Juliana Brizola intensifica articulações para concorrer ao governo do RS

Pré-candidata busca se viabilizar para construir uma aliança em torno de sua candidatura, dialoga com quadros e partidos, mas tem difícil cenário para superar

Por Correio do Povo

Neta de Leonel Brizola é o principal nome do partido para eleições 2026
Neta de Leonel Brizola é o principal nome do partido para eleições 2026 

Juliana Brizola (PDT) entra, efetivamente, em pré-campanha ao governo do Rio Grande do Sul. Seu bom desempenho em pesquisas eleitorais tem gerado empolgação entre os pedetistas. O cenário, porém, não é exatamente favorável e o principal desafio deve ser a capacidade de formar uma coligação de estofo.

O vice-governador Gabriel Souza (MDB) já está em pré-campanha para a sucessão do governo Eduardo Leite (PSD). O próprio PSDB, ex-partido do governador, lançou a ex-prefeita de Pelotas Paula Mascarenhas. Jair Bolsonaro definiu o deputado federal Luciano Zucco como candidato do PL. O PP tem dois pré-candidatos, mas é disputado pelo centro e pela direita para uma composição. À esquerda, o PT não deve abrir mão de cabeça de chapa e tem os nomes de Edegar Pretto e Paulo Pimenta. Há, portanto, pouco espaço para negociação.

“Eu considero importante (uma candidatura própria). Outros entendem que o partido tem o projeto de superar a cláusula (de barreira). Sozinho, não se vai em festa. Tem tempo. Não devemos desestimular a campanha da Juliana, nem bater o martelo. Mas não tem como concorrer sozinho, ela precisa se viabilizar em uma coligação. No horizonte, temos a candidatura da Juliana e uma composição com o governo (Leite)”, sintetizou o deputado federal Pompeo de Mattos.

Existe internamente quem defenda com mais ímpeto uma aliança com o Palácio Piratini, principalmente na bancada estadual, que é base de Leite desde o primeiro mandato. O PDT também conta com duas secretarias de Estado e um dos pontos negativos de uma candidatura própria seria a indisposição de romper com o governo.

A própria Juliana, contudo, está tratando de aparar as arestas. “Eu conversei com o governador Eduardo Leite. Sou grata por ter me apoiado à prefeitura (de Porto Alegre). Fui dizer que a minha campanha não é contra ele, nem contra o governo. E que nada impede que, lá na frente, possamos conversar. Depois, fui chamada para conversar com o Gabriel (Souza) no Palácio. Me mostrou indicadores, que as pesquisas que eles fazem são muito positivas para mim”, relatou ela.

A neta de Brizola tem circulado o Estado para conversar com as bases do partido. No final de semana, por exemplo, viajou a Pelotas. “A candidatura própria tem um infinidade de vantagens para o partido. A base sempre prefere. Por mais que o partido esteja num governo ou no outro (Leite, por exemplo), nunca é a totalidade do partido que concorda. E as pesquisas empolgam”, disse.

Já se colocando como pré-candidata ao Piratini, Juliana tem intensificado também as articulações com diferentes partidos e figuras políticas do RS. “Quero abrir as portas para conversas mesmo quem pensa diferente. Fui à Assembleia Legislativa para conversar com minha bancada e acabei indo nos gabinetes de outros deputados, como o Frederico Antunes (PP) e o Delegado Zucco (Republicanos). Também conversei com a Manuela d’Ávila, com o Paulo Pimenta, Edegar Pretto, Tarso Genro (todos do PT), com o Avante, com o (Marcelo) Maranata (prefeito de Guaíba do PDT, cotado para se filiar no PSDB).”

À reportagem, a neta de Leonel Brizola chegou inclusive a falar de frente ampla da centro-esquerda – ideia revivida a cada dois anos no Rio Grande do Sul ou em sua capital, mas que nunca saiu do papel. “Nunca é tarde para se tentar de novo e quantas vezes forem necessárias. Aos moldes do Uruguai (Frente Amplio). A reunião no Instituto Novos Paradigmas, que o Tarso preside, foi nesse sentido. Participaram o PT, o Lupi, a Manuela, o Matheus (Gomes) do PSol, o PCdoB. Falta bastante tempo para a eleição e acho que a partir de agosto as direções partidárias vão começar intensificar as conversas”, afirma Juliana.

O retrospecto do PDT em disputas recentes pelo Piratini é extremamente negativo. O melhor resultado foi com o ex-prefeito de Canoas Jairo Jorge, que pontuou 11,08% em 2018, coligado com seis partidos nanicos. Em 2022, Vieira da Cunha teve só o Avante como aliado e recebeu insignificante 1,6% dos votos. Em 2014, com o extinto DEM e mais três, fez 4,27%. Em 2006, o único governador gaúcho do PDT na história, Alceu Collares, concorreu sem aliados e obteve 3,71% dos votos.

  | Foto: Arte: Leandro Maciel / PDT

Pré-campanha na rua

As eleições começam cada vez mais cedo no Brasil e Juliana já vai colocar em prática sua pré-campanha para viabilizar uma candidatura. Para isso, chamou Tiago Brum para coordenar sua comunicação. Ambos se reuniram com Lupi durante a passagem do presidente nacional do PDT em Porto Alegre.

“Estamos iniciando um trabalho. Conversamos sobre o pleito que se avizinha. É muito cedo, mas vamos começar uma preparação agora. A Juliana e o partido têm o desafio das articulações para coalizões, mas ela figura na pesquisa. Temos a grande responsabilidade de manter esses índices. Foi despertado algo muito positivo em torno da imagem dela (na campanha à prefeitura) e nosso trabalho é alimentar isso”, afirmou Brum.

 

 

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