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CRÔNICAS CURTAS – Gestão compartilhada – Conexão com o povo – Urna do Povo – Maus presságios

Caros leitores e leitoras

Na edição de 29 de janeiro anunciei aqui que estava deixando de escrever esta coluna. Mas a insistência e persistência do diretor do jornal, Renato Marodin, para que eu permaneça pelo menos até o final do ano, me demoveu da ideia; também, a sensação de cumplicidade que o tempo me envolveu com o jornal e com os leitores e leitoras da coluna falaram alto e acabei cedendo. Portanto, “vou continuar por mais algum tempo escrevendo a coluna Penúltima Página”. É como diz o provérbio: “Nada na vida é definitivo a não ser a constância do momento presente. Viva o hoje, mas lembre-se que o hoje é ontem e é amanhã também”. É a coragem que conta.

Aliás

Meu relacionamento com o jornal O Celeiro não se restringe apenas à coluna que já chega a mais de 900 edições. Fiz também muitas reportagens, entrevistas e elaborei matérias diversas. No período realizei mais de 600 matérias e reportagens e 172 entrevistas, em que entrevistei muitas autoridades representativas dos diversos segmentos da comunidade local e regional, políticos, educadores, diretores de instituições de ensino e de entidades associativas, da saúde, religiosos, empresários, agricultores, da segurança pública, do judiciário, esportivas, da OAB, profissionais liberais, associações de bairros e outras. Mas a coluna, é uma questão à parte, as opiniões se conflitam, a verdade incomoda, principalmente aos políticos que não assumem seus malfeitos ou omissões. Além disso, reserva momentos conflitantes também no ambiente laboral, coisas do ofício, porém, salutar ao exercício da pluralidade de opiniões. A coluna é alvo frequente das reações arrogantes e distorcidas de políticos melindrosos agindo que nem guri mimado, contrariados com a exposição da verdade sobre seus desacertos políticos e/ou administrativos. Mas a certeza de estar cumprindo meu papel jornalístico me alenta a prosseguir fazendo a minha parte: noticiando a verdade e emitindo minha opinião com coerência.

Jornalismo não é publicidade

Sou adepto, naturalmente, da crítica com conteúdo. Jornalismo sem crítica não é jornalismo, é publicidade. E eu não sou publicitário. A diferença entre jornalismo e a propaganda é que o jornalismo é crítico. Não existe só para difundir as opiniões dos mais influentes. E essa liberdade ou é absoluta, ou não existe. A liberdade de expressão não existe para proteger elogios. Disso, todo mundo gosta.

Gestão compartilhada

A prefeita Lilian e o vice Vanderlei estão iniciando a gestão com um gesto estratégico interessante, aliás, já anunciado durante a campanha eleitoral. Eles adotaram e estão mantendo o diálogo, escutando individual e coletivamente a comunidade. É uma espécie de gestão compartilhada, ouvindo as sugestões dos moradores e incentivando a participação popular. É uma iniciativa fundamental na construção de uma cidade com qualidade de vida para todos. Isso oportuniza envolver a população nas escolhas das ações da Prefeitura e permite solucionar problemas reais das comunidades. E também facilita a elaboração do Planejamento Estratégico da Prefeitura, porque aponta as necessidades dos moradores e seu nível de urgência. O ideal, desde que bem planejado, com disciplinamento e equipe técnica ativa, seria criar o Gabinete Itinerante, discutindo diretamente nas localidades os problemas e as sugestões com soluções efetivas dos problemas mais urgentes. São bons indícios, mas para se tornar realidade depende de esforço, persistência, organização, estratégia e muito incentivo para participação efetiva dos moradores da cidade, bairros e do interior.

Já pensou?

Quem ainda não teve o pensamento de como ajudar a sua cidade? Essa ideia deve passar com frequência por muitas cabeças. Mas as ações nem sempre. Começar com pouco já é um grande passo, por exemplo, cuidar da limpeza das ruas. É uma ideia que pode se ampliar e resultar num esforço coletivo, que contribui para uma comunidade mais limpa e aconchegante. São pequenos gestos que impulsionam a comunidade para ideias futuras que vão revelar ainda mais a beleza de sua região local. Com certeza os moradores serão inspirados pela beleza que está sendo restaurada no seu bairro e passarão a apreciar e ocupar os espaços públicos (ruas, praças e parques) agradáveis que aquelas ações proporcionaram. Por isso, ações pequenas são importantes. Para isso, o Poder Público tem que ter vontade e habilidade para motivar essas ações.

Conexão com o povo

Me chamou a atenção a parte do discurso de posse do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza (MDB), quando ele referiu a crise de representatividade da classe política e a desconexão do Legislativo e das demais estruturas públicas com a sociedade, e arrematou: “O povo quer e precisa ser representado. Mas quer que seja de verdade, no seu tempo, com a sua velocidade, com as dores, com o seu olhar. Não no tempo das instituições encasteladas, dos políticos isolados, das redomas corporativas, das ideologias cegas ou das burocracias mofadas”. Que precisão nas colocações. Bonito. O problema é a prática.

Urna do Povo

Falando em conexão com o povo, lembram das promessas de campanha, de exercer o mandato em sintonia e buscando proximidade com a população, ouvindo suas reivindicações e sugestões? Pois é, reativar a Urna do Povo, seria um bom caminho. Através do Decreto nº 105, de 8 de agosto de 2006, a Câmara de Vereadores de Santo Augusto instituiu a “Urna do Povo”, objetivando coletar junto à população sugestões, críticas e/ou denúncias, permitindo ao Poder Legislativo Municipal um melhor conhecimento da realidade social e econômica da comunidade e à população participar de forma mais ativa na definição de obras e serviços prioritários, bem como no planejamento do desenvolvimento do município em todos os aspectos.

Não vingou

No início, mesmo que acanhadamente, até que funcionou, houve algumas sugestões e/ou críticas colocadas na urna. Mas, na verdade, não vingou, aos poucos foi caindo no esquecimento e, apesar de permanecer no local (no corredor de acesso ao plenário), nas antigas instalações da Câmara à disposição para receber as manifestações populares, ninguém mais lembra da Urna do Povo. A Câmara foi instalada em outro prédio, mas também não mais se ouviu falar na Urna do Povo.

Mais locais

O Decreto estabeleceu que a “Urna do Povo” fosse instalada, “inicialmente”, no corredor que dá acesso ao Plenário da Câmara de Vereadores, mas também autoriza que “seja multiplicada sua localização”. Portanto, já que é previsto pelo próprio decreto, a Mesa Diretora deveria, efetivamente, multiplicar os locais para colocação da urna receptora de sugestões/críticas/reclamações. Para tanto, que tal colocar a “Urna do Povo” também em outros locais como Posto Central de Saúde, em todas as UBSs, no Hospital e no hall de entrada da Prefeitura, e incentivar as pessoas a usar.

A propósito

Os políticos só gostam de elogios. Não gostam nem de sugestões, imaginem as críticas e cobranças. É a típica “cegueira ideológica”. Quando estava escrevendo sobre a Urna do Povo me passou pela cabeça isso, veja a oportunidade que nossos vereadores, e o Poder Executivo também, estão perdendo de usufruir dessa inestimável contribuição que a população poderia dar. Veja bem: se for elogio, para a pessoa responsável serve de estímulo e compromisso de cada vez fazer mais e melhor. Se for sugestão, ótimo, nunca desprezar sem analisá-la. Pode ser útil. Mas se for crítica ou cobrança? Ah, aí deu ruim. Em vez de tirar proveito e rever seus atos, fazer do limão uma limonada, eles se revoltam e partem para o ataque. Se não fosse a cegueira ideológica, tentar desqualificar quem criticou (como geralmente ocorre), levando tudo como ofensa pessoal revelando pouca ou nenhuma tolerância, algo que não combina com o ideal democrático, deveriam agir como aquela história do aforismo de Nornam Peale: “O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica”. Pensem nisso!

Maus presságios

O ditado diz que “não há nada tão ruim que não possa ficar pior”. As reclamações sobre a atuação dos vereadores da legislatura passada eram gritantes, em Santo Augusto, muita gente rogando que nenhum fosse reeleito. Era voz corrente que nunca tinha sido tão ruim. Realizada a eleição municipal houve renovação de quase 80%. Satisfeitos? Veja só a ironia. Agora, em apenas um mês e pouco de mandato, já se houve comentários pessimistas de que esta legislatura será pior do que a anterior. Os comentários se referem a atitudes e manifestações equivocadas e precipitadas de dois ou três vereadores no primeiro mês de mandato. Generalizar também acho injusto e exagerado. Quanto as comparações com a anterior eu não sei, mas me parece precipitado prever agora como serão os vereadores durante a legislatura. De repente encaixam e farão um bom trabalho. Pelo menos é o que prometeram na campanha.

Renda emergencial

O governo do Estado estudará os impactos da implantação de um programa de renda emergencial, destinado a pessoas em situação de extrema pobreza. A proposta do benefício é do deputado Valdeci Oliveira (PT, destinada a pessoas inscritas no Bolsa Família, que perderam renda com o fim do auxílio emergencial federal. O projeto tem três alternativas: repassar R$ 100 reais por pessoa durante oito meses, R$ 200 por pessoa durante quatro meses e repassar R$ 200 para mães chefes de família e R$ 100 para os demais beneficiários durante quatro meses. O governador Eduardo Leite manifestou simpatia pela proposta. Além disso, Leite cogita a possibilidade de complementar o auxílio federal, caso seja reativado.

Festa do crime

Quem festejou o fim da Lava Jato deve estar envolvido em algum crime de corrupção. Mas a maioria dos brasileiros ficou triste ao saber da maracutaia do governo que pôs fim à operação de que a Nação tanto se orgulhava. Ao contrário dos corruptos, o povo respeitador das leis lamenta e se envergonha da pecha de sermos um país com altíssima taxa de corrupção. Mas, e daí, se o governo quer que assim seja?

 

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