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Mulher leva cantada de funcionário de banco e juiz vê como aceitável

Para juiz, uma proposta de encontro "não pode ofender moral de homem comum" (Foto: Reprodução/RBS TV)

 

 

Homem pegou telefone da mulher após ela procurar agência em Erechim. 

Em mensagem, pediu para fazer sexo com ela; mulher foi à Justiça.

 

Uma mulher procurou a Justiça após ser assediada por um funcionário de um banco em Erechim, no Norte do Rio Grande do Sul. Pelo número de telefone fornecido por ela, o homem mandou uma mensagem "pedindo para fazer atos sexuais", explicou a mulher para a RBS TV (veja o vídeo). Ela procurou a gerência do banco Itaú, que, segundo ela, nada fez. Por isso, recorreu à Justiça. A decisão cabe recurso.

 

Leia a íntegra da mensagem:

"Oi, _. Tudo bem? É o _ do _.

Lembra que atendi hoje?

Mando esta mensagem para saber ser você está solteira. Te achei tri gata"

Fiquei afim de ficar com vc.. e quem sabe se rolar um sexo bom. Vou ficar aqui a semana toda.

Há possibilidade?

Beijo."

Entretanto, a mulher se surpreendeu quando o juiz avaliou o pedido de indenização como uma tentativa de tirar benefício financeiro da situação. Ele também afirmou, na sentença, que 'cantada' seria uma conduta aceita e tolerada pela sociedade.

Entre os argumentos, o juiz ainda disse que "as conquistas das mulheres na luta pela igualdade evoluíram e que, portanto, uma proposta de encontro sexual não pode ofender a moral" de alguém. Em primeira instância, a jovem também foi condenada a pagar os honorários do advogado do banco.

"Eu me senti quase um lixo, desamparada totalmente, sabe? Um cara que estudou pra defender uma pessoa chegar e dizer que eu tenho culpa do que aconteceu?", observa a mulher, que preferiu não se identificar.

O advogado da vítima, Luciano Campagnolo, disse que não esperava "uma sentença nesses moldes". "Essa mensagem, com cunho sexual, restou por ferir direitos de personalidade, em especial a questão da honra, da autoestima, da intimidade", complementa.

A defesa da jovem, então, recorreu ao Tribunal do estado, e o processo foi invertido. A decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) obrigou o banco a pagar R$ 8 mil por danos morais. E a desembargadora avaliou o discurso do juiz como fora dos padrões, extremamente grosseiro e até discriminatório.

"Estou feliz agora. Que isso não aconteça com outras pessoas", desabafa a vítima.

O banco Itaú não quis se manifestar sobre a decisão, e ainda não informou se vai recorrer à Justiça. O funcionário que protagonizou o assédio foi demitido.

Mulher foi ao banco pedir um cartão

A mulher conta que foi até o banco para pegar um cartão. "Eu só passei, peguei a senha, passei na frente e pedi pra ele que eu queria um cartão. Ele pediu telefone, CPF, nome. Foi meio brincalhão, sorridente."

Ela conta que, em seguida, o homem mandou uma mensagem para seu celular. "Eu achei um pouco grosseiro da parte dele, pedindo pra fazer atos sexuais, falando coisas como se ele me conhecesse a vida inteira."No dia seguinte, ela procurou o gerente da agência para denunciar a situação. E foi aí que as atitudes começaram a surpreendê-la. "Eu só ia falar com o gerente pra ele dar uma advertência, falar, pra não acontecer com outras pessoas."

Depois que o gerente pediu pra ela apagar a mensagem e deixar a agência, a jovem entrou na justiça. Pediu indenização por danos morais e pela violação dos dados cadastrais que ela forneceu ao banco. E foi quando se deparou com o juiz que entendia que a 'cantada' era aceitável.



A psicóloga Daniele Mioto reforça que as mulheres precisam ir atrás dos seus direitos. "Nós, mulheres, não temos a necessidade de aceitar coisas que nos faltem com o respeito. Da mesma forma que um homem não vai aceitar coisas que o faltem com respeito." G1 RS

 

 

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