Algumas entidades do tradicionalismo gaúcho incluem nas programações da Semana Farroupilha a “missa crioula”. É o caso do CTG Carreteiro dos Pampas, de Santo Augusto, que na noite de ontem (14/09), em sua sede social, levou a efeito a “missa crioula”, celebrada pelo Cônego Jocemar Fontana, pároco local. Mas, o que é a Missa Crioula? Ela é uma missa católica, com o mesmo sentido espiritual e religioso, só que com a linguagem adaptada com símbolos gaúchos. Foi idealizada nos anos 1960 pelos padres Paulo Aripe e Amadeu Canelas que solicitaram autorização ao então bispo da Diocese de Porto Alegre Dom Vicente Scherer e ao Papa Paulo VI. Em 7 de abril de 1967, o Arcebispo aprovou para “ocasiões extraordinárias” o texto da Missa Crioula elaborado pelos padres Aripe e Canelas. Porém, a primeira missa crioula foi celebrada no Alegrete no dia 28 de fevereiro de 1963. Na Missa Crioula, Jesus Cristo é chamado de “Divino Tropeiro”, Maria ou Nossa Senhora é a “Primeira Prenda Celeste”, o Espírito Santo é o “Divino Candeeiro” e Deus é o “Pai Celeste”.
Detalhes curiosos
Para oficiar a Missa Crioula, o Padre Paulo Aripe vestia a casula, que é aquela veste dos padres, mas por baixo estava com as pilchas. No altar ele tinha um cálice de ouro e guampa, uma obra feita pela Metalúrgica Abramo Eberle, e esse era um presente que ele havia ganho na sua ordenação sacerdotal. Inclusive, esse cálice deu uma baita polêmica no início, mas depois foi aceito pela Igreja. No lugar das jarras com água e vinho eram utilizadas cambonas feitas de guampa. Candieiros estavam no lugar dos castiçais com velas. E o altar era forrado com um pala rio-grandense.
No original, tem um momento interessante da missa crioula que é a hora em que é lembrado a Revolução Federalista, o conflito entre maragatos e chimangos. Como um ritual religioso, a missa busca a paz entre os irmãos gaúchos, por isso na hora da oração, são depostas as armas e um lenço branco e um vermelho são entrelaçados numa cruz em sinal de união (ver foto no tópico anterior).