Por Gazeta do Povo
Alexandre de Moraes pediu pressa a Zanin. Mesmo com sustentações orais relativamente rápidas dos advogados do núcleo 1, o relator quer mais duas sessões extras. Veremos o STF se debruçar sob Bolsonaro até o final dessa semana. Qual o motivo da pressa? Moraes dirá que o motivo é Braga Netto, já que todo processo com réu preso deve correr em seus trâmites.
Mas há algo subjacente: enquanto o julgamento avança, avança também um projeto de jornalismo investigativo que expõe diversas mensagens no mínimo controversas contra o ministro. Agora, um escândalo parece extrapolar as paredes certamente finas do Supremo: em uma das mensagens vazadas, lê-se claramente:
“a PF que está com esse celular é a PF confiável?”
Contato identificado como “Letícia TSE”
Se antes, no debate público, o tema era “ABIN paralela”, teremos agora que começar a falar em PF paralela?
Enquanto Moraes se apressa, saúde de Bolsonaro preocupa
Uma mancha suspeita na pele é sempre sinal de alerta. Jair Bolsonaro encontrou uma dessas. A necessidade de retirada de uma amostra para análise já tem pedido médico. Mas há um entrave: Alexandre de Moraes, já que ara deixar a prisão domiciliar e ir para a necessária cirurgia, é necessário que o ministro autorize. Haverá a autorização?
Recentes precedentes da “jurisprudência alexandrina” nos mostram que, para Moraes, todo cuidado ainda é muito pouco. Ainda está fresca na memória a imagem de 35 policiais escoltando um preso do 8 de janeiro para ir ao velório da avó.
A saúde preocupa ainda mais os familiares. A idade avançada de Jair não fez com que Moraes aliviasse a barra. O ministro, aliás, tomou as precauções um tanto quanto curiosas para que o idoso em questão, que enfrenta problemas frequentes de saúde, não possa pular o muro para fugir de casa. Cresce na direita, com efeito, a sensação de injustiça.
E se (e é dado como certo por muitos) Bolsonaro for condenado?
O 7 de setembro na avenida paulista sedimentou a sensação da direita de que Moraes é um ditador. Até mesmo Tarcísio, sempre acusado de moderado demais, resolveu soltar o verbo (não sem enfrentar, depois, um deputado petista acionando o STF pela fala). A fala de Michelle Bolsonaro, carregada de choro, fez chorar milhares. Junto com a indignação pela apreensão de cadernos religiosos de Silas Malafaia, forma-se o cenário para a população conservadora: Bolsonaro não pode ser preso.
Do outro lado, lá no Supremo, o raciocínio é o inverso (e antes mesmo da instrução terminar): Bolsonaro precisa ser preso. Está configurada a tensão que pode estourar em atos jamais vistos. A iminente prisão de Jair Bolsonaro tem tudo para incendiar seus apoiadores, fazendo-os tomar as ruas como nunca antes. O STF monitora, mas diante da sentença já pronta, não tem o que fazer. Prender as centenas de milhares que saem de casa para protestar pacificamente seria sem dúvida um atestado de regime ditatorial, risco que nem Moraes quer cometer.