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Delegado Gustavo Fleury, há quatro anos e nove meses na titularidade da DP de Santo Augusto, é transferido, a pedido, para Panambi

Entrevista  –  Gustavo Fleury  –  Delegado de Polícia

 Por Alaides Garcia dos Santos

 “Só conseguimos ter 100% de elucidação dos crimes de homicídios e latrocínios graças ao esforço conjugado do delegado e dos agentes”

 

 O delegado de polícia Gustavo Germano da Silva Fleury, que exerceu a titularidade da Delegacia de Polícia de Santo Augusto desde o mês de junho de 2013, acaba de ser transferido, a pedido, para a Delegacia de Polícia de Panambi. Por quatro anos e nove meses, na coordenação das atividades de polícia judiciária, Fleury enfrentou crimes complexos e de difícil elucidação, especialmente os cometidos contra a vida (vários homicídios e dois latrocínios), tráfico de drogas, furtos e roubos. Teve atuação exitosa elucidando 100% dos homicídios e latrocínios; no combate ao tráfico também foram muitos traficantes presos e drogas apreendidas. No tocante a furtos e roubos também a maioria dos casos foram elucidados, seus autores identificados, indiciados e muitos deles tiveram prisão preventiva decretada e foram recolhidos ao sistema prisional.

Em face de sua transferência, o delegado Gustavo Fleury concedeu entrevista ao jornal O Celeiro, conforme segue:

– Sua experiência inicial como Delegado de Polícia foi aqui na cidade de Santo Augusto. Como foi essa experiência inicial na sua carreira de delegado?

 Foi muito importante, até porque, sendo a minha primeira delegacia como delegado de polícia até então, estou há dez anos na polícia, fiquei cinco anos como agente e agora estou completando cinco anos como delegado. Nos cinco anos em que trabalhei como agente, eu trabalhei apenas em delegacias especializadas em Porto Alegre. Trabalhei na Delegacia de Homicídios e na Delegacia de Roubo de Cargas, ambas do DEIC. Então, esses cinco anos foram basicamente nessas duas delegacias, ou seja, tratando apenas de homicídios e, posteriormente, de roubo de carga. A minha experiência aqui, eu até demorei um certo tempo para me acostumar como delegado de polícia, no sentido de, como se diz, aqui é clínica geral, a gente tem de tudo, uma delegacia pequena, pega tudo que é tipo de crimes. Então, nesse sentido, foi uma experiência bastante positiva, porque, até então, eu não tinha contato com violência doméstica, eu não tinha contato com crimes praticados contra criança e adolescente, eu não tinha contato com crimes ambientais, eu não tinha contato com defraudações e falsidades, que envolvem questões de estelionato, uma série de criminalidades que, até então, a gente não tinha experiência. E, nesse sentido, foi muito importante. Então, eu tive uma certa dificuldade quando cheguei aqui, até me acostumar em toda essa sistemática de funcionamento. A legislação a gente sabe, é de conhecimento comum, a gente estuda isso, mas a prática é fundamental, a lida diária naquele tipo de criminalidade. E isso a experiência em Santo Augusto me ajudou bastante em adquirir esse tipo de conhecimento de forma mais ampla, tratando de todas as nuances da criminalidade.

– Cumulativamente, o senhor foi delegado substituto em outras Delegacias da região. Quais e como foi o trabalho desenvolvido?

– Desde a minha chegada aqui, sempre tive a substituição, de forma ininterrupta, da delegacia de São Martinho. Então, cheguei aqui, como titular de Santo Augusto, já acumulando São Martinho e isso veio nesses quatro anos e nove meses. Então, eu tenho um vínculo muito forte com São Martinho, com as escrivãs, a escrivã Mariane e a inspetora Mara, que lá trabalham. Então, eu só tenho pontos positivos a destacar, tanto da cidade de São Martinho, da comunidade, da experiência que tive lá no trato com as colegas também. A minha segunda substituição foi alternando durante essa minha estada aqui nesses quatro anos e nove meses. Apenas há cerca de um ano e meio que eu peguei a delegacia de Chiapetta como uma segunda substituição mais fixa. Mas, eventualmente, respondi por Redentora, respondi por Coronel Bicaco alguns meses. Enfim, foi nessas duas delegacias, Santo Augusto e São Martinho, que eu pude trabalhar melhor, ter uma vinculação maior, tanto com os colegas quanto com as comunidades, em ambas com pontos muito positivos.

– Os desempenhos operacionais e de envio de procedimentos ao Poder Judiciário, lhes foram satisfatórios?

-Muito satisfatórios, porque quando assumi a delegacia em 2013, existiam cerca de quase mil e duzentos procedimentos em andamento, e, hoje, Santo Augusto, tem setecentos e cinquenta procedimentos em andamento. Então, conseguimos reduzir, em 2016, para seiscentos e poucos, quase cinquenta por cento do que tinha quando eu cheguei. Mas, ano passado nós tivemos um ano atípico, com aquela série de crimes graves que ocorreram aqui em Santo Augusto, e a gente acabou focando na resolução daqueles crimes e teve de deixar um pouco de lado a remessa de procedimentos policiais. Então, aumentou um pouco esse número, que chegou hoje a setecentos e cinquenta. Mas foi positivo, elucidamos cem por cento dos vários homicídios e latrocínios ocorridos nesses quatro anos e nove meses. Sempre procuramos atuar contra aqueles crimes mais graves. Também, teve períodos em que atuamos forte na questão do roubo e conseguimos prender e elucidar; tivemos algumas fases de muitos furtos a residências e a estabelecimentos comerciais, aí também atuamos forte em cima e conseguimos resolver alguns casos; tráfico de drogas também fizemos algumas operações aqui, onde desarticulamos algumas organizações, algumas quadrilhas que atuavam nessa área; atuamos também em alguns casos de violência sexual que foram divulgados na imprensa. Então, procuramos atuar nas mais diversas frentes. Pautei sempre o meu trabalho aqui em Santo Augusto analisando aqueles índices criminais e, quando verificava que algum índice destoava um pouco mais, se aumentava um pouco os furtos, focávamos na tentativa de estancar aquela anomalia, quando aumentava muito o roubo a estabelecimentos comerciais, farmácias e alguns armazéns e mercados, a gente atuava ali e conseguia estancar, homicídios nem se fala, nós conseguimos também sempre resolver os casos, mas sempre procurando pautar nossas ações analisando esses índices anormais. Agora,  no início do ano, quando cheguei da praia, verifiquei que havia muito furto de veículo. De imediato, peguei alguns inquéritos e consegui representar pela prisão de uma pessoa e a prendemos, a outra pessoa envolvida, municiados com informações por nós repassadas, a delegacia de Coronel Bicaco, apurou a participação dele em crime de roubo em Turvinho, naquele município, e representou por sua prisão preventiva, com isso esse segundo elemento que atuava em Santo Augusto também foi tirado de circulação. Desde então, cessaram aqueles furtos de veículos que estavam ocorrendo aqui desde o início do ano. Então, esse é um exemplo da nossa política enquanto gestor da polícia civil, analisando as anomalias e atacando de forma imediata aquela incidência para estancar.

– Relação com a Brigada Militar, Ministério Público e Poder Judiciário. O que deixa e leva nesse sentido?

 – Quando cheguei aqui, já procurei de imediato, na época, estreitar relações com Ministério Público, Poder Judiciário e, especialmente, a Brigada Militar, porque eu vejo essa relação como muito boa e necessária. Eu sempre procurei, desde o início, o compartilhamento de informações com a Brigada Militar aqui de Santo Augusto, porque, pelos parcos recursos humanos existentes temos que um ajudar o outro, trocar informações. Então, vocês da imprensa podem verificar que, ao longo desses anos, na medida do possível, quase todas as prisões, cumprimento de mandados de busca, a gente sempre solicitou o apoio da Brigada Militar pra ir conosco nas diligências, trocamos informações. Então, acho que é um legado que nós deixamos aqui de uma excelente relação com a Brigada Militar desde o início. A nossa relação sempre foi muito boa e eu sempre ouvi da parte deles também esse reconhecimento da minha pessoa, da Polícia Civil e o agradecimento por a gente manter esse bom relacionamento, que não se tem em todos os locais. Então, isso foi muito bom. Da mesma forma, eu sempre procurei conversar bastante com o Ministério Público, com o Poder Judiciário. Nós não buscamos só aquela questão de troca de informações através de ofício que a gente chama, aquela conversa oficial, mas sempre também, na medida do possível, fomos até esses órgãos conversar pessoalmente sobre determinada situação que entendíamos como necessária. Então, reforço que para mim é um legado que deixo aqui, de uma boa relação tanto com a Brigada Militar, quanto com o Ministério Público, com o Poder Judiciário. Acredito que, com a inter-relação dessas instituições, o trabalho flui melhor, na medida em que o Ministério Público e o Poder Judiciário passam a confiar no trabalho da polícia, sabem que tem um delegado, uma Polícia Civil, uma Brigada Militar em quem eles podem confiar, que o trabalho é um trabalho correto, um trabalho sério, um trabalho profissional, que a investigação é realizada de uma maneira profissional, com respeito, com ética, sempre pautado pela legalidade. Então, isso eu acho que a gente conquistou aqui nesses quatro anos e nove meses, o respeito dessas instituições. Eu acho que por isso também que o nosso trabalho fluiu de uma maneira satisfatória, porque o trabalho da polícia também depende muito de um reconhecimento do Ministério Público, do reconhecimento do Poder Judiciário ao nosso trabalho investigativo para que ele ratifique aquele trabalho que foi feito e defira nossas postulações para que se possa efetuar prisões, cumprimento de mandados de busca.

No País e no Estado, os índices de esclarecimentos de homicídios e latrocínios são muito baixos. Em Santo Augusto, foi de 100%. O que levou a esse índice tão positivo?

 – Esse trabalho é efetivamente um trabalho em conjunto com a equipe, mas, quando a gente tem parcos recursos, de pessoal, notadamente, a gente tem de focar todos os esforços. Então, desde a minha chegada aqui, a gente sempre conversou e, com a concordância dos agentes também, que é muito importante, nós decidimos pautar alguns crimes que a gente acredita que deveríamos focar todos os nossos esforços na resolução. Não só resolução, mas uma resolução célere, dar uma resposta para a comunidade de uma maneira rápida e isso, por vezes, é difícil, dependendo do crime. E eu acho que a gente conseguiu esses 100% de elucidação graças a esse esforço conjugado do delegado e dos agentes. Na medida em que ocorria crime dessa natureza, dolosos contra a vida, nós, de imediato, parávamos tudo que estávamos fazendo na delegacia de polícia e focávamos cem por cento do nosso efetivo na resolução desses casos. Tivemos bastante complexidade desde o ano passado. Para ter uma ideia, tivemos um latrocínio em São Valério e, na semana seguinte, estávamos ainda naquela investigação, deu um latrocínio aqui. Aquilo ali nos apavorou que eu falei: “meu Deus”, recém estávamos investigando um latrocínio em São Valério, nem havíamos resolvido ainda, já tínhamos um latrocínio em Santo Augusto pra resolver. Foi uma dificuldade a mais, porque nós nos voltamos ao mesmo tempo tendo que investigar dois latrocínios simultaneamente e com poucos recursos humanos. Mas, mesmo assim, conseguimos dar uma resposta rápida, resolvemos esses casos, os homicídios também foram resolvidos, todos eles, muito nessa sistemática de focar todo o trabalho em cima da resolução desses crimes graves. E nem sempre é fácil, porque nós temos casos e casos. Temos aqueles casos onde há uma testemunha, por exemplo, o trabalho da polícia fica mais facilitado. Mas, tivemos aqui, por exemplo, como aquele caso do Roque Unser lá em São Martinho, onde tivemos de empregar técnicas de investigação diferenciadas, em quarenta e poucos dias nós elucidamos por completo aquele caso, onde não houve testemunhas, a gente teve de se valer de outras técnicas ali. Aqui em Santo Augusto, aquele duplo homicídio no ano passado, onde também não teve testemunha, tivemos de nos valer de outras técnicas ali prá se chegar a um resultado da resolução do caso. Então, sempre focamos em envidar esforços em cima desses crimes graves e aplicando técnicas diferenciadas. Então, na medida em que o caso era mais complexo, onde não havia testemunhas, partíamos para uma quebra de sigilo telefônico, uma análise com cruzamento de dados, alguma coisa que se pudesse coletar, câmeras de vigilância, alguma coisa que se pudesse coletar pra elucidar. Então, essa foi a nossa metodologia de trabalho, que eu acho que nesse foco a gente conseguiu chegar a esses índices de 100% de elucidação.

– Uma mensagem aos agentes e à comunidade.

 – Eu gostaria de agradecer, primeiramente a vocês da imprensa, que a gente sempre teve uma relação muito boa aqui em Santo Augusto nesses quatro anos e nove meses, o que eu acho de fundamental importância, até porque vocês da imprensa são o canal que nós, autoridades públicas da segurança, temos para conversar com a comunidade. Então, essa nossa relação sempre foi uma relação muito boa com a imprensa. Portanto, eu quero primeiramente agradecer aos órgãos de imprensa e a vocês. Agradecer com certeza aos agentes aqui da Delegacia de Polícia de Santo Augusto e de São Martinho, e agora também aos colegas de Chiapetta, pela parceria, pelo comprometimento, a gente aqui acaba formando uma família, eu digo prá eles: “a gente acaba passando mais tempo juntos aqui no trabalho do que com nossos próprios familiares”, então, a gente formou esse vínculo profissional, um agradecimento ao comprometimento de todos. Um agradecimento especial a todos de Santo Augusto, porque, desde a nossa chegada aqui, eu digo nossa chegada a minha e a da minha família, nós sempre fomos bem recebidos, minha esposa, minhas filhas, nós não temos nenhuma queixa em relação ao tratamento que nos foi dado, pelo contrário, só elogios à comunidade. Então, queria deixar aqui registrada a nossa gratidão, o nosso reconhecimento à comunidade santoaugustense e agradecer o apoio da própria comunidade, que foi muito importante também, porque muitos dos crimes que solucionamos aqui teve participação efetiva da comunidade, a comunidade engajada realizando denúncias que nos alavancaram em investigações, então, a própria comunidade de Santo Augusto também foi efetiva nessa participação. A comunidade também está de parabéns em relação a esse comprometimento com a segurança pública. E agradeço, a gente está indo para Panambi, que não é distante daqui também, temos vínculos aqui, amigos, e muito provavelmente a gente vai retornar aqui ao município pelo menos para visitar esses amigos que nós fizemos. E agradecemos de maneira geral a todos indistintamente, às autoridades locais, municipais também, que sempre nos atenderam da melhor forma possível. Só temos o que agradecer efetivamente a Santo Augusto, aos órgãos de imprensa, à comunidade, por esses quatro anos e nove meses de apoio ao nosso trabalho aqui em Santo Augusto.

 

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