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Pedidos de aposentadoria na BM preocupa comando

Mais de mil policiais já entraram na reserva

Em Pelotas e Rio Grande, o número de policiais inativos é o dobro do ano passado

Diante da baixa remuneração, parcelamento de salários e propostas de mudanças na previdência dos militares feitas pelo atual governo, 1.016 policiais do Rio Grande do Sul deixaram o trabalho ativo e foram para a reserva da Brigada Militar (BM), no período de 15 de junho até o último dia 12. São nove coronéis, 16 tenentes-coronéis, 12 majores, 65 tenentes, 393 primeiros-sargentos, seis segundos-sargentos, 498 terceiros-sargentos e 17 soldados. As informações são da Secretaria de Segurança Pública (SSP). O Comando-geral na BM, no entanto, diz que são 1.070 policiais que deixaram a ativa nos seis primeiros meses de 2015.

Desde o início do ano, 48 brigadianos do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Pelotas, foram para reserva e 31 aguardam a aprovação da solicitação. Segundo o comandante do 4º BPM, tenente-coronel André Luis Pithan esse número é o dobro se for comparado ao mesmo período do ano passado. No comando do batalhão de Rio Grande, a situação não muda. De acordo com o comandante do 6º BPM (Rio Grande), major Leonardo Nunes, de janeiro a agosto, 30 policiais pediram para ser desativados. Nos primeiros meses de 2015, foram 521 ingressos na reserva no Estado, segundo consta no Diário Oficial.

O comandante Pithan, atribui o alto número de policiais na reserva ao anúncios e cortes do atual governo. Para ele, o fato está ligado ao projeto encaminhado pelo governo à Assembleia Legislativa, já que se for aprovado, o projeto extingue a gratificação de permanência da ativa dos servidores que já cumpriram o tempo de serviço necessário para se aposentar. Conforme Pithan, isso justifica a corrida pela aposentadoria de quem se encontra nesta situação e não deseja perder o benefício. O comandante salienta que, desde o início do governo Sartori, já estava sendo registrado um aumento no número de pedidos para a reserva.

Fim

Há pouco mais de uma semana, foi a vez do policial lotado no 6º BPM, Mario Castanha, encerrar as atividades na Brigada Militar. Foram quase três décadas de dedicação e amor à profissão. Vestir a farda e sair sem ter certeza da volta sempre foi motivo de orgulho. No entanto, segundo ele, a maneira que a segurança dos gaúchos tem sido tratada, antecipou o pedido de reserva. O militar usou as redes sociais para fazer um desabafo.

“Foi uma mistura de sentimentos antagônicos em que a razão venceu a emoção, do jeito que a (in)Segurança Pública está sendo tratada pelo atual governo, não há as mínimas condições psicológicas nem materiais de se continuar na labuta. O governador me derrubou. Os próximos 30 dias serão para desacelerar a rotina dos últimos 27 anos”, comentou.

Na metade do ano passado, a corporação contava com 22.450 policiais. Hoje, são 21.507. O Rio Grande do Sul também está próximo de, pela primeira vez em sua história, ter mais policiais militares aposentados do que na ativa. Atualmente, são 21.318 inativos.

Uma pesquisa feita pela Associação de Militares Auxiliares e Especiais (Amae) em cinco estados, entre eles o Rio Grande do Sul, mostra que a cada 20 policiais entrevistados, pelo menos 13 já estão em busca de outras carreiras ou pediram para ser desligados da instituição. O perfil dos militares gaúchos que trocam a farda por outras profissões, no entanto, é variado. A lista dos militares interessados em evadir-se da BM vai de policiais com 15 anos de carreira até aqueles que não chegaram a completar meia década nos quartéis da Brigada Militar.

Novos brigadianos

De acordo com Pithan, a previsão do Comando-geral é que o governo chame 600 policiais aprovados no último concurso para atuar em todos os municípios do Estado. No entanto, a nomeação deverá ocorrer só no ano que vem. Para o comandante, o anúncio é válido mas insuficiente. “O que são 600 polciais para a atual situação do Estado?”questionou.

Desde maio, o governo do Estado decidiu congelar a transferência de policiais militares e civis de 19 cidades gaúchas, entre elas Pelotas e Rio Grande. O decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado. O objetivo, segundo a declaração, é garantir o efetivo para diminuir os índices de criminalidade nas cidades que concentram 85% dos crimes contra a vida e o patrimônio. A portaria da Secretaria de Segurança Pública (SSP) já está em vigor e valerá por 12 meses.

Em um levantamento feito pelo Diário Popular levando em consideração a quantidade de policiais militares que compõem o efetivo da Brigada Militar local, divididos pela quantidade de habitantes da cidade e dos oitos municípios de cobertura do 4º BPM, chegou-se a um resultado: um policial militar para cada 1.050 habitantes. Dados do Ministério da Justiça mostram que no Rio Grande do Sul a média é de 470 habitantes por PM.

Conforme o comandante, não há reposição de policiais no batalhão desde o ano passado.

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