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Detentores do poder que se julgam insubstituíveis e odeiam a imprensa que não os bajula

Do ponto de vista político, tem gente que estando no poder incorpora a sensação e convicção pessoal de que ele é um ser indispensável e insubstituível. Como dizia o sociólogo alemão Robert Michels: “A consciência do poder provoca sempre, naquele que o detém, a vaidade de se julgar um grande homem”. O desejo de dominar, para o bem ou para o mal, está adormecido no fundo de toda alma humana. Trata-se de um ensinamento elementar da psicologia. A consciência de seu valor pessoal e da necessidade de que têm os homens de serem guiados e dirigidos, estimula a quem está no poder o sentimento de superioridade e de convicção de que é indispensável. Por isso, quase que invariavelmente, quem quer que tenha conseguido alcançar o poder procurará, regra geral, consolidá-lo e ampliá-lo, multiplicar as defesas em torno de sua posição, a fim de torná-la inatacável e de subtraí-la ao controle da massa. Só que subestimar a inteligência e a capacidade alheia e alvorar-se ser o único capaz, é vaidade insana, arrogância, pobreza de espírito, ignorância e prepotência doentia.

Com relação à mídia, é notório que alguns políticos só gostam da imprensa (escrita, falada, televisionada) se ela os bajula, os elogia e esteja sempre a endossar suas enganações, suas inverdades ou meias verdades, seus engodos, suas jogadas interesseiras. Alguns chegam tratar a imprensa como inimiga caso revele seus deslises na gestão da coisa pública e na sua conduta como agente político.

Vejo como atitude equivocada desses políticos, porque a imprensa garante a todos, tanto ao cidadão comum quanto aquele que governa ou administra a coisa pública, o exercício da democracia, fazendo valer os direitos das classes minoritárias, e dá notoriedade ao trabalho desenvolvido dentro da gestão pública, haja vista ser o veículo divulgador, sem filtros das matérias produzidas livremente pelos próprios órgãos públicos. O papel da imprensa é verificar as versões sobre fatos, levar ao cidadão o que acontece e quais são as suas implicações. Contudo, por vezes, o que se percebe é que o gestor público está preocupado tão somente com a sua exposição pessoal, partidária e de grupos, desde que seja positiva, para ele, obviamente.

Sabido é que a informação de interesse público é um bem social que não pertence ao gestor público, não pertence ao prefeito, ao vereador, a nenhum agente público ou político. O gestor público tem a obrigação de prestar contas de suas ações e omissões, e mais, explicar à massa os motivos de suas atitudes. Aliás, por que alguns políticos tentam inibir, intimidar, amordaçar a imprensa e até depreciar seus editores? É porque têm medo de que seus malfeitos por ação ou omissão sejam revelados.

Por óbvio, se o administrador público não cometeu e nem está cometendo erros e nem se omitiu ou está se omitindo a fazer o que lhe cabe por obrigação moral e legal, certamente não teria do que temer, restringir e, muito menos odiar a imprensa.

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