‘Médico disse que ele poderia perder as duas mãozinhas’, diz conselheira tutelar sobre adolescente que relatou ter sido queimado no fogão no RS

Investigação aponta que as lesões do adolescente de 15 anos evoluíram para um quadro infeccioso grave, com risco de amputação.

Por G1 RS

A conselheira tutelar que atendeu o caso do adolescente que relatou ter as mãos queimadas pela mãe diz que ficou “sem chão” com o episódio. Segundo Karina de Vargas Barbosa, a situação do menino de 15 anos causou impacto até nos médicos que fizeram o primeiro atendimento.

“Eu não conseguia olhar, fiquei sem chão. Quando o médico disse que ele poderia perder as duas mãozinhas, foi quando nos chocou. Uma mãe que tem que proteger um filho, né? Fazer uma crueldade dessas…”, relata a conselheira tutelar.

 

A mãe do adolescente foi presa preventivamente nesta quinta-feira (2) em Balneário Pinhal, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, suspeita de tortura. Segundo a Polícia Civil, além das queimaduras, o menino teve sal aplicado nas feridas, o que teria agravado o sofrimento do adolescente.

O caso veio à tona após a escola do adolescente comunicar a ausência dele por 10 dias. Assim que retomou os estudos, o estudante estaria com as mãos enfaixadas e teria relatado para a escola que havia sido queimado pela mãe em um fogão, como forma de castigo por supostamente ter furtado um vizinho.

De acordo com outra conselheira tutelar que atendeu o caso, o menino tentou explicar as queimaduras sem citar a mãe em um primeiro momento, mas depois contou a história que levou à prisão preventiva.

“Ele disse que tinha queimado na gordura da banha do fogão. Só que ele estava muito nervoso, então eu perguntei: ‘tu tem mais algo para falar?’ Aí ele disse: ‘então vou falar a verdade, minha mãe queimou’. Ele disse que a mãe ligou os dois bicos do fogão, desligou quando estava bem quente, colocou as mãos dele em cima e apertou bem forte. E aí queimou”, conta Maria Elaine de Almeida.

No hospital, foram identificadas queimaduras de terceiro grau nas duas mãos, além de sinais de infecção avançada e odor característico de necrose.

A mãe foi localizada no bairro Magistério e encaminhada ao sistema prisional após os procedimentos legais. A prisão aconteceu durante a terceira fase da Operação Elo de Proteção, que tem como objetivo reforçar o combate a crimes contra pessoas em situação de vulnerabilidade.

A mulher deve responder, durante a investigação, pelos crimes de tortura e omissão de socorro. O adolescente permanece internado e segue em tratamento para recuperação das lesões e da sensibilidade das mãos.

Filho relata ter sido queimado no fogão pela própria mãe, diz polícia — Foto: Divulgação/ Polícia Civil

Filho relata ter sido queimado no fogão pela própria mãe, diz polícia — Foto: Divulgação/ Polícia Civil

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