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Entrevista com vereador Antônio Juarez Kowalski de Chiapetta

                                                                                                                                                                                                                                 Por Alaides Garcia dos Santos

 

 

“O segredo é ter simplicidade, ser a mesma pessoa sempre, antes, durante e depois da campanha eleitoral, isso marca muito para o eleitor”.

 

“Hoje, apesar dos investimentos, apesar das obras que estão sendo feitas, a população sente um certo desmando em relação às questões que não estão funcionando bem na Prefeitura”.

 

Antônio Juarez Kovalski(PMDB), é advogado, 52 anos, casado com Geiciara Guilhon Kowalski, tem um filho (Gabriel Guilhon Kowalski), natural de Três de Maio/RS, residente em Chiapetta desde o ano de 1986, vereador mais antigo do município, estando no 6º mandato consecutivo, reeleito em 2012 pela coligação “Unidos por uma Chiapetta Melhor” (PMDB/PT/PTB/DEM/PSB), para falar sobre os mais de 20 anos ininterruptos como vereador, concedeu a seguinte entrevista:

 

O que o levou a militar na política partidária e buscar cargo eletivo?

Me formei em 1985 e, no início de 86 passei a residir em Chiapetta e atuar pelo PMDB. O convite veio ao natural, os companheiros me procuraram para ser o secretário do partido, incumbência que aceitei. A convite do partido, em 86 fui candidato a vereador, sem sucesso, mesmo porque ainda era pouco conhecido no lugar.

 

Já são seis mandatos consecutivos. Qual é o segredo?

O segredo é ter simplicidade, ser a mesma pessoa sempre, antes, durante e depois da campanha eleitoral, isso marca muito para o eleitor. E também não prometer muito, porque o vereador não tem muito poder. O nosso poder é limitado. A maioria dos projetos, por força da própria lei, tem origem no Executivo. As atribuições do vereador são definidas em lei, ele não pode prometer nada, porque ele não tem poder para executar, dar emprego, saúde, asfalto, estradas, infraestrutura em geral, saneamento, isso tudo são atribuições do prefeito, e o vereador pode apenas reivindicar e fiscalizar. E o segredo é não prometer essas coisas, pois fatalmente vai ser cobrado e não vai ter como cumprir. Outra parte do segredo é continuar participando de tudo na comunidade, ser honesto com o eleitor e dizer pra ele: “olha, tal coisa eu não posso fazer, não vou poder fazer”. Daí, pelo menos, o eleitor não te cobra isso.

 

Ser de oposição e ser de situação, muda muito a forma de atuação do vereador?

Ser vereador de oposição é muito mais fácil, porque o papel do vereador é legislar, fiscalizar e julgar. Isso está no Regimento Interno, na Constituição, enfim, essas três funções. E essa função de fiscalizar que o vereador de oposição faz é muito importante e muito fácil de fazer. Já quando o vereador é da situação tem que compreender o prefeito que não pode fazer alguma coisa por falta de recursos, tem que ser tolerante, compreensivo, inclusive com relação a eventuais denúncias às vezes é um pouco mais difícil para o vereador de situação. Então, vereador de oposição é mais tranquilo.

 

Um fato marcante no decorrer desses mais de 20 anos de vereador?

Um fato que marcou muito na minha vida foi minha cassação, uma coisa negativa. Eu fui cassado como vereador por um motivo banal, um motivo que eu acho que não deveria causar uma cassação, porque não causei nenhum prejuízo ao município. Em 1993, quando eu assumi o primeiro mandato, antes disso, como advogado, eu patrocinava uma ação contra a prefeitura, numa desapropriação, e no dia 1º de janeiro, quando tomei posse, não lembrei daquela única ação em que eu advogava contra o município e o vereador fica impedido de advogar contra o município. Aí, uns três meses depois da posse vazou essa informação de que iriam me cassar por esse motivo e eu imediatamente fui lá e renunciei a essa procuração, que eu realmente não tinha me dado conta. Mas eu não havia recebido honorário algum, portanto não houve prejuízo para o município. Quando se aproximou das eleições seguintes, meus opositores, com maioria na Câmara, entenderam de me cassar, já que dispunham dos 2/3 de votos necessários.  Foi um lapso eu não ter me licenciado da ação, mas mesmo assim me senti injustiçado. Isso foi uma coisa que me marcou. Mas tem muitas coisas também que marcam a vida da gente e nesses vinte e poucos anos, entre elas o fato de hoje ser adversário de uma pessoa e  amanhã ou depois ser companheiro. A gente às vezes tem que se controlar muito, não se empolgar muito ao fazer oposição, porque tu faz oposição, tu denuncia um monte de coisa do prefeito, até práticas comuns de muitos prefeitos, aí, esse prefeito não vai responder naquele mandato, vai responder daqui a quatro ou cinco anos, quando ele já passa a ser teu companheiro. É coisa que tem acontecido com vários municípios aí e é um absurdo.

 

Como o senhor avalia o desenvolvimento e crescimento de Chiapetta nesse período?

Chiapetta não cresceu em termos de população. A população se manteve e, se não fosse a vinda de três assentamentos, seria bem menor o número de habitantes. Mas ela cresceu no sentido de qualidade de vida. Obras do tipo asfalto, maquinários, casas, isso aí a gente sente uma evolução constante nesse ponto, um melhoramento da cidade. Muitas pessoas foram embora, principalmente a juventude, em busca de empregos, de um salário melhor, assim como na agricultura teve muita gente que debandou pro Mato Grosso, pro Norte, pra outros municípios da nossa Região. Tem pessoas que também foram buscar condições melhores pra plantar, pra aumentar a produção. Isso aconteceu e vai deixando o município mais pequeno. Mas, Chiapetta está bem, quem não tinha uma casa agora tem e, no geral, as pessoas têm uma melhor qualidade de vida. Se não tem empregos, não tem indústria, não estamos numa posição geográfica que atraia grandes investimentos, a prefeitura é quem emprega mais e emprega só um lado, como acontece em outros municípios, e como se mantém no poder por muitos anos, o outro lado começa a ir embora. Isso eu tenho notado. Aí a necessidade de haver alternância no poder, o que não tem acontecido.

 

Quanto à gestão pública de seu município nesse período, qual é a sua avaliação nesse período?

O prefeito atual, Osmar, é um bom administrador. É um conhecedor dessa matéria. Ele já vem de muitos anos, inclusive como funcionário da prefeitura, como vereador e atualmente como prefeito. Ele é um cara que conhece os trâmites, os canais da busca dos recursos, dessa parte eu não tenho dúvida. Só que a reeleição é que estraga o prefeito. A gente sente que, no primeiro mandato, ele parecia ter uma autoridade maior. Hoje, apesar dos investimentos, apesar das obras que estão sendo feitas, a população sente um certo desmando em relação às questões que não estão funcionando bem na Prefeitura. E a reeleição não corrige isso. A população diz “ó, isso aí tinha que mudar”, mas o prefeito não vai se queimar por isso aí, ele já está saindo, ele já não quer comprar briga, ele vai deixar talvez pra um outro resolver. E isso tudo é uma questão da reeleição. Por exemplo: o grande número de funcionários. As pessoas às vezes até se surpreendem porque eu prego a demissão de servidores e eu prego realmente. Eu acho que hoje o candidato a prefeito de Chiapetta, no programa de governo, no primeiro item tinha que colocar “a redução da folha de pagamento” e, logicamente, a redução do número de funcionários, porque ia funcionar igual e com uma economia maior.

 

Como é a sua relação, enquanto vereador, com o prefeito municipal?

A minha relação é ótima com o prefeito, inclusive de amizade. O meu problema maior é com relação à política partidária, porque eu continuo no PMDB, eu nunca mudei de partido. Fui candidato pela coligação PMDB-PSB e votei no candidato da coligação PP-PDT, que é o atual prefeito Osmar. Em 2012 estava praticamente definido que eu seria candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo Osmar Kuhn (PP). Em razão disso passei a ter uma relação mais próxima com o PP e com Osmar, inclusive já tinha ido com ele em casas de eleitores, me declarando candidato a vice, uma vez que tinha o aval do meu partido. Mas, inesperadamente, na última hora, o companheiro Neri resolveu concorrer a prefeito. Fiquei numa situação desconfortável, complicada, que eu nem imaginei que iria acontecer dessa forma. Mas mantive meu apoio ao PP.

 

Sairá candidato na chapa majoritária nas eleições do próximo ano?

Acredito que não. Eu nunca tive essa aspiração e nem é o meu perfil ser candidato. Mas, a gente não sabe o que vai acontecer numa próxima eleição, a princípio, eu não sou candidato a nada na próxima eleição. Agora, o político tem que aprender e eu, apesar de estar a tanto tempo na política, preciso aprender mais, porque, às vezes, a gente fala mais pelo partido do que pela gente propriamente. Por exemplo, eu não posso te dizer o que vai acontecer, eu vou te dizer por mim, se vai haver coligação ou não, se vai haver candidatura própria, nada está descartado, isso é uma decisão que tem que ser em conjunto, o partido é que toma as decisões em conjunto. Hoje, nós do PMDB estamos com um partido forte e num momento bom de ganhar a eleição, porque a candidatura do PP não é tão forte quanto era na época e o partido está um tanto desgastado pelo tempo em que está no poder e a gente sente no dia a dia o povo pedindo uma mudança.

 

Em sendo retomado essa possibilidade de coligação PMDB-PP, o senhor concorrerá a prefeito ou a vice?

Tudo está nas mãos do partido. Eu não vou buscar isoladamente a coligação e não vou dizer também que o partido tem que concorrer por conta própria. Eu acho que é uma questão de reunir todos os companheiros e decidir em conjunto.

 

No caso do PMDB participar de um possível frentão envolvendo vários partidos, o senhor aceitará concorrer a prefeito?

Na eventualidade disso vir acontecer e houver o interesse e o pedido unânime dos partidos membros, vejo que seria muito difícil eu me negar, seria covardia. Em política, às vezes a gente tem que abrir mão da vontade própria, dos planos pessoais para atender ao pedido da grande maioria dos companheiros, mas certamente eu imporia algumas condições.

 

E quanto a mercantilização do voto?

A gastança nunca deu certo na política e nunca vai dar. Aquele que vende o voto para um candidato é o mesmo que vende para outro candidato. Os políticos têm que isolar esse tipo de eleitor. É uma atitude irregular, ilegal, tanto do eleitor que vende quanto do candidato que paga pelo voto. Isso tem que ser evitado.

 

Considerações finais

Eu gostaria de fazer mais, mas a atividade do vereador é limitada. A nós cabe apenas legislar, fiscalizar e julgar. Nem mesmo propor projetos que impliquem em aumento de gastos nós podemos, porque isso é prerrogativa do Executivo que, inclusive, já manda os projetos prontos. Então, nosso trabalho não depende de curso nenhum, não depende de nada; exige, sim, consciência. 

 

 

 

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