Antônio Sartori (PSB), prefeito de reeleito de Campo Novo, em coligação com o PT, tendo como vice o agricultor Iliandro Cesar Welter (PT), atribui a aceitação do eleitor à sua reeleição, o fato de a comunidade ter reconhecido o trabalho austero realizado nos dois anos e pouco de governo, conseguindo equilibrar e sanar as principais dificuldades que se apresentavam, mormente na questão da estrutura na Secretaria de Obras e o sucateamento do maquinário, e isso aos poucos ele conseguiu ir resolvendo, de modo a oferecer melhores estradas para o escoamento da produção agrícola, transporte escolar, assim como melhorias em geral nos setores administrativos. Para falar sobre seu projeto para o segundo período de governo, Sartori concedeu a seguinte entrevista:
– Como se sente sendo o primeiro prefeito reeleito de Campo Novo?
– Entendemos esse reconhecimento da população ao fato de termos administrado uma situação bastante adversa. Ao assumirmos tomamos determinadas medidas austeras e firmes, mas, acima de tudo, com muita seriedade e comprometimento, tentando fazer com que Campo Novo pudesse, a partir daí, viver um novo momento administrativo. Foi muito difícil no início, o parque de máquinas totalmente sucateado, o transporte escolar e da produção agrícola enfrentavam dificuldades devido às más condições das estradas. Mas, aos poucos fomos colocando a casa em dia e melhorando a vida dos munícipes, culminando com o reconhecimento nas urnas. Eu sempre digo que que começar a fazer as correções aqui, no município, o exemplo deve partir de casa. E essa é a lição que eu estou perpassando aos meus secretários, aos meus colegas funcionários, à minha comunidade, seriedade, austeridade, honestidade, imparcialidade em tudo que se faz.
– O que o senhor pretende fazer, no segundo mandato, para melhorar ainda mais a vida dos camponovenses?
– Nós temos muitas mudanças a fazer, começando pelo parque de máquinas. Na secretaria de obras, pretendemos acelerar as atividades, uma vez que contaremos, a partir de janeiro, com um carregador novo, uma patrola nova, dois caminhões seminovos. Até o mês de maio esperamos adquirir um rolo compactador, aí teremos um ferramental completo para fazer as estradas no interior do município. Também, a partir de 2017, pretendemos dividir o município por setores, de modo que, quando a equipe de recuperação da malha viária estiver trabalhando numa localidade do interior, toda a equipe se desloque para lá com as máquinas, e lá permaneça até a completa finalização dos trabalhos. E assim faremos o contorno ao redor do município, para que todas as comunidades sejam bem atendidas, e assim, tenham melhoradas as condições de deslocamento para o Centro da cidade. No setor da saúde pública também buscaremos melhorias, apesar de que para isso dependemos da ação de nossos deputados na aprovação dos recursos que necessitamos. Aliás, nesse sentido chamo a atenção dos deputados da região para que sejam mais atuantes e ajam com seriedade em favor dos municípios, pois chega de prefeito correndo a Brasília com o chapéu na mão em busca de emendas parlamentares que muitas vezes são prometidas, “mentirosamente”.
– No seu entendimento, qual a área que precisa de mais atenção no município?
– Nós estamos muito preocupados aqui com a saúde. A saúde realmente é uma área que nos deixa muito preocupados, nos tem tirado muitas noites de sono, para que nós possamos harmonizar mais o nosso serviço de saúde. Temos lá uma boa equipe, mas, mesmo assim, a própria falta de recursos faz com que a gente tenha que dizer muitas vezes não, porque temos que seguir as normas da legalidade, da impessoalidade, temos a lei da responsabilidade fiscal, que é muito séria e não queremos sair do nosso governo de cabeça baixa, nós queremos sair do próximo governo de cabeça erguida, claro, atendendo tudo, na medida do possível. Nossa luta é intensa na busca de uma solução definitiva para o nosso hospital, evitando seu fechamento, e sim seja transformado em hospital filantrópico.
– Na educação e na assistência social, quais são suas metas?
– Na assistência social, temos a questão do nosso Bairro Ipê. Quando não estamos no CADIN, estamos no CAUC; saímos do CAUC, entramos no CADIN. Infelizmente, um projeto malsucedido, mal iniciado e que hoje está causando um transtorno muito grande para a nossa comunidade. Temos dificuldades até em falar em novas casas, em função dessa situação toda. Tivemos que entrar, há poucos dias, na Justiça para sair do CADIN, herança do governo passado. A partir do ano que vem vamos fazer o loteamento social, mas, primeiro, fazer a infraestrutura, começando com um terreno legal, um terreno próprio para que se coloque habilitação, com saneamento básico, luz, calçamento e com as escrituras dos terrenos. Na área da educação, também vamos ter muitas mudanças, estamos fechando duas escolas, porque, em fevereiro, deveremos inaugurar uma escola municipal nova, com seis salas de aula. Então, nós vamos fechar a escola da localidade de Rincão Reúno, vamos transformá-la numa escola do campo, e também vamos fechar a escola Mário Lorenzon, da Vila Pinheiro; vamos transformar aquela escola numa casa de passagem, até para fazer uma economia para o município, em função de que nós temos muitas crianças hoje alojadas fora do município.
– Além da questão das estradas, já relatada, o que mais pretende fazer para melhorar a qualidade de vida da população que vive no meio rural?
– Estamos muito preocupados com a sucessão do homem do campo. Por isso, estamos desenvolvendo projetos voltados, principalmente, à agricultura familiar, fazer com que o jovem permaneça na propriedade dos pais, que ele fique morando lá no interior e não venha para a cidade. Então, todos os projetos que começamos a desenvolver a partir de 2014 possuem essa visão, mas que, em permanecendo lá, tenham qualidade de vida, tenham acesso a todos os meios de comunicação, à internet, a todos os meios de tecnologia, isso é muito importante, e que ele possa realmente ter uma renda que o cative a permanecer no campo, que ele se sinta entusiasmado e fortalecido no meio em que vive. Temos a questão do proetanol; a questão da Casa da Agricultura Familiar, em andamento bastante avançado e que no máximo até o final do ano de 2017 esteja em pleno funcionamento na Nova Boa Vista, naquela escola que foi desativada. Vamos investir fortemente nessas questões para fazer com que possamos ter e oportunizar ao agricultor uma melhor condição de fazer a rotação de cultura na sua propriedade, de diversificar melhor a sua propriedade rural e fazer com que ele tenha uma renda o ano todo na sua propriedade.
– Como pretende se relacionar com o comércio e a indústria?
– Nós temos, não só com a ACI, mas também com o CDL uma parceria bem acentuada e bem agregada e estamos em consonância. Semanalmente a gente tem trocado ideias, tem comentado, já temos feito reuniões, em função de que nós precisamos muito dar apoio e ter o apoio do comércio para que possamos planejar e reestruturar o comércio local. Nós já recebemos, inclusive, gente que instalou comércio aqui e está sendo bem-sucedido e quer vir morar para cá, já querem instalar sua família também aqui.
– Está em processo de instalação, aqui no município, uma biorrefinaria proetanol. O que representará para Campo Novo essa usina?
– Essa usina não representa diferença somente para Campo Novo, ela representa a diferença para a Região como um todo. Esse seria o marco diferencial para nós darmos o primeiro passo para o grande desenvolvimento da nossa Região Celeiro. Por quê? Porque todas as culturas que utilizaríamos e utilizaremos para tocar essa biorrefinaria serão produzidas aqui na Região em alta quantidade e qualidade. Ela é possível e é viável, já tecnicamente comprovado. A prova está que ela deixou de ser um programa de governo e passou a ser um programa de Estado. Nós temos o aval da Secretaria de Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul, da EMATER e de empreendedores locais e regionais, e a possibilidade de já no próximo ano termos o início da construção dessa grande obra. Precisamos trabalhar com muita seriedade em cima disso. Vamos procurar possíveis e imprescindíveis parceiros locais, e também os grandes produtores aqui do nosso município, fazer um estudo mais concreto de que forma poderíamos conduzir melhor esse trabalho, porque de uma coisa podemos ter certeza, ela é possível, viável e tem retorno. A matéria prima abrange culturas de duplo propósito, pois tanto o pequeno produtor, como o médio e o grande podem produzir, porque ela pode ser usada tanto para fazer o etanol, como na fabricação de ração animal e tantas outras. Então, essa usina, essa biorrefinaria, além de produzir o etanol, produziria o CO2, que é o mais utilizado para fabricarmos a água mineral e o refrigerante. Podemos trazer aqui empresas voltadas ao ramo da água mineral, tendo em vista que temos um potencial de água muito grande, poderemos trazer também, uma fábrica de refrigerante e assim por diante. Além de fábrica de ração, uma fábrica de máquinas de plantar a muda da batata doce, para se colher a batata doce, além de outras empresas que se instalariam, de menor porte, todas abririam espaço para mão de obra, empregando aqui nossos filhos, nossos cidadãos da Região e, quem sabe, resgatar de volta muitos aqueles que tiveram de sair por não terem tido uma oportunidade de trabalho seja no ramo que for.
– Qual a previsão de empregos diretos e indiretos que essa usina traria para Campo Novo?
– No início, 1.360 empregos na construção da obra. Finalizada, teremos de 70 a 80 empregos diretos, que será o pessoal técnico e administrativo que irá tocar a refinaria. Para dentro do espaço da biorrefinaria, também é exigido que tenha um posto de combustível de grande porte, um restaurante, um hotel, posto de lavagem, posto de conserto de pneus e acessórios, coisa parecida. Então, tudo isso é também geração de emprego. Além disso, as outras pequenas empresas que vão se instalar ao redor para complementar, gerando emprego e mão de obra. Enfim, teremos 14 mil famílias envolvidas na Região, em função da biorrefinaria.
– Qual a matéria-prima necessária e de onde viria?
– Essa questão é a que menos preocupa. A matéria-prima para tocar a biorrefinaria você instala em um ano. Se nós iniciarmos a biorrefinaria em 2018, ela leva dois anos para ser concluída, vai a 2020. Se, em 2019, estivermos com ela em um andamento bom, o que o agricultor vai fazer? O agricultor já vai preparar o campo, já vai usar aqueles 182 mil hectares de solo que ficam ociosos no inverno para plantar o triticale, com a certeza de que produzindo, terá demanda. Essas culturas, desses 182 mil hectares ociosos, o pessoal vai poder utilizar no período de inverno com o plantio do triticale, que aqui na região produz muito bem. É uma cultura rústica e resistente a pragas e doenças e que vai ser uma oportunidade para os produtores poderem utilizar melhor o seu solo. Além disso, temos o sorgo, que poderá ser utilizado, o milheto, além do que não interessa a qualidade do produto, interessa sim a quantidade. Então, todo o milheto produzido vai ser utilizado na biorrefinaria. O triguilho (trigo de má qualidade) também poderá ser utilizado para fazer o etanol. Assim, além do sorgo, do milheto e do triticale, teremos a batata doce, que hoje são quatro variedades estudadas pela EMBRAPA.
– Qual é a participação do município, em termos de incentivo, para a instalação dessa biorrefinaria?
– A USI (Usinas Sociais Inteligentes), quando os investidores estiveram aqui, exigiram que nós teríamos que ter a área. Essa área talvez para se começar a biorrefinaria, tínhamos uma ideia em torno de 60 hectares, mas eles já nos disseram que com 30 hectares conseguimos instalar uma usina de 100 mil litros de etanol/dia. Os investimentos, como ele é um programa de governo, hoje, o BNDES entraria com 70% do investimento, 30% fica com a participação do Estado como contrapartida. Então, não se teria um investimento do município muito grande em cima disso. Talvez, para nós recairia esses 30 hectares de solo, que também não vão ser doados, a própria USI adquire a área e ela mesmo depois se paga. Isso tudo ainda são estudos que se farão nas próximas reuniões. Por isso que temos trabalhado com muito cuidado, estamos trabalhando muito com a questão de Estado, precisamos dessa garantia e essa garantia a Secretaria de Desenvolvimento do Estado tem nos dado, ou seja, de que, se tivermos aqui investidores locais que abraçarem também essa causa, ela vem com uma maior facilidade.
– Qual é o percentual de possibilidade de concretização do projeto?
– Dependendo agora de uma ou duas reuniões que teremos nos próximos dias, para ver da aceitação a nível de Região, da aceitação da vinda dela e do comprometimento, que é isso que a USI exige, que tenhamos pessoas do ramo agrícola envolvidas para que se garanta a demanda de produção. Mas, eu tenho certeza que, pelo interesse que alguns empresários da nossa Região demonstraram, não vai ser difícil nós termos esses investidores aqui em nível de Região Celeiro.
– E como fica a questão do custeio da produção?
– Serão criados programas de governo também, programas para que o agricultor tenha esse incentivo, tanto quanto tem para as outras culturas. Além da certeza que nós temos que ela é possível e é viável.
– Considerações finais.
– Dizer a todos os nossos 21 municípios que estamos exclusivamente pensando no desenvolvimento local e regional, pedindo até para que os novos gestores também se encaixem juntamente com os atuais, para que já comecem a ter uma dedicação maior quanto ao incentivo e à divulgação do nosso projeto, e que o agricultor também comece a se interessar em busca até de informações a respeito do assunto, para que nós possamos conscientizar um maior número de pessoas possível, e também, em especial, aos agricultores da agricultura familiar, ao pequeno agricultor, ao médio e ao grande. Então, isso é uma questão de conscientização, nós temos que ter a consciência de que somente vamos melhorar através do nosso esforço individual, transformando ele num esforço coletivo,