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Entrevista – Vladimir Vetorato – Prefeito de São Valério do Sul

“A grande alegria que o prefeito tem é quando consegue ser útil para alguém, fazer alguma coisa para a comunidade. Isso é um troço muito gratificante”.

Os prefeitos eleitos nas eleições de 2016, e que tomaram posse em 1º de janeiro de 2017, já cumpriram metade do mandato, portanto já podem mostrar à que vieram. É chegado o momento de eles fazerem autoavaliação dos dois anos de governo, de refletir, manter, melhorar ou aperfeiçoar as ações bem-sucedidas, mas também, de corrigir os erros, rever as metas traçadas e que lhes renderam o voto de confiança do eleitor, e, na medida do possível, tentar realizar o que ainda não foi feito.

Para discorrer sobre seus dois primeiros anos de mandato, o prefeito Vladimir Vetorarto (PT), de São Valério do Sul, falou ao jornal O Celeiro/Atualidades.

– Prefeito Vetorato, o senhor poderia discorrer sobre as ações desenvolvidas nos dois primeiros anos de seu mandato, comparadas às metas do plano de governo?

O primeiro compromisso era com nosso programa de governo e foi um grande aprendizado, porque conhecíamos muito pouco do serviço público, mas aprendemos bastante e procuramos fazer o melhor. Pra governar se precisa fazer opções daquilo que é o razoável, preservando o dinheiro público. E assim procuramos fazer o máximo possível. Muitas coisas não são feitas, não por falta de vontade do prefeito, mas por algum empecilho de ordem legal. Chegamos lá com bastante cuidado e zelo pela coisa pública. Nos deparamos com um município até bem estruturado, mas com muitas obras inacabadas, faltando retoque final para que alcançassem o objetivo. Então, inicialmente procuramos fazer com que isso ficasse funcionando.

Água potável

Resolvemos problemas crônicos em algumas obras, por exemplo, a água, hoje, no município é 100% custeada pelo município, tanto o urbano quanto o interior. Todas as caixas d’água derramavam, colocavam água fora, por não ter equipamentos para desligar quando estavam cheias. Fizemos um grande investimento, modernizamos isso, hoje não acontece mais. Fizemos muitas melhorias nas redes d’água e continuamos a fazer, porque são redes muito precárias, era muito desperdício de água exigindo trabalho constante, então colocamos sistema de rádio em todas as caixas d’água, temos poços para fazer a ligação das bombas quando falta água e, quando as caixas estão cheias, antes de derramar, são desligadas automaticamente. Então, isso está funcionando muito bem hoje e já representou uma grande economia para o município, evitando o desperdício. Na comunidade indígena, que tinha um sério problema de água, nos primeiros seis meses de nosso governo, construímos uma adutora, fizemos chegar água em todas as torneiras na comunidade, e estamos mantendo isso lá.

Saúde

Na área da saúde, concluímos uma Unidade Básica de Saúde que, apesar de ter sido inaugurada, ainda tinha muito o que ser feito nela, e lá fizemos um grande investimento, e hoje está funcionando, atendendo toda a comunidade indígena que representa 50% da população do município.

Adquirimos vários veículos para a Saúde, ambulância nova com recurso oriundo da Câmara de Vereadores e do Poder Executivo, mais veículos novos para a Saúde. Recentemente adquirimos mais dois veículos. O posto de saúde recebeu vários equipamentos novos para poder atender melhor a comunidade. Temos procurado fazer isso na medida do possível, sempre com os pés no chão, sem alvoroços e nada, dentro das limitações financeiras do município e procurando dar o máximo possível para fazer com que a administração pública possa ajudar a comunidade.

Infraestrutura

Também, nesses primeiros dois anos, fizemos várias melhorias na infraestrutura do município, como pontes e bueiros. Construímos muitos bueiros, uma infinidade, uma vez que para fazer estradas é preciso se fazer bueiros, desaguadouros. Enfim, investimos muito, e ainda faltam alguns que não estão prontos. Reformamos praticamente todas as pontes de madeira. Agora estamos construindo pontes novas, com recursos da Defesa Civil. Então, um dos nossos propósitos foi cuidar da infraestrutura, da logística do município, que é oferecer boas estradas, apesar de termos sofrido com as intempéries, mas, na medida do possível, temos atendido, procurado mantê-las com boa trafegabilidade.

Serviços essenciais

Temos mantido todos os serviços essenciais funcionando. Nosso município oferece muitos incentivos para a comunidade, principalmente no meio rural. Hoje, gastamos mais em horas máquinas, ajudando os agricultores, os produtores de leite, os produtores de suíno, do que propriamente na conservação de estradas. Fizemos, nos primeiros dois anos, mais de mil horas/máquina de caminhão, patrola, carregador. Fizemos em torno de oito terraplanagens para chiqueirão e construção de galpões para alimentação do gado leiteiro, sem cobrar um centavo do produtor. Para muitos, construímos redes de água, levando água com qualidade para as propriedades, e isso tudo com custo zero para os munícipes, o que já vinha sendo feito. Hoje, de consumo de água, se cobra uma taxa de R$ 28,00 por domicílio, independente do volume, onde o município arrecada com isso em torno de R$ 12.000,00 a R$ 13.000,00/mês, enquanto o gasto, no mês de dezembro, por exemplo, somente de energia elétrica, foi de mais de R$ 50.000,00. Então, tudo isso temos feito. Eu friso isso para que a comunidade saiba onde está indo seu dinheiro. “Eu acho que é obrigação do poder público ajudar a comunidade, porque é ela que mantém o município”.

Temos uma grande defasagem no IPTU, por exemplo, que há mais de oito anos não é corrigido. Em avaliação feita, entendemos que, no momento, ainda dá para nós suportarmos, apesar de tudo. Então, são coisas que a gente administra no dia a dia lá e, mesmo assim, estamos conseguindo manter serviços todos os serviços essenciais do município funcionando.

Investimentos

Para construção e grandes investimentos, depende de recursos tipo emenda parlamentar. Nós conseguimos emendas para duas patrulhas agrícolas que foram implementadas nesses dois anos, uma para a comunidade indígena, outra para os brancos, que são equipamentos que servem aos nossos produtores, com recursos de emendas, como é o caso das pontes conforme já dito, com recursos da Defesa Civil, governo federal. Para breve, vamos iniciar outras obras de infraestrutura, que são calçamentos na cidade, com recursos de emendas parlamentares.

Pés no chão

Então, estamos governando desta maneira, com aquilo que temos nas mãos, com os pés no chão, fazendo aquilo que a mão alcança, para o bem da nossa comunidade. Talvez não tenhamos conseguido fazer tudo aquilo que nos é solicitado, mas, procurando atender a todos os munícipes de maneira justa, um pouquinho para cada um, não deixando ninguém sem ser atendido em alguma coisa que nos solicitou junto à administração municipal e estamos levando, planejando mais dois anos mais ou menos nesse mesmo ritmo, com o objetivo sempre claro de manter de pé as finanças do município, manter o funcionalismo recebendo em dia, religiosamente em dia, o que eu vejo como fundamental. Não cometemos o equívoco de falar aquilo que a gente não possa cumprir. Somente vamos fazer aquilo que estiver ao nosso alcance, porque entendemos que, passando o nosso período de administração, devemos deixar o município de pé, para que outros prefeitos venham e possam seguir com a vida do município normalmente.

– Considera satisfatória a sua administração nos primeiros dois anos?

O prefeito, muitas vezes, vive uma grande angústia, porque as demandas são maiores do que suas capacidades. Mas já sabíamos disso, acho que o prefeito não deve usar isso como desculpa, porque quando se opta por se doar à vida pública, isso faz parte da regra, porque as pessoas têm todo o direito de reivindicar, de solicitar.

“O meu grande prêmio como prefeito foi o dia que a comunidade indígena solicitou uma audiência e chegou no gabinete pra me dar um abraço pela questão da água, que era um sonho antigo da comunidade”. “Só aquilo ali valeu pra mim os quatro anos moralmente, dá uma energia muito grande para continuar lutando”.

Muitas vezes temos frustrações, isso não tem como negar. Mas, a grande alegria que o prefeito tem é quando consegue ser útil para alguém, fazer alguma coisa para a comunidade. Isso é um troço muito gratificante. São muito poucos, mas, quando entra um cidadão no teu gabinete e vem agradecer, dar um abraço por uma conquista, alguma coisa bem resolvida, é uma emoção. O meu grande prêmio como prefeito foi o dia que a comunidade indígena solicitou uma audiência e chegou no gabinete pra me dar um abraço pela questão da água, que era um sonho antigo da comunidade. Então, só aquilo ali valeu pra mim os quatro anos moralmente, dá uma energia muito grande para continuar lutando. Então, tem experiências muito boas, porque “quando se consegue ser útil, que se resolve a situação de um cidadão, que ele reconhece e vem te agradecer, isso é muito gratificante, vale mais do que o dinheiro que você recebe no final do mês”.
– Quais são suas perspectivas para São Valério do Sul neste 2019?

Nós sabemos das dificuldades que passa o Estado do Rio Grande do Sul, passa o governo federal, mas torcemos para que as coisas se ajeitem, se organizem financeiramente e que o País saia da crise, e que possamos receber mais recursos para melhorar a qualidade do serviço, porque, a cada dia que passa, os prefeitos são chamados para assumirem tarefas que, na verdade, seriam do governo do Estado, do governo federal, e muitas vezes não vêm os recursos. Então, esse é o grande dilema de todos os prefeitos, não é o de São Valério. Nós torcemos para que as coisas se ajeitem, se organizem. São Valério precisa de muitas coisas, um sonho da comunidade é o asfalto, que até hoje muito já se falou, muito se lutou, continuamos lutando, mas entendemos que, se o Estado melhorar as condições financeiras e o País, talvez aí nós temos a oportunidade de conseguir. Sem isso, eu acho muito difícil. Mas, continuamos lutando, brigando para que isso venha, porque vai ajudar muito a nossa comunidade. Nós somos uma comunidade isolada hoje e carente de muitos recursos, dependendo de buscar em municípios vizinhos e precisamos de estrada boa. Então, a gente tem feito o possível e esperamos que as coisas se organizem no País, torcemos para que isso aconteça, novos governos, novas esperanças, porque isso vai nos ajudar nos municípios, não só São Valério, mas toda a Região.

E estamos otimistas, acreditamos que temos oportunidades, temos que lutar, continuar a luta, sem isso nada vai ser mudado, então, vamos torcer que as coisas sejam melhores dos que foram dois anos atrás.

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