Na semana passada, o Governador Eduardo Leite fez mais uma escala do seu périplo mundial. A verdadeira caravana de mais de 40 pessoas, ao custo de mais de R$ 500 mil, passou pela Europa, fez escala nos Estados Unidos e seguiu rumo ao Japão e China. Tudo isso financiado pelos cofres públicos. Durante sua visita à cidade de Nova Iorque, o Governador participou de um curso sobre o enfrentamento ao crime organizado e, depois, fez uma visita ao famoso Departamento de Polícia de Nova Iorque.
Eduardo Leite e o “fantástico mundo da segurança pública do RS”
Aflorando sua veia de influencer digital, o Governador recheou suas redes sociais, no Instagram e no Tik Tok, de vídeos em que mostrava toda sua qualidade de comunicador, mostrando o fantástico mundo da segurança pública do RS. Em um desses vídeos, Eduardo Leite anuncia sua participação no curso promovido pela Comunitas e pela Universidade de Columbia, onde apresentaria, nas suas palavras, o “case” de sucesso do RS Seguro. Em sua apresentação no curso, Leite destacou que “O RS Seguro tem nos mostrado que é possível transformar a realidade com planejamento, uso de dados e trabalho integrado. Nossa experiência tem sido de fundamental importância para promover a segurança pública de forma ampla e eficiente, tocando diretamente na qualidade de vida das pessoas”.
Certamente, os participantes da exposição do Governador, saíram da palestra com a certeza de que a segurança pública do nosso estado vive em uma realidade semelhante às séries policiais que se passam em Nova Iorque. O Governador deve ter exibido slides que mostram policiais sorridentes, bem treinados e equipados, com bons salários e escalas de trabalho que permitem que tenham um descanso adequado, além de delegacias com alta tecnologia e instalações modernas.
A UGEIRM e o “mundo real dos policiais civis do RS”
Mas, infelizmente, a vida real é bem diferente das redes sociais. Para mostrar slides como esses, somente se o governador tivesse contratado atores profissionais e equipamentos cenográficos. A realidade concreta da Polícia Civil do nosso estado é completamente diferente. O que se vê, ao visitar as delegacias do nosso estado, são prédios sem a mínima condição de funcionamento, com gambiarras nas instalações elétricas, vazamento nos sistemas hidráulicos e goteiras por toda a parte. Em alguns casos, os próprios policiais têm que fazer a limpeza das delegacias, comprando os materiais do seu próprio bolso.
Policiais com sorriso no rosto, só se for de nervoso. Muitos (as) deles (as) fazem escalas de 24 horas seguidas, levando-os ao esgotamento físico e mental. Sem falar do sobreaviso, que acabou de ser legalizado, agravando ainda mais a situação dramática da categoria. Para completar, o Governador poderia apresentar um slide com as perdas salariais dos policiais gaúchos, registradas nos seus seis anos de governo. Quem sabe os norte-americanos, vendo os salários dos policiais gaúchos e os resultados alcançados, não fazem um convite para que a nossa categoria integre os quadros de algum grupo de super-heróis de Hollywood.
Enquanto o Governador Eduardo Leite apresenta o seu “mundo encantado da segurança pública”, os Policiais Civis têm que encarar a realidade nua e crua do seu cotidiano. O Vice-presidente da UGEIRM, Fabio Castro, tem visto essa realidade de perto: “nas reuniões que o sindicato tem feito pelo estado, o que vemos é uma polícia esgotada, encarando escalas de 24 horas, com salários cada dia mais defasados. Em cada local, temos a notícia de algum policial que largou a instituição em busca de melhores salários e condições de trabalho. É triste que tenhamos chegado a essa situação, onde o Governador cria uma polícia que é literalmente ‘para inglês ver’”.
O Presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, diz que espera que “o Governador, após se promover com o trabalho dos policiais em Nova Iorque, demonstre sua qualidade de influencer digital, e faça um vídeo para anunciar a data da publicação das promoções, o resgate da simetria com os capitães da BM, a regulamentação da Lei Orgânica e a concessão de um reajuste digno para categoria”.