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Precisamos falar de estupro

Os assuntos mais polêmicos são os que mais precisam ser conversados, debatidos.  Quanto mais se fala, mais se esclarece. Estupro é problema gravíssimo. Afeta drasticamente tanto a vítima como quem convive com a pessoa molestada. Tem que haver combate efetivo a essa barbárie. É de conhecimento público que o problema da violência contra a mulher se faz presente de forma cotidiana. É também de conhecimento público que o crime de estupro é um ato de alta reprovabilidade, sendo tipificado inclusive como crime hediondo. Embora haja pessoas do sexo masculino que são vítimas desse tipo de crime, na esmagadora maioria dos casos, são mulheres as vítimas. Há, ainda, uma terceira característica que envolve as particularidades de um crime de estupro: ele não acontece, como sugere o imaginário popular, em uma região obscura de via pública, com um maníaco desconhecido apontando uma arma de fogo contra a vítima e obrigando-a ao ato sexual. Na realidade, dados estatísticos evidenciam que a grande maioria dos crimes de estupro são praticados por pessoas do círculo pessoal da vítima, principalmente pais e padrastos.

A propósito

Estupro é um crime predominantemente praticado contra a mulher, por pessoas a ela próximas, e de forma a inserir a vítima em uma situação de submissão em relação ao agressor. Quanta perversidade!

 Vítima se sente envergonhada

O crime de estupro é, por certo, uma das maiores violências físicas e psicológicas à integridade da vítima. Por isso, para ela, denunciar pode significar reviver tudo o que sofreu. Para estudiosos do assunto, o estupro vai além de um ato sexual forçado. Na maioria das vezes, o agressor é o próprio marido, o namorado ou um parente próximo. O estupro é o que acontece independente da relação que a vítima estabelece com o agressor, ele se configura com a negativa da vítima. Uma das grandes dificuldades para os setores investigativos chegarem a elucidação completa desses crimes, é a questão que a mulher normalmente se sente envergonhada pelo que passou. Mas a situação não é de a vítima ter vergonha, pelo contrário, a vergonha deve ser do agressor que não foi homem o suficiente para respeitar a mulher. Então as vítimas de estupro têm de ter determinação para procurar a polícia, sem vergonha e sem medo, prestando todas as informações relativas ao fato, para que o estuprador seja responsabilizado nos termos da lei.

A cultura do estupro

Infelizmente, casos de violência sexual contra a mulher crescem cada vez mais. Criou-se a cultura de que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. Paira, em meio a sociedade machista, a ideia de que as mulheres não são vistas como seres com vontade própria e sim, propriedade dos homens. E isso não está só na mente doentia de certos homens, mas, incrivelmente, na mente de muitas mulheres que de forma inexplicável acham que têm obrigação de obedecer às regras masculinas, aceitar serem vistas como objeto sexual, condicionando-se à ideia de que “homem é assim mesmo”. E quem não aceita as tais “regras masculinas” é culpada ou se culpa por tudo o que lhe vier a acontecer. Mas pense bem, que sociedade é essa que acha normal uma mulher ser constrangida na rua por uma cantada; que acha normal uma mulher ser estuprada por estar bêbada ou usando roupas curtas; que acha normal uma mulher ser forçada a fazer sexo com o companheiro, afinal, ele é seu marido ou namorado; que acha normal uma mulher ser vista apenas como objeto para satisfazer as vontades alheias; que acha normal uma mulher ser intimidada por homens heterossexuais quando é lésbica, porque na verdade ela tem que aprender a gostar de homem? Só pode ser uma sociedade doentia. Essa cultura machista precisa ser combatida.

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