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Mourão quer fim do serviço público estável

AO DEFENDER PROFUNDA reforma do Estado, candidato a vice de Bolsonaro é festejado por cerca de 2,5 mil pessoas em Bagé

Recebido aos gritos de “mito” e tendo na mão um rebenque como o usado por ruralistas para hostilizar militantes petistas em março, durante a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Rio Grande do Sul, o candidato a vice de Jair Bolsonaro (PSL), general Hamilton Mourão (PRTB), palestrou ontem à noite para cerca de 2,5 mil pessoas que ocuparam um pavilhão da Associação Rural de Bagé. Mourão defendeu a revogação da estabilidade no serviço público e uma profunda reforma do Estado, com prioridade a saúde, segurança, educação e agronegócio.

– Por que uma pessoa faz um concurso e no dia seguinte está estável no emprego? Ela não precisa mais se preocupar. Não é assim que as coisas se comportam. Tem que haver uma mudança e aproximar o serviço público do que é a atividade privada – pregou Mourão, para uma plateia eufórica.

Comparando o Brasil a um “cavalo maravilhoso que precisa ser montado por um ginete com mãos de seda e pés de aço”, Mourão criticou o que considera travas para o país, como a elevada tributação, o excesso de leis, o “ambientalismo xiita” e a “hegemonia do politicamente correto”.

– Temos uma crise de valores, resultado de mais de 30 anos de processo de desconstrução da identidade nacional provocada por uma intelectualidade. Perdemos a alegria de brincarmos um com os outros – reclamou.

Para Mourão, a educação virou guerra ideológica. Reclamando do ensino ministrado ao neto de 10 anos, que tem aulas de filosofia, pregou a adoção de valores morais. Ele também defendeu investimentos pesados em infraestrutura, logística e o uso da tecnologia para aproximar o Estado da população.

– Por que preciso gastar dinheiro com uma campanha de vacinação? Todo mundo tem celular, basta mandar uma mensagem: “vacine seu filho hoje” – exemplificou.

O general propôs uma reforma política que diminua o número de partidos e adote o voto distrital. Criticou os governos Lula e Dilma Rousseff, disse que “a democracia, por pior que seja, ainda é o melhor de todos os sistemas” e falou que Bolsonaro está numa missão cívica:

– Ele não está nisso pelas próximas eleições. Ele está nisso pelas próximas gerações.

Aplaudido a cada vez que criticava partidos e políticos de esquerda, Mourão disse que o Brasil não corre o risco de se tornar uma Venezuela porque as Forças Armadas não serão cooptadas pelo comunismo. Citando os sucessivos escândalos de corrupção, pediu o fim do foro privilegiado e uma reforma na lei penal que garanta “direitos humanos a humanos direitos”.

ANTIPETISMO ATÉ NA LISTA DOS SINDICATOS RURAIS

O general discursou por quase 50 minutos. Ao final, citou o lema estampado na bandeira nacional para salientar que “o governo tem que fornecer a ordem, e cada indivíduo, o progresso”, sendo ovacionado pelo público e aplaudido em pé.

Antes da palestra, reuniu-se a portas fechadas com alguns presidentes de sindicatos rurais e autoridades da região. No mesmo salão onde em 15 de março havia sido organizada a reação hostil à visita de Lula, na primeira parada de sua caravana pela região, o vice de Bolsonaro foi aplaudido de pé pelas quase 300 pessoas que lotavam o local. Na parede, o antipetismo era expresso até mesmo na lista dos 14 sindicatos rurais presentes. No lugar do número 13 ao lado da décima terceira entidade, havia a soma 12+1.

Do lado de fora, aguardava Mourão um Landau 1972, veículo que pertenceu ao ex-presidente Emilio Garrastazu Médici, natural de Bagé. Antes de embarcar no carro, o candidato falou à imprensa. Disse que não iria falar sobre a foto postada mais cedo por um dos filhos de Bolsonaro, simulando a tortura de um opositor do candidato.

– Não vi a foto, então não vou comentar. A partir do momento que você se torna candidato, tem que tomar cuidado com algumas coisas que diz – afirmou, referindo-se à relação com Bolsonaro e às polêmicas da campanha.

Mourão recebeu do prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PTB), um rebenque e uma foto tirada de um ginete durante os protestos à caravana de Lula, em março, quando ruralistas e petistas entraram em confronto na cidade. Na ocasião, os produtores usaram esse tipo de instrumento, utilizado em animais, para agredir os simpatizantes de Lula.

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