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O IFFar, Campus de Santo Augusto, que dia 18 completa 10 anos, tem origem: o “Ceprovale”

Nesta segunda-feira, 18 de dezembro, se completam dez anos de existência do Instituto Federal Farroupilha, na cidade de Santo Augusto, proporcionando formação intelectual e profissional, de forma gratuita, a jovens e adultos locais e regionais. Mas é bom lembrarmos que o Campus Santo Augusto, do Instituto Federal Farroupilha, não surgiu do acaso, não caiu do céu. Ele teve origem lá atrás, no Ceprovale – Centro de Educação Profissional – mantido pela Fundação Vale do Rio Turvo para o Desenvolvimento Sustentável – Fundaturvo -, visando atender a demanda de ensino profissional local e regional. A ideia inicial seria de uma Escola Comunitária, porém, no decorrer do processo a Fundaturvo e o Ministério da Educação decidiram por federalizá-la tão logo concluída a construção e aquisição de equipamentos. Assim, com a federalização a instituição passou a ser uma Unidade de Ensino Descentralizada do CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica) de Bento Gonçalves, mantida com recursos do Ministério da Educação. Esse processo todo, desde a concepção do projeto, demandou cerca de nove anos, culminando com a inauguração da UNED (Unidade de Ensino Descentralizada) – CEFET/BG – em 18 de dezembro de 2007, cujas atividades letivas tiveram início em 25 de fevereiro de 2008, ofertando seis diferentes cursos.

Hoje, aquela iniciativa surgida ali na CNEC, que originou o Ceprovale, que por sua vez deu origem ao Instituto Federal Farroupilha, cujo Campus Santo Augusto, conta com mais de mil alunos, um efetivo funcional de mais de 150 servidores entre docentes, técnicos e colaboradores terceirizados, e uma excelente infraestrutura.

Como se observa, o projeto CEPROVALE iniciado em 1998, percorreu uma longa caminhada e sobreviveu porque era bem fundamentado em princípios e necessidades comprovados por todos os estudos técnicos feitos por diferentes analistas e autoridades do setor. O engenheiro Eugênio Frizzo, um dos idealizadores e técnico responsável pelo projeto sempre enfatiza que “vencer tudo isso só foi possível pela persistência e competência de voluntários”, pessoas imbuídas de um elevado espírito comunitário e um comprometimento social muito forte, trabalhando 20, 30 ou 40 horas por semana, como voluntário. É uma tarefa que poucos se propõem.

Do projeto original da escola constavam três cursos na área do agronegócio (curso de produção de animais – gado de leite, suínos e aves; curso de produção vegetal orgânica, e curso de agroindústria desses produtos), além dos cursos de Gestão de Negócios e Gestão Pública.

Esta conquista da escola, de significado ímpar para a região, é o retrato da importância que um projeto adquire quando está em sintonia com as realidades locais e regionais. Foi essa característica que manteve o projeto em nove anos de luta. Se não foi um projeto mirabolante, foi o maior projeto da região daquele momento com o objetivo de mudar para melhor a realidade. Uma ação voluntária, sem qualquer comprometimento político ou de qualquer natureza, o que comprova que para quem vê o futuro melhor e faz alguma coisa para isso, ele pode acontecer.

FUNDATURVO/DS oficializa e consolida a implantação do CEPROVALE

                                                                                   Foto arquivo jornal O Celeiro

Foi no dia 6 de março de 2002, a data da assinatura do convênio entre Fundaturvo/DS, representada pelo engenheiro Eugênio Frizzo, coordenador do projeto e pelo então prefeito de Santo Augusto, Dr. Florisbaldo Polo, e Ministério da Educação, representado pelo então Ministro Paulo Renato, cujo ato foi assinado em Brasília, junto ao Ministério da Educação, contando com a presença e apoio do então deputado federal João Augusto Nardes (hoje Ministro do Tribunal de Contas) e pelo deputado federal Darcisio Perondi, conforme aparece na foto acima, extraída de edição do jornal O Celeiro que divulgou o acontecimento na época.

Repercussão da assinatura do convênio e a recepção dos representantes ao retornarem a Santo Augusto

                                                                                       Foto arquivo jornal O Celeiro

O significado do ato assinado em Brasília foi destaque e teve ampla divulgação na imprensa escrita, falada e televisionada no dia e nos dias subsequentes a assinatura. Inclusive, a Rádio Querência, única emissora de rádio da cidade na época, transmitiu ao vivo todos os atos que envolveram a assinatura em Brasília, em transmissão que durou cerca de duas horas, e durante o dia diversas lideranças regionais manifestaram-se entusiasmadas.

No retorno, ao chegar a Santo Augusto, a caravana foi recebida festivamente, com carreata que reuniu cerca de 140 veículos, seguido de concentração na Praça Pompilio Silva, onde houve manifestações das autoridades que foram à Brasília representando a Fundação e o município.

Membros da FUNDATURVO/DS NA ÉPOCA

Instituidores: Alvorindo Polo, Antônio Gentil Marques dos Santos, Carlos Bahry, Egon José Both, Eugênio Frizzo, Florisbaldo Antônio Polo, Gilberto Elias Goergen, Ibanez Guterres, Izilindo Sfredo Stival, João Alves Teixeira, João Augusto Philipsen, João Carlos Burkhardt, Jorge Alberto Sperotto, Lurdes Speroni Scherer, Marilei Andrighetto, Maurício Souto, Nilton Tercilio Mariotti, Naldo Wiegert, Nelson Egon Bloedow, Pedro Valmor Marodin, Edemar Luiz Marchezan (Rotary), Cláudio Roberto Kuhn (Lions), Antônio Cesar Losso (Sind. Rural), Idilio Áscoli (CTG Pompilio Silva) , Acisa (Ibanez Guterres).

Conselho Curador (natos): Florisbaldo Antônio Polo, Ibanez Guterres, Maurício Souto, Antônio Gentil Marques dos Santos, João Carlos Burkhardt, João Alves Teixeira.

Conselho Curador (temporários): Evoli Neves da Silva, Ari Bartsch, João Luiz Kirst Ledur, Jacy Luciano de Souza, Hermes Ienerich.

Diretoria: Presidente – Florisbaldo Antônio Polo; Vice-Presidente – Evoli Neves da Silva; Presidente Executivo – Eugênio Frizzo; Vice-Presidente: Marilei Andrighetto; Diretor Financeiro – Nelson Egon Boedow; Assessor Jurídico – João Nelson Paim Filho.

Conselho Fiscal (efetivos): Alvorindo Polo, Izilindo Sfredo Stival, Naldo Wiegert. Suplentes: Eurico Zancan, Hardi Milton Eickhoff, José Valdir Maçalai.

 

Dez anos de IFFar – Na visão da ACISA

 Maria Inês Antonow – empresária e presidente da ACISA

Para a Associação Comercial, Industrial e Prestação de Serviços – ACISA –, segundo a sua presidente e também empresária, Maria Inês Antonow, Santo Augusto mudou muito e para melhor nestes últimos dez anos em vários aspectos, com destaque na formação profissional das pessoas, na formação de mão de obra, com reflexos diretos no setor comercial, industrial e prestação de serviço, tudo graças à presença do Instituto Federal Farroupilha em nossa cidade. O comércio mudou, as indústrias começaram a crescer, o setor imobiliário cresceu muito também nesses dez anos, muita gente veio para cá, e Santo Augusto está de cara nova, está muito otimista, enfatiza a presidente da Acisa. Ela ressalta, também, as recentes conquistas da instituição, com autorização de oferta já para o próximo ano dos cursos superiores de Agronomia e Administração.

Em nome da Acisa, a presidente Maria Inês agradece aos pioneiros, aos santoaugustenses que tiveram o sonho e iniciativa de trazer uma escola técnica para a cidade, o que há dez anos é uma realidade e muito contribuiu e contribui para o desenvolvimento socioeconômico e cultural do município e região. Agradece também aos professores, aos funcionários, aos alunos e a todos que, em consequência, vieram se integrar à comunidade.

 

Dez anos de IFFar – Reflexos no setor “imobiliário”

Jaime Perini – advogado e corretor de imóveis – proprietário da JOTA PE IMÓVEIS

JC – Nos dez anos de existência em Santo Augusto, o Instituto Federal Farroupilha teve influência importante em vários setores da vida do município. No setor imobiliário, qual foi o reflexo?

 Perini – O início das atividades do Instituto Federal Farroupilha trouxe, sem sombra de dúvidas, um importe incremento no ramo imobiliário de Santo Augusto.   Foram dezenas de servidores que aqui chegaram e, obviamente,  procuraram casas e/ou apartamentos para residirem. A procura de imóveis continua com a expansão das atividades do Instituto, criação de novos cursos e também, com a remoção/transferência de servidores.

JC – Onde ocorreu maior demanda, aluguéis, aquisições ou construções de imóveis residenciais?

Perini – Num primeiro momento, a procura era tanto para locação, quanto para compra ou mesmo, construção de imóveis.  No decorrer dos anos, a maior procura é para locação.

JC – E quanto aos imóveis comerciais, também tiveram aumento da demanda?

Perini – Evidente que sim.  O aumento da procura por bens e serviços motivaram os empresários/investidores em ampliar seus negócios e até mesmo, abrir novos estabelecimentos comerciais. Tem também a questão dos familiares dos servidores que aqui assumiram suas funções no Instituto, sendo que alguns deles abriram suas próprias empresas/comércios em nossa cidade.

JC – O aumento da demanda influenciou, obviamente, na valorização dos imóveis. Procede o comentário de que com a chegada do IFFar houve aumento exorbitante no preço dos imóveis?

Perini – De certa forma sim, eis que toda atividade comercial obedece à lei da oferta e da procura.  Santo Augusto, infelizmente, não se preparou, no ramo da construção civil, para receber toda a demanda ocasionada pela chegada do Instituto Federal Farroupilha.

Não procede.   O aluguel recomendado é o valor correspondente a 1% (um por cento) do valor do imóvel, cuja locação se busca. Exemplificando, para um apartamento avaliado em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), o aluguel ideal seria de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Percentual menor que 1% (um por cento) leva o investidor a direcionar seus recursos para a especulação financeira, onde não há nenhum risco de inadimplência e o bem (dinheiro), tem liquidez imediata.  As locações em Santo Augusto estão num percentual bem abaixo de 1% (um por cento) do valor do imóvel. Isto, talvez, implique o fato de muitos empresários não terem acreditado em Santo Augusto e aplicado seus recursos em outros municípios e/ou estados da Federação. Tenho familiares e amigos com apartamentos locados nas cidades de Panambi, Santa Maria e Passo Fundo e os preços dos aluguéis são muito superiores aos aplicados em nosso Município (e lá ninguém reclama, disse Perini).

JC – Algo mais?  

Perini – Necessário se faz esclarecer, também, que o preço dos aluguéis é fixado pelos proprietários dos imóveis e não pelos Corretores de Imóveis.  As Imobiliárias apenas administram as locações no interesse dos seus clientes. Imóvel fechado não dá retorno para a Imobiliária. Logo, não há nenhum interesse das mesmas em elevar e/ou pressionar a alta no preço das locações.

Por fim, na condição de Corretor de Imóveis, proprietário da JOTA PE IMÓVEIS,  há 17 anos atuando em Santo Augusto e Região, vejo com otimismo a questão de locações em nossa Cidade.  Com a alteração da Lei Orgânica do Município, que elevou significativamente o índice de aproveitamento do terreno, bem como, a taxa de ocupação do prédio, vários corajosos empreendedores estão edificando  prédios que certamente irão suprir as necessidades das pessoas que aqui chegam e necessitam de imóveis para locar.

 

Dez anos de IFFar – Na visão da Fábrica de Rações Puro Trato

João Alves Teixeira – Médico Veterinário – Diretor/proprietário da empresa

JC – Nesses dez anos em Santo Augusto, o Instituto Federal Farroupilha contribuiu em muito na formação profissional e no desenvolvimento local e regional. Como o senhor vê essa questão?

João – São dez anos históricos, fruto de um trabalho intenso das nossas lideranças locais e regionais, onde todos participaram ativamente para a vinda desse Instituto. O grande objetivo foi alcançado, que era trazer uma oportunidade de ensino para a nossa região, para a nossa comunidade, um ensino gratuito, com a qualificação fantástica com professores pós-graduados, com doutorado, oportunidade que nós não tínhamos. Então isso se concretizou e atendeu as nossas expectativas. Deu grandes oportunidades aos jovens não só de Santo Augusto, mas de toda a nossa região, deu uma grande oportunidade do saber gratuito, fato importante a ser relatado, um programa federal, o que não poderia ser novidade no Brasil, mas na verdade é, porque hoje muitos estudantes não conseguem pagar a universidade, se deslocar, então o Instituto Federal Farroupilha cumpriu esse papel importante.

E cumprindo esse papel importante ele trouxe para a indústria, para o comércio, para a agricultura da nossa região a formação desses profissionais que hoje se reflete positivamente, inclusive aqui na nossa indústria (Fábrica de Rações Puto Trato) e eu imagino que em outras indústrias da nossa região também. Nós mesmos somos apoiadores, fornecedores de oportunidade de vagas, oportunidade de estágio em todos os segmentos, tanto administrativo como tecnológico, e também somos contratadores dessa mão de obra, e temos observado a qualificação desses profissionais que saem de lá, o resultado, a produtividade, o desenvolvimento de seus trabalhos. Portanto, podemos afirmar que o Instituto Federal Farroupilha, Campus de Santo Augusto, é uma instituição marcante de ensinamento na nossa região.

JC – Então, na sua visão, o IFFar melhorou efetivamente a qualidade dos candidatos a vagas de empregos?

João – Bem, aí há que se fazer algumas reflexões. Nós estamos vivendo um momento de muita tecnologia, incorporação de tecnologia nas nossas empresas e também o comércio vai ter de avançar em tecnologias de vendas. Enfim, todos os segmentos estão passando por ajustes. A sociedade, principalmente a indústria, comércio, o ato de consumo das pessoas está mudando. Então, eu vejo o seguinte: hoje, não se teria mais vaga de trabalho qualificado para pessoas que não tenham uma graduação, que não tenham uma formação do saber mais apurada, porque a tecnologia está chegando, nós estamos na tecnologia dos robôs, tecnologia dos sensores, tecnologias diversas, e isso está entrando em todos os processos. Então, as pessoas têm que ter uma qualificação. E a gente nota que esse pessoal que sai do IFFar sai com uma visão bem mais avançada nesse sentido. Quer dizer, é fácil de aprimorar pessoas que já têm uma base estrutural de ensino.

Com relação às pessoas menos favorecidas, eu acho que é esse justamente o ponto fundamental para nós. Um santoaugustense ou uma pessoa que vive na Região e que tem pouco poder aquisitivo tem muita dificuldade de sair e estudar fora, deslocar ou parar numa cidade que tem universidade, tipo Ijuí ou arredor, para estudar e muito menos pagar a universidade. Então, hoje é uma oportunidade para todos. Eu acho até que as pessoas precisam somente é da vontade. E é isso que nós temos que desenvolver na nossa comunidade. Acho que podemos aproveitar muito mais o nosso Instituto e fazermos campanha, o Poder Público, os empresários, fazer campanha e estimular as pessoas a estudarem, porque é uma oportunidade ímpar. Eu acho que, se nós fizermos uma história das pessoas que estão aqui, formadas em Santo Augusto, todas ou pelo menos a maioria teve grandes dificuldades se deslocando de casa para outras cidades, morar em cidade para cursar a universidades com um custo que muitas vezes era difícil de ser pago. E, hoje, estamos de parabéns, somos muito privilegiados por isso.

JC – Qual sua avaliação das pessoas que tiveram a iniciativa de buscar a instalação do campus do IFFar para a cidade?

João – Na verdade, nós santoaugustenses somos privilegiados com pessoas de grande liderança, seja na política, seja em outros segmentos também. Em nossa Região com características essencialmente agrícola, ligada à produção primária, tínhamos as nossas instituições de ensino sempre muito fora. Então, queríamos trazer um curso que desse a formação de mão de obra. Inclusive, na ideia inicial, não se pensava em agronomia, não se pensava em cursos superiores, pensava-se em cursos técnico-profissionalizantes, que era exatamente a necessidade para o desenvolvimento regional. Sentia-se isso. Aí, graças às nossas lideranças políticas e lideranças comunitárias, conseguimos fazer esse grande movimento e buscar uma verba junto ao governo federal para a estruturação dessa escola.

Também, se discutia muito como manter essa escola, como manter essa construção, essa ideia. Eu lembro que se fez muito movimento, as lideranças políticas daqui, vários prefeitos e vereadores da Região que trabalharam nesse projeto. Contudo, às vezes se fazia alguma reflexão: como vamos manter esse grande empreendimento? Nós vamos construir e depois como vamos manter um professorado, um corpo docente técnico e capaz de trazer essas informações tecnológicas? E, depois, graças ao surgimento de uma ideia, de um projeto de governo federal, que resolveu encampar esses projetos, aí foi a redenção.

Agora, se nós não tivéssemos feito o projeto inicial, criado essa ideia inicial de trazer um instituto profissionalizante, nós não teríamos o IFFar aqui hoje e, possivelmente, seria em um outro município, numa outra Região. Então, muito mérito às pessoas que realmente lutaram, e que são inúmeras dentro da nossa comunidade. Acho que a comunidade, o jovem que hoje está tendo essa oportunidade tem de refletir sobre isso e agradecer essa oportunidade que está tendo de estudar aqui, com um custo zero praticamente, uma possibilidade que antes não se tinha na Região.

 

 

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