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Entrevista com Dr. Naldo Wiegert, Prefeito eleito de Santo Augusto

 

– A que o senhor atribui o sucesso na eleição, com expressiva vantagem sobre o adversário?

– Na verdade, o meu nome estava em evidência antes mesmo de se iniciar um movimento por parte de entidades aqui da nossa cidade sugerindo um consenso. Já existia uma definição pelo meu nome como candidato em face de acordo que tínhamos com o PDT de sermos candidato pela União. Eu acredito que a vitória aconteceu pelo grupo político que se formou e pelo nome do candidato a prefeito já conhecido e reconhecido, além de contar com um grupo político coeso, disposto a apresentar uma proposta de crescimento.

 

– Seu plano de governo refere reformulação e reestruturação administrativa, gestão profissional e não política. Em que consistirão essas medidas?

– Nós estamos estudando uma reformulação administrativa que prevê, inclusive, a diminuição no número de secretarias e a gestão por área. O que é a gestão por área? Pretendemos montar uma coordenação das atividades de infraestrutura e crescimento econômico, outra coordenação na área de gestão propriamente dita, que inclua as secretarias de administração, fazenda e planejamento. Além disso, uma área da seguridade social, incluindo saúde, ação social e educação. E a outra uma secretaria de lazer, esporte, cultura, que seria da cidadania. São quatro áreas, fora o gabinete do prefeito, que nós pretendemos reunir e dentro dessa reunião, nós vamos diminuir algumas secretarias. Não vamos eliminar secretarias, mas fundir uma com a outra para que não tenhamos tantos secretários num município pequeno como o nosso. Essa é a ideia fundamental. E, pretendemos diminuir os cargos de CC e FG existentes no momento. Ainda não é uma fórmula pronta, nós estamos montando a ideia com base num estudo técnico, para que a administração seja mais ágil e mais eficiente.

 

– O desenvolvimento econômico parece ser a prioridade das prioridades na sua futura administração. Como pretende desenvolver ações nessa área?   

– Eu não consigo ver a possibilidade de dar conta de todas as políticas públicas necessárias e de responsabilidade do executivo municipal se não houver um crescimento na área da economia. O que significa isso? Hoje, nós temos um orçamento de trinta e seis milhões para 2017. Desses, a metade praticamente vai para a folha de pagamento e, existe um percentual já definido para educação e para saúde. Resumindo, dos trinta e seis milhões sobra para fins de recurso livre para investimento a ninharia de quatrocentos mil reais. Só temos duas formas de resolver isso, buscar recursos fora, através de emendas parlamentares, de projetos, de busca de recursos extraorçamentários nas esferas estadual e federal, e/ou a médio ou longo prazo, através do incentivo, da conversa, do estímulo com os nossos empresários encorajando-os a investir tanto na parte agrícola, como na parte de comércio e de indústria, e assim gerar mais emprego e renda para aquecer a nossa economia e, dessa forma, buscarmos um incremento no retorno do ICMS, por exemplo, e do Fundo de Participação dos Municípios. Se nós não tivermos maior entrada de recursos, não há como darmos conta das políticas públicas que são de obrigação do município. E é isso que nós vamos fazer, é estabelecer parcerias, porque não temos dinheiro. Portanto, o que podemos oferecer é a elaboração de um projeto, buscar as vias nos bancos de desenvolvimento de financiamento e apoiar na liberação desse projeto, utilizando a nossa força política, o conhecimento que temos nas áreas governamentais. Nós precisamos fomentar o desenvolvimento regional com todas as iniciativas que estiverem no nosso entorno, nos municípios vizinhos, que possam promover o desenvolvimento econômico regional, nós também vamos ser parceiros deles, assim como queremos que eles sejam nossos parceiros, nas nossas iniciativas. Eu entendo que é isso, cada município tem que fazer a sua parte. Eu acho que haverá, com certeza, ações governamentais para o aquecimento da economia também nas outras esferas, estadual e federal, mas os municípios de forma geral e as regiões, de uma forma organizada, precisam desenvolver cada um o seu setor, dentro das suas possibilidades e é isso que nós pretendemos fazer.

 

– Incentivos?

– Poderá haver, eventualmente, uma legislação específica para o incentivo de uma ou de outra área. Não tenho nada pré-elaborado nisso, mas, pretendemos conversar com o setor leiteiro, com o setor de suinocultura, com o setor da indústria da transformação, com o setor metalmecânico, especificamente reunir cada um desses setores e ver quais são as ideias que esses empresários possam ter e que o município possa ser parceiro para que haja um crescimento de suas áreas.

 

– Como pretende tratar o setor produtivo rural?

– Eu considero o produtor rural como um empresário também. Cada um que tenha uma propriedade rural onde ele desenvolva sua atividade é uma empresa que está dando retorno para o município. Eu ouvi nas minhas andanças por aí que o que o produtor rural quer é, primeiro, uma infraestrutura adequada para poder escoar a sua produção, ou seja, nós temos que ir atrás de conseguir manter essas estradas em condições de trafegabilidade para que haja escoamento do produto e para que o agricultor possa trafegar, se mover dentro de suas necessidades, isso é uma das coisas e a outra coisa é, se ele tem uma ideia, um projeto, vamos supor, vamos pegar a história do gado leiteiro, se um produtor rural quer ampliar a sua empresa de produção de leite, nós vamos ver o que ele precisa, onde é que nós podemos arrumar o recurso necessário para incentivar essa ampliação na sua produção. E assim no setor de suinocultura e outras tantas atividades agrícolas que tem por aí.

 

– Na questão do meio ambiente, quais as medidas a serem tomadas a curto prazo?

– Meio ambiente merece, antes de tudo, respeito, nós precisamos respeitar o meio ambiente. E uma das coisas que eu sempre coloquei já como vice-prefeito, quando foi criada a secretaria do meio ambiente que, como as demais, antes de ser um órgão fiscalizatório, tem que ser um parceiro, então, o setor do meio ambiente, que não sei se vai continuar secretaria ou não, está em discussão, vai ser o setor de apoio ao produtor rural, ao empresário que queira fazer alguma atividade, ao proprietário de determinada área que precise fazer uma transformação na sua área, ele precisará respeitar o meio ambiente, ser orientado de como é que ele pode fazer isso. Não queremos multar ninguém, nós queremos aumento de produção, sem haver agressão e destruição ao meio ambiente, por isso manteremos a orientação através da equipe técnica da prefeitura para que as coisas possam ser feitas de forma correta para evitar danos ao meio ambiente, mas sem prejuízo à sua produção.

 

– A UTAR vai ser reativada?

– Está no nosso projeto. Na atual gestão municipal foi feito um investimento fantástico, que foi a aquisição de uma área anexa a UTAR para que essa área servisse como local de reciclagem, de entulhos, de galhos, de todo tipo de descarte que a nossa sociedade tem, desde o eletrônico até o da construção civil. Nós pretendemos elaborar um projeto, e já temos encaminhado, através do gabinete do vice-prefeito, um pedido de recursos na ordem de um milhão de reais junto à FUNASA – Fundação Nacional da Saúde. Esse recurso foi solicitado, mas não foi liberado. Nós temos já um projeto para utilizar esse recurso que seria para a recuperação da usina de reciclagem de lixo – UTAR. Nós pretendemos retomar esse projeto, buscar esses recursos utilizando, evidentemente, a força política que podemos ter em todas as esferas governamentais para recuperarmos aquele investimento que lá está e para utilizarmos a área que foi adquirida de forma adequada, para podermos dar o melhor tratamento aos resíduos que são produzidos pela comunidade. Recuperar a Utar é um desafio que precisa ser vencido, e eu não vou desistir disso.

 

– Especificamente, como o senhor pretende tratar as questões da saúde preventiva?

– Hoje, o município tem equipes de estratégia de saúde da família para cobrir cem por cento do município. Lamentavelmente, faltam médicos em todas as unidades. A função da secretaria municipal da saúde é, em primeiríssimo lugar, a saúde preventiva, é a vacinação, é a ação efetiva da equipe de estratégia de saúde da família, que é visitar as moradias para verificar o que pode ser feito para prevenir e evitar que essas pessoas adoeçam. Então, precisamos ter as equipes de estratégia da saúde da família efetivamente funcionando e dando conta da sua função. Depois disso, o assunto é para a área curativa, aí a questão é hospitalar. Evidentemente, as campanhas de vacinação, os grupos de hipertensão e diabetes, o grupo de prevenção da saúde da mulher, o grupo de prevenção da saúde do homem, essas coisas todas também tem que funcionar. Em cada uma das unidades básicas de saúde, esses grupos devem e vão funcionar. Isso é prevenção.  

 

– Com relação ao Hospital Bom Pastor, quais os planos de ações concretas do Poder Público Municipal a partir de janeiro?

– Está previsto para inaugurar, provavelmente no mês de maio, e já estamos com recursos para a conclusão em caixa do Fundo Municipal da Saúde. Já está na conta específica do hospital, os recursos para a aquisição dos equipamentos. São emendas do deputado Perondi, do deputado Pompeo de Mattos e do deputado Jerônimo, que foi a mais expressiva, de um milhão de reais. Agora estamos aguardando mais uma emenda de um milhão de reais do Jerônimo. Do dia 07 ao dia 11 de novembro, nós estaremos em Brasília, juntamente com o nosso vice-prefeito, o Marcelo, participando de um curso de aprimoramento de gestão pública durante dois dias e, nos outros dias, um périplo pelos ministérios para tentar protocolar os nossos pedidos. Então, esses recursos que já estão no caixa do hospital para comprar os equipamentos significa que, quando formos inaugurar, já estaremos com ele pronto para ser utilizado. Isso vai nos dar uma condição melhor de atrair novos profissionais de especialidades que nós não praticamos aqui, como oftalmologia, cardiologia, traumatologia, enfim, algumas dessas que nós possamos oferecer uma condição melhor do hospital para atrair esses profissionaispara cá, e também nós que já atuamos aqui, vamos ter melhores condições de trabalho, porque, apensar de ser um hospital pequeno, atraímos para cá pessoas de Porto Lucena, Santo Cristo, Alecrim, Pejuçara, de tantos lugares distantes até mais de 100 ou 200 quilômetros. Então, se tivermos um hospital ainda melhor, com certeza vamos atrair mais pessoas e poderemos dar um bom atendimento, além de ser um bom negócio para o município, porque essas pessoas que aqui veem vão gastar no comércio local, vão comprar na farmácia, vão abastecer no posto, vão comprar um pujama na loja de roupas e assim por diante, e vão conhecer Santo Augusto.

 

– Quanto aos servidores municipais, salário, qualificação, enfim?

– Primeiro, os direitos dos servidores são direitos adquiridos e vão ser preservados. Os aumentos serão dados de acordo com a disponibilidade financeira, com certeza sempre terão a reposição salarial dentro dos índices inflacionários, conforme a lei manda. Vamos trabalhar a valorização do servidor através da qualificação, buscando sempre a sua motivação. Pretendemos conversar com todas as classes de servidores, oferecer-lhes oportunidades para que possam se qualificar e sentirem-se mais úteis para a comunidade e trabalhar com mais entusiasmo. Nosso servidor tem que se convencer de que ele é a pessoa mais importante dentro da máquina pública e ele é quem pode fazer com que a classe seja mais valorizada dentro da sociedade. Ele precisa ter orgulho da profissão que exerce.   

 

– O senhor pensa em dar algum incentivo por desempenho ou por qualificação?

Exatamente. Já estudamos alguma coisa na área da meritocracia. O nome não é muito bem aceito, mas eu entendo que o servidor precisa sim ter a possibilidade de crescer se ele for um bom servidor e, se ele não for um bom servidor, ele precisa se reciclar para ser um bom servidor. Então, está nos planos sim nós olharmos a possibilidade de haver de repente uma bonificação pelo bom desempenho, alguma coisa assim.

 

– O senhor prega o enxugamento da máquina pública. Como será feito isso?

– Na verdade, o enxugamento da máquina depende, porque nós não podemos demitir ninguém que esteja cumprindo com a sua função, que seja concursado. Nós pretendemos utilizar o máximo, dentro do grupo das funções gratificadas, dos cargos de confiança, utilizar pessoas que estejam dentro do quadro. E, valorizando os servidores e evitando contratar pessoas que estejam alheias ao nosso quadro. Essa é uma das formas. Quanto ao enxugamento, é não botarmos mais gente para dentro, a não ser aqueles casos que sejam absolutamente necessários, principalmente no que se refere à educação. Mas, os serviços básicos que são necessários, como, por exemplo, vigilância, servente, essas coisas assim, a ideia é terceirizar esses serviços. Utiliza-se o grupo de pessoas que tem lá dentro para atender a demanda necessária e o que for fora disso não pretendemos, para esse tipo de caso, nós não pretendemos fazer novos concursos, vamos terceirizar os serviços.

 

– Mobilidade e organização urbana. Quais são as metas a serem seguidas?

– Está dentro do programa de governo entre as várias coisas que nós pretendemos colocar em prática. Existe um projeto antigo aqui de mobilidade urbana muito bem elaborado já no governo anterior do prefeito Alvorindo Polo que nós vamos retomar. Mas, o problema é sempre os recursos. Esse projeto prevê um investimento de trinta e seis milhões, se não me engano. Se nós conseguirmos colocar em prática uma parte desse projeto, nós já vamos estar satisfeitos. O município não tem recursos próprios. Podemos fazer algumas parcerias com os empresários. Por exemplo, na área da segurança, a questão do videomonitoramento, isso aí em janeiro nós estaremos conversando com o pessoal aí para que a gente possa fazer uma parceria público privado para implementar o monitoramento nas áreas mais adequadas da cidade, para que, com isso, diminuir a criminalidade e essas coisas assim. Diminuindo a criminalidade, nós vamos facilitando a mobilidade do nosso cidadão.

 

– Há compromisso formal da atual administração de doação de área de terra para o curso de agronomia no IFFar. Qual a sua posição a respeito?

– No documento que foi firmado pela atual administração, está também a assinatura do vice-prefeito, que, por acaso, virou prefeito. Então, isso não é uma responsabilidade do prefeito, é uma responsabilidade do município. Pode mudar o prefeito, o município continua devendo trabalhar nisso. Nós já temos, inclusive, conversa com algumas pessoas visando a aquisição ou a doação ou uma parceria para que nós tenhamos à disposição em 2018 do IFF, quando for instalado o curso de agronomia. Nós estamos crentes, convictos de que esse curso realmente em 2018 vai estar funcionando aqui. E a nossa administração que se inicia em 1º de janeiro vai ter como prioridade viabilizar aquilo que for de responsabilidade do município para que esse curso realmente funcione. De forma nenhuma nós vamos deixar de lado isso. Nós já conversamos, inclusive, com a diretora, a Verlaine, dizendo a ela sobre a nossa ideia de estarmos juntos com ela na instituição desse curso, porque isso vai ser muito importante para o crescimento econômico do município. E, quanto a outra questão da educação, tenho pra dizer que quem sabe o que fazer com a educação são os professores, e nós vamos conversar com os professores para saber quais são as formas mais adequadas, mais corretas para que a nossa educação seja realmente efetiva e venha a formar um cidadão que possa enfrentar a vida, com as dificuldades todas que tem por aí. 

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