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Entrevista com Ivo dos Santos Oliveira, Secretário de Obras de Santo Augusto

 

“Recebi a Secretaria de Obras com quatro motores fundidos (três retroescavadeiras e o caminhãozinho da luz)”.

 

Perseverante e cheio de entusiasmo, o Secretário Municipal de Obras, Viação e Trânsito, de Santo Augusto, engenheiro agrônomo e agricultor, Ivo dos Santos Oliveira, diz ter aceitado assumir o cargo de titular da pasta por não ser assustado, gostar de desafios e, por acreditar na sua capacidade e no pessoal que trabalha na secretaria. Humilde, diz que todos os subordinados merecem sua consideração, ressaltando ser pessoa fácil de lidar, desde que seja tudo dentro da lei, e afirma: “Aquilo que estiver amparado pela lei, está comigo. Aquilo que estiver fora não está comigo, não serve, não vai ser feito”. Para falar sobre sua pasta, o secretário Ivo concedeu a seguinte entrevista:

 

– Como gestor da Secretaria Municipal de Obras, que avaliação o senhor faz da estrutura material e humana da pasta?

– Eu fiz um levantamento sobre a estrutura antes de assumir. Não estava nos meus planos ser secretário de obras, mas atendendo ao convite do prefeito Naldo, aceitei. Não sou assustado e gosto de desafios. Acredito na minha capacidade e na capacidade do pessoal que trabalha na secretaria, independentemente de cargo ou função. Todos merecem a minha consideração. Ao assumir eu disse: “eu sou bem fácil de lidar, desde que seja tudo dentro da lei. Aquilo que estiver amparado pela lei, está comigo. Aquilo que estiver fora não está comigo, não serve, não vai ser feito”. Montei a equipe de assessores (o Samuel, o Xará, o Leandro, o Celso Tratch), pessoas altamente qualificadas e comprometidas. Quanto às máquinas, estava feia a coisa. Recebi com quatro motores fundidos (três retros e o caminhãozinho da luz). Eu quero fazer um parêntesis no caso da luz, que está tendo muita demanda e nós não temos condições no momento para atender. Estamos tentando alugar um caminhãozinho para fazer esse serviço até que se faça o motor avariado. As demais, uma patrola estragada, está sendo licitado e, daqui a pouco, estou com as três em dia. Os caminhões eu peguei um por um e fiz o levantamento do que precisava, até para receber, e “tem um só que é sério, esse não tem nada, esse sobrou só a carcaça”, mas não quero entrar nesse detalhe. “Esse caminhão aí não tem caixa, não tem diferencial, não tem feixe de mola, não tem cubo, não tem nada”. “Esse caminhão é seminovo, não sei como é que aconteceu isso, sumiu tudo, desmontaram, e se perdeu”. Mas, o maior problema são as retroescavadeiras. São seis retros, cinco da Secretaria de Obras e uma da Agricultura. Nós estamos trabalhando com duas, apesar de estarem com problema, mas dá para ir trabalhando, cuidando, e três tem que fazer motor. Essa é a situação das máquinas. E os carros pequenos já estamos colocando em ordem, já estando quase tudo em dia. Estou conseguindo, mas eu preciso de tempo, preciso de fôlego, porque se sabe que uma licitação leva na faixa de dois meses e eu não estou nem há um mês aqui. Não é fácil, mas nós vamos buscar soluções. Tenho um pacote de problemas para levar ao prefeito.  

 

“Tem um caminhão que não tem nada, sobrou só a carcaça. Não tem caixa, não tem diferencial, não tem feixe de mola, não tem cubo, não tem nada. É seminovo, não sei como é que aconteceu isso, sumiu tudo, desmontaram, ele se perdeu”.

 

– Com relação ao caminhão “depenado”, quais as medidas administrativas adotadas para apurar as responsabilidades?

– Eu não tenho conhecimento, não sei se o prefeito vai abrir uma sindicância ou não. Não sei se isso não vem se arrastando de longe. Alguma coisa tem que ser feito. Funciona assim: para fazer uma licitação, tem que ser feita uma relação de peças e, para fazer essa relação de peças, tem que desmontar e foi por aí que aconteceu. Não sei em que administração, essas peças foram se perdendo e hoje não tem essas peças, tem só a carcaça.

 

– E o quadro de pessoal?

– Tem servidores se aposentando, outros de férias, e tem gente que está entrando. Fiz pedido de dois operadores concursados, um já foi nomeado e o outro deverá estar sendo nomeado em breve. Estamos com carência, também, de carpinteiro, pedreiro e serviços gerais, os demais cargos estão preenchidos. Quero ressaltar aqui, que o pessoal pintava muito feio a Secretaria de Obras, mas não é bem assim, eu acredito nas pessoas. Num grupo sempre tem alguém de conduta inadequada, mas aí tem que se tratar o caso com jeito, às vezes falta só uma atençãozinha. Estou me dando bem com a turma, são gente boa, são trabalhadores, estão vestindo a camisa junto comigo, estão entendendo a dificuldade, até por falta de máquinas, tem que estar “apagando fogo”. Procuro entender, ouvir o servidor, conversar com ele, valorizá-lo. 

 

– Quais são suas metas de trabalho?

– É simples. Sempre gostei de trabalhar com prioridades. Estamos com dificuldade de máquinas conforme dito, mas as metas primeiras na minha gestão são: silagem, com foco na produção leiteira; açudes é outra meta importante a perseguirmos, mudando alguns procedimentos. Fazer uma poça e tratar como açude, como vinha sendo feito, não vai mais acontecer. Nós queremos projeto. O açude deverá ter uma comporta, análise do solo, análise da água. Enfim, que o agricultor possa produzir e vender o peixe produzido no seu açude. E a prefeitura vai investir nisso. Qual será o retorno? É que o produtor de peixe emita nota da venda feita (questão a ser implementada na sequência através do setor competente), e possa trazer e vender o peixe na cidade às claras e de acordo com a lei, sem os transtornos da fiscalização sanitária e fiscal. Outra meta prioritária são as estradas, cuidando das sarjetas que hoje estão quase todas entupidas, o nivelamento e cascalhamento, para oferecermos transporte seguro de alunos, da produção de leite, que são feitos diariamente. Outra meta é para com a questão da água no interiordo município. São 32 poços artesianos fornecendo água para os moradores, porém há necessidade de que os usuários se organizem ou reorganizem em associações para o bom gerenciamento do setor. Quero ressaltar que estamos presentes em todos os locais de demanda, temos que conhecer de perto e sentir os problemas. Não tomamos nenhuma decisão sem ter conhecimento pessoal, indo in loco, tanto em relação às estradas como em todas as demandas.

 

– Como está a questão da iluminação pública? 

– Como disse, estamos meio parados por causa da reforma do motor do caminhão. Mas, tem um setor específico para tratar da iluminação pública, que trabalha para corrigir o que está errado e fazer funcionar. Para detectar a necessidade de reposição de lâmpadas, durante a noite um funcionário recorre a cidade e identifica o local de falta de iluminação, e em horário de expediente a equipe fará a substituição ou eventual reparo para restabelecer a iluminação pública no setor. Faremos também, através do rádio, uma tentativa de conscientização para a não depredação da iluminação pública, casos que ocorrem com frequência.

 

– E a questão do lixo e entulhos? 

– É pretensão da administração “refazer a Utar”.  Quanto ao lixo hospitalar estamos ultimando as tratativas e os contratos já acertados; o lixo urbano está sendo recolhido regularmente e transportado para Giruá, conforme acordo contratual que já vem de alguns anos. Já com relação ao “entulho”, temos um projeto em andamento de um galpão como local de destino, onde uma empresa (já tem interessados de Três Passos, Santa Rosa e Ijuí) lá instalada receberá a tomará conta de todo o processamento até o destino final do produto. Após concretizado esse projeto, todo aquele que produzir entulho (pessoa física ou empresarial) deverá seguir as normas legais estabelecidas, sujeitando-se a colocar nos vasilhames apropriados e de forma separada por tipo. Portanto, vai acabar o argumento de que deixa acumulado na rua porque não tem onde colocar. A partir daí, quem produzir entulho terá o dever de recolher para o destino, onde vai ser aproveitado, para o que na cidade já existem três empresas habilitadas para prestar esse serviço. Porém, a prefeitura estará dando total apoio durante o período de transição, até que o projeto se consolide totalmente.

 

– Praça Pompilio Silva?

– A praça tem vários problemas. Vândalos quebram torneiras lá existentes para irrigar as plantas; quebram torneiras e vasos dentro dos banheiros; sujam, fazem de tudo dentro dos banheiros. Tem gente que está cuidando lá, mas, de noite, está tendo problema até de risco, é uma coisa séria. Então temos que tomar uma providência, podendo ser contratada uma equipe ou uma empresa prestadora de serviço, para encarregar-se de cuidar da limpeza e preservação de todo aquele patrimônio, incluindo brinquedos, academia ao ar livre e também de remodelar a praça. Hoje, estamos mantendo limpa, está se cortando grama e ajeitando, o chafariz dá problema seguido, estamos tentando resolver de uma vez por todas. Porém, ainda não foi definido para que secretaria irá ficar, provavelmente vai ser pra nós. 

 

– Placas aéreas indicativas ao longo das avenidas, do Comércio e Pedro Campos? 

– Essas placas estão deslocadas, fora de posição, e já era para termos recolocado elas na devida posição, trazer ao normal, cumprir a função que elas têm que cumprir. Só que, no momento não temos o caminhãozinho em funcionamento, mas estamos tentando uma alternativa para resolver. Outra questão é achar uma maneira de travar a placa em cima para que ela não se mova com a força do vento. Também, o hospital está pedindo uma placa de silêncio ali perto, mas tudo tem que passar pelo Conselho. Mas já foi dado andamento e em seguida será colocada a placa lá, através do Departamento de Trânsito.

 

– E os acessos às propriedades rurais?  

– Tem metas para isso aí também. Nós vamos fazer um projeto de todas as estradas para asfaltar. Veja bem, eu disse um projeto, nós não vamos asfaltar. Por que esse projeto? Essa é uma meta do Dr. Naldo, que ele pediu e nós vamos fazer. Porque se fizermos um projeto sabemos onde vai precisar um bueiro, onde fazer ou melhorar uma entrada para o agricultor. Então, depois desse ligeirão que estamos fazendo agora na recuperação das estradas, nós vamos fazer esse trabalho. Quanto ao acesso às propriedades, existem máquinas que pertencem à Agricultura, uma retro, um caminhãozinho, mais um trator, enfim. Mas, nós estamos trabalhando junto. Então, a ideia é que uma equipe vá fazendo a estrada principal e essas máquinas que são destinadas para a Agricultura vão fazendo da estrada pra dentro. Vão fazendo o bueirinho, vão baixar a estrada se precisar, adequações, não colocar água para dentro da estrada, colocar cascalho, e até limpar um silo se for o caso, já aproveita e faz, assim como um cascalhamento ali por causa das vacas, pra não ficar atolada no barro. Então, está tudo programado para fazer assim. Vai ter essa sequência, eles vão indo atendendo lateralmente as propriedades.

 

– Outra questão, as reclamações dos agricultores quanto à cobrança pelos serviços?

– Muito bom que essa pergunta tenha sido feita. Eu falei que tem gente boa aqui, falei que eu acredito nas pessoas e falei que eu acho que o meu quadro de pessoal aqui, a grande maioria, é de gente ciente e responsável, profissionais. Realmente estavam acontecendo essas coisas aqui. Como eu falei, pedi para o Dr. Naldo vir aqui e me apresentar e dizer que tudo que fosse fazer passasse por mim. Mas isso que foi questionado não existe mais. Isso cessou, acabou. Porém, vai ter coisas que vão ser incentivadas e incentivos a gente não vai cobrar, mas vai estar respaldado pela lei. Outras vão ser cobradas, também com respaldo na lei, com base numa tabela oficial. Se alguém solicita um serviço, recebe uma ordem de serviço, vai na prefeitura, recolhe a taxa, vem aqui e o serviço vai ser executado na medida do possível, obedecendo aos critérios pré-estabelecidos. Tem exceção? Tem exceção, se for coisa urgente, vai passar na frente. Senão, vai seguir a ordem, não interessa de quem venha o pedido. Aliás, é pedido meu antes de assumir, “que o prefeito não me desautorize”. E tem a parte social que eu acho que nós não podemos esquecer, e nós não estamos esquecendo. Se a pessoa vem aqui e precisa e não tem como, nós vamos fazer. E outra coisa importante: a prefeitura não deve concorrer com empresa ou com quem está instalado com prestação de serviço a terceiros. A prefeitura não pode ser concorrente no mercado de trabalho.

 

– Considerações finais:

– Agradecer pela iniciativa da entrevista, porque é bom que o pessoal saiba que a gente está com dificuldade. Mas, nós vamos chegar lá. O que eu quero dizer mesmo para encerrar é o seguinte: eu nunca pensei em vir aqui, mas me escolheram e acharam que eu tenho condições aqui e eu entrei não foi pra brincar, eu entrei aqui pra fazer. Como dizem o Marcelo e o Naldo, nós estamos respaldados por ética. Eu tenho família, as minhas irmãs me cobraram “ó, tu vai aceitar, mas tu vai ser a diferença”. Eu digo “não, isso não precisa nem dizer”. Mas, elas me disseram “a mãe e o pai iam ficar faceiros que tu pegou aquilo lá, porque sabem que…. né”. E assim é o Marcelo, assim é o Dr. Naldo. Que nós viemos pra fazer. O cara que apostou que não era assim verá. É um compromisso, é um desafio e eu vim pra fazer.

 

 

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