COLUNA: O que os munícipes esperam dos novos administradores – A cultura do “não trabalhar” – São Valério do Sul sendo engambelado sobre a construção do acesso asfáltico

O que os munícipes esperam…

Os munícipes esperam receber de seus administradores total atenção, serviços públicos orientados para a facilidade e não para a dificuldade; iluminação e sinalização adequadas nas ruas e praças, espaços públicos bem cuidados, limpos e seguros; áreas verdes preservadas, ruas, calçadas e terrenos baldios sempre limpos. A cidade é o lar comum a todos, tem que ser aconchegante, confortável, bonita e inclusiva. Ninguém marginalizado ou maltratado, todos com os mesmos direitos e deveres, ninguém excluído. Mas este desafio de tornar as cidades mais humanas não pode recair unicamente sobre os prefeitos, embora lhes caiba a missão de liderar ações neste sentido. É também atribuição dos vereadores. Prefeitos e vereadores devem entender que representam populações inteiras e não apenas os eleitores que neles votaram.

Nada a ver comigo

Numa aula de marketing político, uma aluna desconfortada com o assunto falou: Não sei o que estou fazendo aqui. A professora indagou: Achas que o tema não tem nada a ver com a tua vida? Isso mesmo, professora! Não tem nada a ver comigo, respondeu.

Ato falho

Me parece muito vazio repudiar a política antes de compreendê-la. Queiramos ou não, a política é inseparável do nosso cotidiano e sua negação é um ato não só de desprezo, mas de ignorância. É isso que permite a infindável disputa pelo poder, apenas pelo poder, por parte de boa parte dos políticos. Pelo descaso ou ignorância, do não participar ou participar só com o voto é que muitos políticos e governantes fazem o que querem e como querem, como se fossem os donos da coisa pública. Temos que participar, acompanhar, cobrar as promessas feitas, exigir transparência, trabalho e lisura. Do contrário, não reclame.

Curiosidades

Em Santo Augusto – as primeiras mulheres eleitas vereadoras foram, Clarice Madalena de Andrade (PMDB) e Bernadete Pompeo de Mattos (PDT), em 1992. – A primeira mulher a concorrer ao cargo de prefeita, foi Eloni Pithan da Silva Geleski (PT), no ano 2000. Sem êxito. – A primeira mulher a concorrer a vice-prefeita foi Tânia Mattioni (PDT), em 1996. Sem êxito. A primeira e única mulher eleita ao cargo de vice-prefeita foi Iracer Polo (in memoriam), do PFL, no ano 2000. – A primeira e única mulher a concorrer a deputada estadual foi Carolina Fragoso Langner (PSB), em 2014. Sem êxito. – A primeira mulher eleita prefeita foi Lilian Fontoura Depiere (DEM), em 2020. Lilian Depiere, concorrendo pelo PL em 2024, foi também a “primeira chefe do Poder Executivo a se reeleger”. Nunca um prefeito havia conseguido reeleger-se em Santo Augusto. Aplausos a todas.

Cautela e prudência

Agindo com cautela e prudência, a chefe do Poder Executivo de Santo Augusto, prefeita Lilian, decidiu não substituir nenhum dos titulares das pastas, mantendo todo o quadro de secretários municipais da gestão anterior. É como diz o chavão popular, “em time que está ganhando não se mexe”. Segundo informou o vice-prefeito Mattioni, pelo menos até abril não haverá alteração alguma no secretariado, e após isso, só se houver necessidade. E quanto ao segundo escalão, poucas alterações vão acontecer, disse Mattioni. É um gesto de prudência. Cautelosa, a prefeita parece atenta às consequências das suas ações.

A cultura de não trabalhar

Repercutiu intensamente a medida do prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira (PSDB), para diminuir a dependência do Bolsa Família, e levar essas pessoas ao mercado de trabalho. Siqueira buscou parceria com empresas da cidade para oferta de trabalho e criou uma força-tarefa para visitar as famílias cadastradas, verificar as condições de cada uma dentro do programa, e aos que apresentam condições de trabalhar, a prefeitura oferece a oportunidade, auxilia na documentação e faz o encaminhamento para entrevista em uma das empresas parceiras. Iniciada a força-tarefa, o prefeito se disse surpreso e indignado com a imensa maioria optando por não trabalhar. Com o Bolsa Família criou-se a “cultura de não trabalhar”, a cultura do coitadismo, disse o prefeito.

Aliás

Muito interessante a iniciativa. Deveria ser seguida pelos demais municípios brasileiros. Vejo que a crítica do prefeito Siqueira é também direcionada à cultura do assistencialismo, que ele considera como um obstáculo ao desenvolvimento. Cada município deveria propor trabalho de conscientização e incentivo ao emprego, com ações práticas oferecendo vagas em parceria com empresas, elaborar currículos e encaminhar para entrevista. Isso traria dignidade e autoestima a essas pessoas que passariam a andar com suas próprias pernas, e impulsionaria o desenvolvimento.

Continua engambelando

Pórtico entrada à cidade de São Valério do Sul (Foto: Arquivo Rota do Yucumã)

A população de São Valério do Sul que já viu as obras de construção do acesso asfáltico em pleno andamento, isso lá em 1998 – e frustrou-se com o seu cancelamento – mantém viva a esperança de ainda ter a ligação asfáltica de sua sede municipal com a ERS-155. Essa comunidade vem sendo engambelada pelo atual governo estadual que na verdade não demonstra interesse. Mas não descuida de tirar proveito político. No primeiro mandato 2019/2022, sequer foi elaborado o projeto do acesso. Na campanha à reeleição, em 2022, ele prometeu que até o final de 2026 estará com a obra pronta. Confiantes, 1.228 eleitores são-valerienses votaram em Eduardo Leite, do total de 1.682 votos válidos. Ao assumir o segundo mandato, em janeiro de 2023, através do secretário de Infraestrutura e Transporte, o governo disse que até o final de 2026, pelo menos 80% dos trechos sem pavimentação estarão concluídos. Sendo assim, São Valério poderá estar entre os 20% não concluídos e ficar fora de novo. O diretor do DAER, por sua vez, disse no final do ano passado que a pavimentação que dá acesso a São Valério do Sul, segue “distante da execução”. Talvez esse tenha sido coerente. O comentário mais recente, feito por um agente do governo, é que o projeto foi atualizado (atualizado?) e a licitação “poderá” (poderá!) acontecer em 2025. Enfim, ninguém dá certeza de nada. Só uma pressão contundente no lugar e no jeito certo poderá desencravar essa demanda. Agora com Taborda prefeito há bons indícios de isso evoluir, desde que ele renuncie a qualquer gesto de humildade e conduza com energia e determinação o processo, usando de seu poder e prestígio político.

 

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