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Defesa de Edelvânia pedirá inclusão de entrevista no processo

Edelvânia conceceu entrevista a Zero Hora, na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na quarta-feira

Acusada da morte do menino fez relato diferente do depoimento em que confessou participação no assassinato do menino

 

A defesa de Edelvânia Wirganovicz irá pedir a inclusão da entrevista concedida a Zero Hora no processo sobre a morte do menino Bernardo, ocorrida em abril de 2014, em Frederico Westphalen. Na quarta-feira, a acusada fez um relato diferente do depoimento à Polícia Civil, em que confessou participação no assassinato da criança.

— Quem irá valorar a prova não é o juiz, é o jurado. Então, posso apresentar todo o processo novamente e mostrar as contradições. A grande pergunta é por que em um interrogatório tão importante a polícia se preocupar em gravar um depoimento e não deixou que ela (Edelvânia) fosse acompanhada de um advogado — diz o atual advogado da ré, Jean de Menezes Severo.



Dez dias depois do assassinato, em abril de 2014, Edelvânia disse à polícia que fora procurada pela madrasta do menino, Graciele Ugulini, para auxiliar a "dar um sumiço" na criança. Também informou que recebera dinheiro da amiga e que uma injeção letal matou Bernardo. Na quarta-feira, negou: afirmou que o homicídio foi um acidente em função da superdosagem de medicamentos.

A defesa tenta diminuir o peso do que disse Edelvânia anteriormente, uma vez que ela falou sem a presença de um advogado. Entretanto, em dois momentos do depoimento (registrado em vídeo), policiais repetem à suspeita o direito constitucional de permanecer calada e só falar em juízo. A delegada Caroline Bamberg, responsável pela investigação sobre a morte de Bernardo, ainda informou que foi oferecido a Edelvânia um defensor, mas que ela rejeitou.

Professor de Direito Penal da PUCRS, Andrei Zenkner explica que, se foi assegurado o direito de ficar em silêncio e oportunizado o acompanhamento de um defensor, mas o suspeito negou, não se invalida o depoimento.

— A versão nova, se encontrar amparo nos autos, pode prevalecer em face das declarações antigas — aponta.

 

Em maio de 2015, em audiência no Fórum de Três Passos, Edelvânia optou por permanecer em silêncio (segundo ela, por orientação do antigo advogado). Ela só irá falar novamente à Justiça no dia do júri popular (ainda sem data marcada). Coordenador do Departamento de Direito Penal da PUCRS, o professor Alexandre Wunderlich diz que a nova versão do crime sustentada pela acusada só tem validade se houver, de fato, a inclusão ao processo:

— Isso vem para o processo como mais um elemento dos autos, que será confirmado, ou não, no depoimento judicial. É um elemento relevante de prova se vier parar dentro do processo.

Especialistas alertam que mudanças de posicionamentos e contradições tendem a reduzir a credibilidade do réu junto aos jurados que irão decidir o seu futuro. Porém, dizem que nada impede que o acusado mude a sua versão durante o processo.

O advogado de Edelvânia quer que ela seja julgada sozinha (a Justiça negou, mas ele irá recorrer). Também são réus no processo o pai do menino, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Uugulini, e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz. Na terça-feira, uma nova juíza assumiu a comarca de Três Passos e, consequentemente, o Caso Bernardo: Vivian Feliciano. Em outubro, o juiz Marcos Luis Agostini, que conduzia o processo, foi transferido para a Vara Criminal de Erechim. Diário Gaúcho

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