Por que brasileiros estão trocando seus estados para viver em Santa Catarina

Por Gazeta do Povo

Itapema Santa Catarina
Itapema é um dos destinos preferidos de quem se mudou para Santa Catarina. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Itapema)

Praias de água cristalina, paisagens naturais de tirar o fôlego, arranha-céus dignos de Dubai, neve nas alturas… Esse combo de imagens que se espalha por todo o Brasil e pelo mundo é só uma parte do que explica o crescente número de brasileiros que estão deixando seus estados para morar em Santa Catarina.

Segundo dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2017 e 2022, o estado do Sul recebeu 503.580 pessoas de outros estados, aumentando a população total catarinense em 4,66%. A maioria saiu dos vizinhos Rio Grande do Sul e Paraná.

As imagens deslumbrantes do estado ajudam, pelo menos em um primeiro momento, mas a decisão definitiva está no emprego, um fator apontado por especialistas como definitivo para Santa Catarina ter se tornado o principal destino de migração interna no país.

“Sem dúvida alguma, as condições atuais do mercado de trabalho catarinense exercem uma atração bastante expressiva enquanto estímulo ao processo migratório”, observa o professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Lauro Mattei.

A taxa de desemprego no estado é a menor do Brasil: 2,2% no segundo trimestre deste ano, de acordo com resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral divulgada IBGE. Ela é mais baixa do que a de todos os países que integram a OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, incluindo o G7, formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.

Apesar dos dados de migração do IBGE serem relativos ao Censo de 2022, Santa Catarina já vinha apresentando um cenário favorável no mercado de trabalho. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) aponta crescimento no saldo de vagas de emprego formais e nas admissões desde 2020, com destaque para 2021, ano seguinte ao início da pandemia da Covid-19, e para 2024, quando o saldo entre admissões e demissões superou 100 mil.

 

Conjunto de fatores fortalecem migração para Santa Catarina

O aspecto econômico é o fator mais importante para as pessoas trocarem seus estados por Santa Catarina. Mas há outros aspectos que formam um conjunto mais amplo que explica o crescente fluxo para o estado do Sul. Para o professor Mattei, são outros quatro pontos fundamentais:

  • proximidade geográfica em relação aos demais estados do centro sul do país (Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro);
  • bons indicadores econômicos e sociais, com serviços de saúde, educação e assistência social disponíveis;
  • estado com bom índice de segurança;
  • acolhimento de aposentados, sendo que muitas cidades na faixa litorânea do estado são locais com uma elevada participação populacional das pessoas mais idosas.

“A soma agregada dessas características é determinante para aquelas pessoas que procuram novas oportunidades na vida. E essas condições estão diretamente correlacionadas com a estrutura econômica de Santa Catarina que é bastante regionalizada e se encontra em expansão”, analisa Mattei.

Para além da capital Florianópolis, o fluxo migratório é mais forte em outras cidades do litoral, como Itapema, Balneário Camboriú, Piçarras, Porto Belo e Barra Velha. “Algumas cidades litorâneas vêm se transformando em um espaço de vivência de uma parcela do país mais bem posicionada economicamente que opta por residir definitivamente nesses locais”, acrescenta o professor da UFSC.

Balneário Camboriú, em Santa CatarinaAlém de ser atraente do ponto de vista turístico, SC se destaca pela empregabilidade e pelos indicadores de segurança (Foto: Daniel Vianna/Mtur)

Algumas dessas cidades, não por acaso, passam por uma expansão significativa no ramo imobiliário, especialmente no segmento de luxo. De acordo com o Índice FipeZap, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Balneário Camboriú e Itapema têm o preço médio do metro quadrado de imóveis residenciais mais alto do Brasil em agosto deste ano — R$ 14.839 e R$ 14.674, respectivamente.

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