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Pressentindo a morte, o menino Bernardo foi, sozinho e pessoalmente, pedir socorro ao juiz. Em vão…

O menino Bernardo e seus algozes

 

BERNARDO, INESQUECÍVEL

Terça-feira desta semana, “04 de abril”, transcorreu o 3º aniversário do assassinato do menino Bernardo. Em sua última trajetória, no dia 4 de abril de 2014 o garoto saiu da escola, em Três Passos, ao meio dia e, inocentemente, rumou para a morte, iludido pela madrasta Graciele (Keli) de que ela iria comprar-lhe uma televisão em Frederico Westphalen. A partir dessa data ele foi dado como desaparecido, mediante mentiras do pai e da madrasta. Dez dias depois, no dia 14, Edelvânia, amiga da madrasta confessou à polícia que juntamente com Graciele teria matado Bernardo e indicou o local onde o enterraram. O pai do menino, médico Leandro Boldrini, foi apontado como autor intelectual do assassinato. Todos, Leandro, Graciele, Edelvânia e um irmão desta, foram e permanecem presos.

 

PARA REFLETIR

Conta o evangelho de São Mateus (2, 1-18), que os  Reis Magos, quando foram visitar Jesus, chegando em Jerusalém, perguntaram ao rei Herodes onde estava o rei dos judeus, que acabara de nascer. Perturbado com a notícia, reúne os sacerdotes e pergunta-lhes  onde haveria de nascer o Cristo. Disseram-lhe: em Belém. Informando-se sobre a época do nascimento, enviou os Magos a Belém, após pedir-lhes que fosse comunicado quando o encontrassem, pois também queria adorá-lo.

 

PARA REFLETIR II

Os Reis Magos, por instrução divina, não retornaram a Herodes, que, sentindo-se traído, mandou matar, em Belém e arredores, todos os meninos de dois anos para baixo.  José fugiu  para o Egito, com Maria e Jesus, e o filho de Deus se salvou da matança. A Igreja Católica homenageia anualmente aquelas crianças mortas, chamando-as de “Santos Inocentes”, que são considerados seus primeiros mártires.

 

BERNARDO, UM MÁRTIR

Essa história Cristã, (plagiando Carlito Couto), foi o que me veio à mente, quando tive conhecimento da morte do menino Bernardo, cujo corpo foi encontrado em cova rasa, num matagal, em Frederico Westphalen. Seu nome deve ser acrescentado aos “Santos Inocentes”, como um novo mártir, pois, tal qual os meninos de Belém, foi  morto, sem saber o motivo, incrivelmente, por quem tinha o dever de cuidar de sua vida e o poder de decidir sobre ela. Sua morte foi uma monstruosidade tamanha tanto quanto o massacre dos meninos de Belém, praticada por modernos Herodes.

 

É DE CHORAR!

Foi horrível, de chorar até, quando se sabe que, filho de pai afortunado, Bernardo, como um Francisco, andava maltrapilho; ou não tinha dinheiro para o lanche no colégio; ou passava frio por falta de agasalho; ou vestia  vários dias o mesmo uniforme escolar; ou andava com velhos sapatos. Sofreu bem mais que os Santos Inocentes. Chorou aos 7 anos pela morte da mãe, de forma violenta. Buscou ajuda nos serviços de proteção à criança, inclusive pessoalmente ao juiz da infância, mas o socorro não lhe foi bastante. Ele pressentia a morte. Dois meses depois desapareceu e foi cruelmente assassinado!

 

RUMO AO SACRIFÍCIO

Como cordeiro levado ao abate, Bernardo foi conduzido para ser sacrificado em outra cidade. Não se tem notícias de desespero, que certamente  dominou a sua via-crúcis. Talvez também tenha perguntado por que foi abandonado, porém, não foi atendido, e uma injeção letal levou-lhe a vida. Morreu por sua fé nas pessoas!

 

NEGLIGÊNCIA COLETIVA

Em 16 de dezembro de 2013, o Ministério Público instaurou procedimento administrativo para apurar a procedência ou não de notícias recorrentes de que Bernardo, então com 11 anos, sofria negligência afetiva por parte do pai e da madrasta. Curioso é que toda a cidade, a escola, o Conselho Tutelar, o Creas, o MP e a Justiça, sabiam que ele tinha “medo”, vivia em “abandono”, “em situação de risco”, sujo, malvestido, por vezes desnutrido. Sozinho, um mês e pouco depois, em 24 de janeiro, Bernardo foi ao fórum pedir ajuda. Pelo juiz, ele foi encaminhado ao Cededica, onde consta um relatório que ele declarou “estar sofrendo maus-tratos em casa, principalmente por parte da madrasta, recebendo ofensas verbais, além de dizer que estava com medo e sentindo-se inseguro”. No mesmo dia ele foi levado à promotoria da Infância e da Juventude que o ouviu. Os prenúncios se confirmaram: 70 dias após esse contato, mais precisamente, em 04/04/2014, Bernardo desapareceu e foi morto.

 

CURELDADE E FRIEZA

A assistente social Edelvânia, amiga da madrasta do menino, em depoimento à polícia no dia 14 de abril de 2014, confessou participação no assassinato de Bernardo, iniciando por enfatizar que era muito dinheiro e, era só abrir um buraco e ajudar a colocar o menino dentro. Disse que Graciele (Kely), madrasta, planejava há muito tempo a morte do menino, inclusive já teria tentado matá-lo usando um travesseiro, e que o pai iria dar graças de se livrar do incômodo. Em sua última trajetória, o menino saiu da escola ao meio dia de 4 de abril e rumou para a morte, iludido pela madrasta de que iria comprar uma televisão para ele e levá-lo a uma benzedeira em Frederico Westphalen. Antes de saírem de Três Passos, Kely deu um remédio para o menino dormir, mas não fez efeito, então em Frederico ela repetiu a dose, contou Edelvânia para a polícia.

 

E ELE FOI APAGANDO!

Em Frederico Wespphalen, na companhia e no carro de Edelvânia, Graciele Ugulini (Kely) conduziu o menino, (desculpe a comparação), “tal qual um bezerro sendo levado para o abate”, com destino ao local onde seria morto e enterrado. No trajeto, cruelmente, Kely repetiu ao menino que estava indo a uma benzedeira, mas para isso precisava fazer-lhe um “piquezinho na veia” e mandou ele deitar-se numa toalha de banho, aplicando-lhe uma injeção na veia do braço esquerdo. Aí “ele foi apagando”, contou friamente a assassina Edelvânia à polícia. Depois de tirar a roupa – uniforme da escola – e os tênis, colocaram o menino no buraco e Kely jogou soda sobre o corpo dele e ambas o cobriram com pedras e terra. Pelo trabalho, Edelvânia teria recebido de Keli, no dia 2, R$ 6 mil. O valor total seria R$ 20 mil, mas Kelly teria se disposto a pagar o total de R$ 96 mil, o que faltava para Edelvânia quitar o apartamento.

 

IMPIEDOSAS ASSASSINAS

Kelly teria revelado à Edelvânia todo o plano: dopar o menino e depois aplicar uma injeção letal na veia. Teria pedido a Edelvânia um local para “consumir” o corpo. No mesmo dia, 2 de abril, as duas teriam ido ao local e começado a cavar com uma enxada, mas como estava difícil, decidiram comprar outras ferramentas, além de um produto para “diluir rápido o corpo e que não desse cheiro”. Naquele dia Kelly teria dito que voltaria com o menino "na quinta ou sexta-feira e que de segunda-feira não passaria". Na quinta-feira, dia 3, Edelvânia voltou ao local e terminou de fazer a cova. Como planejado, na sexta-feira (4), lá estava Kely com o menino e o crime foi consumado.  

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