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Entrevista com Sebastião Raife Cardoso, Gestor do Hospital Bom Pastor

“Conseguimos findar o exercício de 2015 dentro do que estava programado, resgatando a credibilidade com os nossos colaboradores, nossos funcionários, profissionais médicos, de enfermagem, de administração, enfim, de todos os setores do hospital”.                  

 

Diretor Executivo da empresa Exatus Consultoria, Sebastião Raife Cardoso, responsável administrativo e gestor do Hospital Bom Pastor de Santo Augusto, relata sobre os primeiros cinco meses de sua gestão administrativa, apresentando resultados satisfatórios e dentro da previsibilidade. Eis a entrevista:

Por Alaides Garcia dos Santos – JC

 

O Celeiro –Ao assumir a gestão do Hospital Bom Pastor no início de agosto de 2015 o senhor anunciou inúmeras metas a serem cumpridas a curto prazo, o que gerou expectativas. Como foram esses cinco primeiros meses de gestão?

Raife – Quando assumimos a responsabilidade da administração do hospital, sabíamos das dificuldades que encontraríamos, especialmente na questão financeira, mas, apesar de algumas ainda persistirem, conseguimos findar o exercício de 2015 dentro do que estava programado, resgatando a credibilidade com os nossos colaboradores, nossos funcionários, profissionais médicos, de enfermagem, de administração, enfim, de todos os setores do hospital. No dia 20 de novembro, conseguimos pagar o 13º salário integralmente para todo o quadro de colaboradores e, no dia 23 de dezembro, antecipamos o pagamento da folha da competência de dezembro. Conseguimos quitar, inclusive, os honorários médicos que vinham com uma lacuna de atraso de quatro meses.

Também colocamos em dia o pagamento dos nossos fornecedores, com quem havia dívidas ainda de fevereiro de 2015. Isso nos causou uma tranquilidade de poder planejar de forma diferente a instituição. Pra atender as necessidades da legislação, conforme o Departamento de Vigilância do Estado exige, iniciamos as obras do ambulatório, que é o pronto atendimento, o espaço onde são atendidas as emergências. A reforma interna já está bem avançada e será concretizada esta semana. O mobiliário e os equipamentos de primeiros socorros, urgência e emergência foram todos adquiridos novos e no próximo sábado, máximo segunda-feira, estarão todos instalados. A equipe, então, já estará trabalhando nesse novo ambiente, com esse novo aparelhamento. É um avanço que conseguimos. Preocupados com a segurança de nossos colaboradores, ainda efetivamos um contrato de seguro de vida junto à instituição bancária Banrisul, com cobertura na ordem de R$ 1.170.000,00. Por outro lado, conseguimos receber parte do que o Estado tinha a nos pagar. Temos ainda uma dívida a receber da Secretaria do Estado em um montante que gira em torno de R$ 400.000,00 a R$ 420.000,00, mas estamos conseguindo manter a instituição com isso. Temos alguma reserva de caixa e já conseguimos quitar mais de 85% da dívida que inicialmente estava em torno de R$ 2.380.000,00. Trabalhamos agora para apresentar, no final de janeiro, mais tardar na primeira semana de fevereiro, a previsão orçamentária para 2016, que deverá ser muito superior à de 2015. Conseguimos também trabalhar junto à Secretaria Estadual de Saúde mais dois ambulatórios de especialidades, um em cirurgia geral e outro em cirurgia de urologia. Então, serão mais trinta cirurgias cada ambulatório por mês e mais quatrocentos e oitenta consultas, todos pelo SUS. Toda a documentação já está pronta, o projeto encaminhado e aprovado pela 17ª Coordenadoria Regional de Saúde, com parecer favorável e em tramitação junto ao Departamento de Atenção Hospitalar do Estado do Rio Grande do Sul. A expectativa é de assinatura do novo aditivo do contrato em fevereiro, o que ajudará a incrementar a receita do hospital.

 

O Celeiro –E a qualificação anunciada?

Raife –Procuramos primeiramente qualificar o hospital como um todo, na sua forma da gestão. Por outro lado, constituímos um Conselho Gestor, com representantes de cada setor e reuniões setoriais, para identificação e solução dos problemas. Agora no mês de janeiro, uma equipe da Hospidata, empresa de Porto Alegre que nos fornece o programa de informação, iniciará o treinamento de cada setor. Em fevereiro, faremos o treinamento de urgência e emergência da equipe que ali trabalhará. Inclusive ampliamos o quadro de enfermeiros desse setor, implantamos a chamada “Classificação de Risco” conforme preconiza o protocolo de Manchester e, pela primeira vez na história, o hospital está trabalhando com plantão médico presencial 24 horas. Fizemos, portanto, a reorganização administrativa, a reorganização financeira, o equilíbrio econômico do hospital para podermos investir mais na qualidade do nosso serviço, ou seja, para termos uma equipe qualificada, equipada, aparelhada, com bom ambiente de trabalho e com profissional médico de forma presente para atender toda a urgência e emergência que chegar. 2016 entra, assim, com esse trabalho diferenciado, plantão médico presencial. Não significa dizer que os pacientes não estavam sendo atendidos quando procuravam a instituição anteriormente, mas havia demora no atendimento, problema que acabou. Hoje, o paciente vai chegar e, se for urgência, será atendido na hora. Vai haver o acolhimento, a classificação e, a partir daí, a tramitação no atendimento. É uma novidade que acabamos trazendo neste início de ano para bem atender a nossa população.

 

O Celeiro –E o andamento da ampliação da estrutura física do hospital?

Raife –Como o prédio, a estrutura física é do Município, os recursos vieram via Fundo Municipal de Saúde, estão depositados numa conta específico da Prefeitura em nome desse Fundo e são suficientes para toda a obra, que já está cerca de 60% concluída. A empresa responsável tem contrato até julho, mas, devido às intercorrências de chuva, talvez não consiga entregar a obra nesse prazo, por isso, a expectativa que temos é de utilização do novo espaço até o final do ano.

 

Ampliação da estrutura física do hospital

 

Além dessa ampliação do espaço físico, também trabalhamos um projeto junto ao Ministério da Saúde para aquisição de equipamentos, o que contou com o apoio dos Deputados Jerônimo Goergen com a indicação de R$ 1.000.000,00, Pompeo de Mattos com R$ 400.00,00 e Darcísio Perondi com R$ 300.000,00. O contrato para liberação desses recursos foi assinado no último dia 29 de dezembro e, segundo o Ministério da Saúde, já estão empenhados e devem chegar à conta do hospital em meados de março. A partir daí, inicia o processo licitatório para a aquisição dos equipamentos. Exemplificando, podemos citar que o centro cirúrgico será completamente novo em estrutura física e em equipamentos também; os leitos novos serão todos reestruturados; e está sendo adquirida uma processadora digital por cerca de R$ 270.000,00 que vai agilizar a entrega dos serviços de imagem, como raio X e mamografia. – Nós temos um problema hoje de atraso na entrega do serviço de imagem, do resultado de um raio X, de uma mamografia, esse atraso não irá mais ocorrer, porque está vindo uma processadora digital, está dentro desse planejamento de compra de equipamentos, é um equipamento que custa, hoje, em torno de R$ 270.000,00, mas é um equipamento que vai nos dar condições de menor custo por cada imagem, porque vai deixar de usar uma série de materiais que hoje são utilizados, você faz a chapa, ela digitaliza e de imediato envia pra instituição com a qual nós tivermos convênio pra fazer a interpretação. Qual é o tempo dessa logística? Em torno de dez a quinze minutos, no máximo, num custo de R$ 8,00 a R$ 10,00 por imagem, nós teremos o resultado na tela do nosso computador, dentro do Hospital Bom Pastor. Então, veja a praticidade, a otimização desse resultado. Vai agilizar para a população receber o resultado, vai contribuir mais ágil para o diagnóstico dos nossos profissionais, enfim, estamos entrando com uma tecnologia que tem o que há de mais avançado no momento pra que isso aconteça.

 

O Celeiro –Que outras considerações o senhor teria a fazer no tocante a gestão do hospital Bom Pastor?

Raife –Nós temos hoje o setor de urgência e emergência que até segunda-feira estará à disposição da população. Continuando uma reestruturação de logística e espaço físico, faremos um investimento de mais de R$ 100.000,00 na reforma de toda a parte da frente, recepção, acolhimento, sala de observação, sala de gesso, e temos a expectativa de que até o mês de abril a obra já esteja pronta para uma melhor acomodação e um melhor atendimento da nossa população. Também contratamos uma empresa especializada em arquitetura hospitalar para a elaboração de um projeto técnico para a construção de uma ala nova na parte de baixo, com mais três pavimentos, destinada a um centro de imagem mais adequado, um novo pronto atendimento, mais trinta leitos e uma sala de UTI. Estamos trabalhando na captação de recursos para a obra, que exige um investimento altíssimo, em torno de R$ 6.000.000,00 a R$ 7.000.000,00. No mesmo projeto arquitetônico, estamos trabalhando para a construção, onde hoje é a garagem para os carros dos médicos, de um segundo pavimento onde funcionará toda a ala administrativa. São obras que esperamos iniciar ainda em 2016. Fora disso, estamos trabalhando em uma captação de recursos bem ambiciosa, na ordem de € 5.000.000,00, inclusive com investidores de fora do Brasil, o que, por uma questão de segurança do projeto, não podemos detalhar agora. Parte desses recursos será financiamento, parte a fundo perdido, como já ocorreu na aquisição de equipamentos e na obra em tramitação. São plataformas de captação de recursos estrangeiros para investimento na área de saúde pública do nosso Brasil e, para nossa felicidade, aqui em Santo Augusto. Então, é assim que estamos trabalhando, dentro de uma logística, de um planejamento, com os pés no chão, querendo chegar num patamar em que o Hospital Bom Pastor tenha uma quantidade de leitos superior a cem leitos, uma logística de planejamento cirúrgico, um centro de tratamento intensivo, e, assim, um hospital mais qualificado. Já temos recebido pacientes de um raio de 300km – Fontoura Xavier, Porto Lucena, por exemplo – porque temos um corpo clínico e cirúrgico muito qualificado, não temos fila de espera e a logística é rápida. Nos próximos dias, agregaremos à equipe mais dois médicos, a doutora Marília, que realizará plantões conosco, e o doutor Roger, que também é cirurgião geral e fará parte do corpo clínico do hospital. Estamos trabalhando no sentido de qualificar e ampliar os nossos serviços e acreditamos que, até o presente momento, tudo está dentro daquilo que projetamos, daquilo que tínhamos como visão de um negócio de saúde hospitalar quando chegamos aqui. É óbvio que as mudanças muitas vezes acabam gerando um desconforto, algumas pequenas reclamações, mas sabemos que isso faz parte de todo o processo.

 

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