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Reflexões sobre um Brasil à deriva

 

O Brasil não pode parar?

Dizer, nesse momento histórico e decisivo para o futuro do país, que “o Brasil não pode parar” é de uma irresponsabilidade inominável. Porque o país está no atraso que está por conta da corrupção generalizada que hoje reza provada. A intenção disfarçada na frase é a de que seus propagadores buscam manter vivos os seus próprios interesses, impedindo a mudança necessária. Ou desviar o foco para não serem cassados e presos.

O Brasil não parou. Estacionou para fazer desembarcar os falsos homens e mulheres que usam a política para roubar dinheiro e sonhos. Interrupção momentânea para que o país tome fôlego e execute a faxina moral e ética que está impedindo que o país se desenvolva e que os brasileiros possam ser felizes.

De que normalidade estão falando?

Sabe o que mais chateia nesse papo de preocupação com a queda das ações; com a inviabilidade econômica das grandes empresas investigadas pela Lava Jato; com a necessidade de dar mais celeridade às reformas trabalhista e previdenciária; com a tentativa de desmoralizar o trabalho saneador do Ministério Público e da polícia federal; com a suspeição forçada sobre os integrantes do STF; com essa tentativa de tentar justificar o injustificável? Que pouco, quase nada, se ouve falar das crianças e jovens que serão os principais prejudicados com essa roubalheira toda.

O que é o mercado financeiro perto da vida de uma criança desassistida em suas necessidades básicas? Ou de um idoso que morre esperando atendimento médico? Para que servem especulações cambiais, acionárias, imobiliárias e outras tantas, diante de uma multidão de brasileiros com fome, desabrigada, desempregada e com baixa escolaridade?

O mundo está caindo sobre a hipocrisia de nossos governantes e de nossos representantes legislativos e eles ainda tem coragem de defender a necessidade do retorno a antiga “normalidade”. Às favas para a normalidade. Nada do que estamos tendo o desprazer de ver e ouvir é normal. Então não nos peçam para fingir que nada disso é grave. É gravíssimo. E exige uma postura nada convencional da Nação.

Os apolíticos e suas irresponsabilidades.

Incrível que em meio ao turbilhão político pelo qual passa o país ainda tenha quem se diga arredio à política e aos políticos. E o mais curioso é observar que uma das características mais marcantes dos apolíticos é justamente a crítica generalizada. “Político é tudo ladrão”. “Política só serve para ferrar o povo”. São algumas expressões utilizadas pelos desinteressados.  Como se tal procedimento não tivesse consequência alguma. Tem, e muita.

Se o alienado politicamente fosse mais interessado com o que acontece a sua volta teria observado que sua vida é movida pela política. Desde o seu nascimento até a sua morte. No caso específico do desvio de dinheiro público, por exemplo, se todo cidadão se interessasse pelos atos praticados pelos governantes e detentores de mandato eletivo, certamente não seria tratado por eles como um tolo. Um mero pagador de imposto. Financiador de propina, para usar um termo em evidência.

Quando alguém não tem interesse pela política não sabe escolher políticos. E se não sabe escolher, corre o risco de escolher mal. E se escolhe mal fica sendo responsável pela escolha equivocada. Porque política não é uma questão de gostar, é de precisar. Porque o mundo é movido pela política. Então, como dizem os jovens mais antenados, “bora, partiu discutir política”.

E o moribundo do Temer?

A situação de Michel Temer é semelhante a de quem tenta se salvar da queda em um precipício agarrando-se a um mirrado arbusto de guanxuma. No caso, o ramo da erva daninha é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a quem cabe a última palavra sobre a abertura ou não do processo de impeachment. Triste sina. Vão acabar sucumbindo abraçados pela mesma causa mortis.

Aliás, se observamos atentamente a composição do Congresso Nacional constataremos que é grande o número de zumbis contaminados pela mesma moléstia que se abateu sobre Temer e Maia. Seria uma peste endêmica?  Que 2018 trata a vacina que tanto o Brasil necessita.

Sul21

Sergio Araujo é jornalista. 

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