais e federais do Rio Grande do Sul que são candidatos nas eleições de outubro cresceu quase um terço nos últimos quatro anos. Segundo a declaração de bens fornecida à Justiça Eleitoral, a soma dos valores informados por eles neste ano é 29,3% maior do que em 2014. Juntos, tinham R$ 85,8 milhões há quatro anos. Em 2018, alcançaram R$ 110,9 milhões.

O maior aumento foi registrado na Assembleia. O conjunto patrimonial dos 51 parlamentares que tentam reeleição ou vaga de deputado federal cresceu 44,5% – passou de R$ 33,6 milhões em 2014 para R$ 48,5 milhões neste ano. Na Câmara, a riqueza dos integrantes da bancada gaúcha que buscam manter o mandato ou entrar para o Senado subiu 19,5%. A soma dos bens informados era de R$ 52,1 milhões há quatro anos e chegou a R$ 62,3 milhões em 2018.

Entre os políticos estaduais, o líder do governo José Ivo Sartori na Assembleia, Gabriel Souza (MDB), foi o que teve maior crescimento percentual de patrimônio: variação de 4.097,6%, passando de R$ 14.850 há quatro anos, quando declarou apenas cotas em uma empresa de veterinária, para R$ 623,7 mil, que incluem casa, veículo e nove aplicações e poupanças. A assessoria do parlamentar afirmou que a evolução “é compatível com sua remuneração enquanto deputado estadual, médico veterinário e empresário” e que todo o patrimônio “está devidamente declarado junto à Receita Federal”.

O deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) teve a segunda maior variação percentual (955%), passando de R$ 72 mil para R$ 760 mil entre 2014 e 2018. O petista afirma que a mudança ocorreu porque, após se tornar pai novamente, adquiriu apartamento de três quartos no valor de R$ 600 mil para morar com a esposa e as filhas na zona sul da Capital. Além do imóvel, a declaração dele neste ano mostra que o parlamentar trocou o carro de R$ 15 mil informado em 2014 por dois veículos, de R$ 73 mil e R$ 69 mil. O restante corresponde a depósitos em conta e uma aplicação.

Em valores, o deputado estadual Sérgio Turra (PP) teve o maior aumento. Somou R$ 1,3 milhão ao patrimônio informado em 2014 e chegou a R$ 3,9 milhões neste ano, montante que também faz dele o político mais rico da Assembleia. Entre 2014 e 2018, o deputado trocou de carros, adquiriu e desfez-se de alguns terrenos ou terras nuas (hoje é dono de 24), e também repassou e adquiriu apartamentos (na declaração atual, aparecem dois novos, de R$ 651 mil e de R$ 1,2 milhão). O parlamentar justifica a variação como rendimentos de seus negócios:

— Construí carreira de sucesso como advogado por 20 anos e vivo em comunhão parcial de bens com minha mulher, que é empreendedora com hotel. Me consolidei profissionalmente para depois ingressar na política.

Há três casos de integrantes da Assembleia que nada haviam declarado em 2014 e, agora, informaram bens — Juliano Roso (R$ 263 mil), do PCdoB, Missionário Volnei (R$ 140 mil), do PR, e Zé Nunes (R$ 25 mil), do PT.

Redução ocorreu para oito da Câmara e 10 da Assembleia

Dentre os deputados federais, Afonso Motta (PDT) é o que teve o maior enriquecimento em termos absolutos (R$ 2,3 milhões): em quatro anos, passou de R$ 19 milhões para R$ 21,3 milhões em patrimônio. Ele credita o valor à herança recebida após as mortes da mãe e de um irmão e aos rendimentos de aplicações. Dono de quatro terrenos ou terra nua (um deles de R$ 10 milhões), carros, apartamento e aplicações financeiras, Motta é também o deputado federal gaúcho mais rico.

Contrariando a tendência dos colegas, 10 integrantes da Assembleia e oito da Câmara viram seus patrimônios encolherem. O deputado federal e ex-ministro Osmar Terra (MDB) teve redução de 88,4% no período. Em 2014, tinha R$ 421,9 mil por metade de um flat, 43 terrenos, uma caminhonete e valores em bancos. Agora, tem R$ 48,9 mil, referentes apenas aos lotes de terra, sem informe de contas bancárias que haviam sido relatadas há quatro anos.

Não tenho muito patrimônio. Tudo o que tinha, botei na poupança dos meus filhos. A caminhonete vendi e uma parte do dinheiro coloquei na poupança deles. O resto, gastei. Está tudo declarado no Imposto de Renda — diz.

deputado federal Danrlei (PSD) é outro que teve expressiva diminuição no patrimônio, de 68,3%, caindo de mais de R$ 1 milhão para R$ 347,3 mil. A advogada do parlamentar afirma que os bens diminuíram porque ele transferiu uma sala comercial para o nome da mulher e comprou um imóvel novo, também declarado no Imposto de Renda dela.