Estrada intransitável
Na sexta-feira (25/03), o agricultor Luiz Carlos dos Santos Teixeira, morador em Rincão dos Paiva, interior de Santo Augusto, telefonou à coluna dando conta das precárias condições da estrada que demanda àquela localidade. O Rincão dos Paiva é uma região do município grande produtora de grãos e sede do Assentamento 19 de Abril. Seus moradores padecem com as más condições da estrada, única via para deslocamento e escoamento da produção, num trecho de 9 km desde a divisa com Ajuricaba até a ERS-155. Segundo Luiz Carlos, como a via é de chão batido, sem cascalho/empedramento, a cada chuva que ocorre ela se torna praticamente intransitável, principalmente para automóveis, como era o caso naquele dia. Inclusive, para se deslocar à cidade com seu automóvel, só conseguiu fazendo atalhos, buscando alternativas dificultosas. Contou que já pediu providências ao secretário de Obras que ficou de providenciar, mas não o fez. Esteve na prefeitura para falar com a prefeita e não a encontrou.
O que disse o secretário
A coluna conversou com o Secretário de Obras, Valdomiro de Lima, sobre o casso. Disse-nos ele que as estradas do interior do município estão todas ruins. Argumentou a longa estiagem e as recentes chuvas como fatores que agravaram a situação das estradas e impediram que fosse feita a manutenção. Mas o pior fator que impede de mantermos as estradas em boas condições de trafegabilidade é “a nossa equipe muito pequena, o maquinário deficiente” e a prefeitura não dispor do cascalho (tem que comprar, tem que investir), avalia o secretário. A cada dia é uma coisa que estraga no maquinário, e agora todas as estradas estão precisando de reparos. O município de Santo Augusto foi contemplado com o Programa do governo do Estado, chamado de “Recuperação e Manutenção de Estradas Vicinais”, com R$ 500 mil em horas/máquinas. Atualmente o programa está sendo desenvolvido no município de Coronel Bicaco, então o secretário disse ter sugerido à prefeita Lilian um contato no sentido de antecipar a vinda das máquinas para socorrer o nosso município. Com o que temos não vamos conseguir dar conta da demanda, pois além das deficiências apresentadas, a nossa malha viária é muito extensa, concluiu com sinceridade o secretário Valdomiro.
A propósito
Para amenizar o problema das estradas vicinais, no nosso município, pelo menos nas principais, a prefeitura teria de fazer o básico, o cascalhamento ou empedramento, obedecendo orientação técnica. Ou “construir profissionalmente as estradas rurais para que tenham durabilidade e evitar o retrabalho de consertar os estragos produzidos pelas chuvas”, como prometia o então prefeito Naldo. A ideia era boa, mas ficou na promessa. Só que com a atual estrutura da Secretaria Municipal de Obras, é impossível ser feito isso. Teria que reestruturar a SMOV de maneira profunda, ou então “terceirizar a reconstrução e manutenção das estradas rurais de maior fluxo”. Do contrário, esse problema, que é crônico e preocupante, vai persistir. É angustiante para todos. A prefeitura dá uma emparelhada (laminada) na estrada, fica transitável até à primeira chuva. Chove, volta todo o problema, e os usuários da via voltam a ficar semanas ou meses sem poder ou tendo dificuldades para transitar, sofrendo prejuízos de toda ordem.
MDB define pré-candidato
No último domingo, dia 27, o Diretório do MDB confirmou o deputado estadual Gabriel Souza como pré-candidato a governador do Rio Grande do Sul. Gabriel foi escolhido como o representante emedebista para disputar o comando do Palácio Piratini por 57 votos favoráveis e dois contrários. Antes da escolha do nome do pré-candidato, o Diretório Estadual votou também a moção encaminhada por um grupo de filiados que pedia que a decisão fosse avalizada por um colégio eleitoral ampliado. A moção recebeu 56 votos contrários e 3 favoráveis, o que valida a escolha e a imediata definição da sigla no quadro eleitoral do Estado.
Houve contestações
O ex-prefeito de Gravataí, Marco Alba, contestou e chamou de golpe a escolha do pré-candidato do MDB. Ele questiona, como é que 57 votos do diretório escolhem o pré-candidato a governador, ignorando a legitimidade dos 709 delegados à convenção, e também a representatividade de 135 prefeitos, 123 vice-prefeitos, 1.156 vereadores e 450 presidentes municipais? Os 57 votos que escolheram o pré-candidato Gabriel Souza representam apenas 7,8% do total dos 709 delegados à convenção, único fórum legítimo previsto no estatuto do partido para a escolha do candidato a governador. Além disso, representam insignificantes 3,5% do quórum previsto na resolução 02/2021 construída pelo então presidente Alceu Moreira, com o secretário-geral Gabriel Souza, e com respaldo da bancada pró-Leite para a pré-convenção de 19 de fevereiro de 2022.
Bolzan depende do Grêmio
Agora só faltam o PDT e o PSDB definirem seus pré-candidatos ao governo gaúcho. Ouvi uma entrevista do deputado Darci Pompeo (PDT), na rádio Guaíba, no final de semana, onde, questionado, ele disse que o partido espera decisão do presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, para oficializar pré-candidatura ao governo do Rio Grande do Sul. Porém, Pompeo ponderou que a decisão é de Bolzan e que irá ocorrer após o desfecho do Gauchão, que será amanhã. Ou seja, depende do resultado, se Grêmio for campeão, Romildo será candidato. Aliás, quão valioso é o gauchão, o título apaga demais mazelas.
O PSDB ainda indefinido
Deputado estadual Gabriel Souza, o vice-governador Ranolfo Vieira Jr. e o governador Eduardo Leite. (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)
Com a renúncia do governador Eduardo Leite ao cargo, o vice Ranolfo Vieira assumiu o governo. E a sucessão estadual fica embaralhada pelo lado do PSDB, depois que a prefeita de Pelotas, cogitada como candidata ao governo, anunciou que permanecerá no cargo até o final do mandato. As atenções se voltam para o deputado Gabriel Souza, pré-candidato do MDB, que poderá ter o apoio de Eduardo Leite e dos tucanos. No entanto, Ranolfo foi o principal nome defendido por Eduardo Leite em um discurso sobre a continuidade do trabalho. “Colocamos o RS no rumo certo do desenvolvimento, por meio de uma agenda que permite investimentos em todas as regiões do estado”, disse Leite ao defender a indicação de Ranolfo. Embora não cogite a reeleição, o anúncio de Leite acirra ainda mais a corrida ao Piratini. Ao mesmo tempo, diz que estão mantidos diálogos para alianças com outras siglas, em especial o MDB. O mais provável, dado a simpatia de Leite por Souza, e a necessidade eleitoral da coligação, Ranolfo poderá manter-se como coadjuvante concorrendo a vice na chapa de Souza.
Que trairagem!
Na maior cara dura, comum nas raposas políticas, Leite chamou de “formalidade” as prévias que perdeu. Sim, parece ter sido mesmo “uma mera formalidade”, porque estão tentando ignorá-las. E parece feliz com o papel de ser usado por velhos tucanos para passar a perna em Doria. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, antes cuidadoso em declarações, nesta terça-feira (29) rasgou a máscara para praticamente descartar Doria. Para Araújo, mais importante do que os votos dos 44 mil tucanos nas prévias é o que ele chamou de “pacto” com partidos “aliados”. Ele citou acordo, desconhecido, que prevê a retirada do nome de Doria, à sua revelia, em favor de candidato de outro partido. Doria tem baixo desempenho em pesquisas, mas seus números são maiores que as opções Leite (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Luciano Bivar (UB). Essa junção em torno de uma chapa única de terceira via até seria viável, desde que trouxessem também Moro e Ciro.
Vale lembrar
No auge da Lava-Jato, em fevereiro de 2016, o STF, por 7 a 4, aceitou a prisão em segunda instância, que não era admitida desde 2009. Depois, em novembro de 2019, por apertadíssimo placar de 6 a 5, voltou a rejeitá-la. Em dez anos, portanto, o STF deu três cavalos de pau – o que não é normal numa Corte estritamente jurídica. As duas viradas abriram caminho para a anulação de processos e recolocaram no páreo centenas de políticos. “Não inocentados”, mas, digamos, liberados. O segundo tema da variante Lava-Jato coloca, entretanto, um óbvio embaraço para os ex-condenados: roubaram ou não roubaram? Houve corrupção, dinheiro surrupiado de cofres públicos, ou não? A resposta é simples: houve sim, ampla e sistemática. Qual a melhor prova? Não a confissão de réus que fizeram delação premiada – que até pode ser contestada -, mas o dinheiro devolvido. Até agora foram devolvidos R$ 6,17 bilhões e mais US$ 3,5 bilhões.
Na cena do crime
Sempre combativo à ladroagem que bateu recorde na era Lula-Dilma, com os ladrões assinando confissões de culpa e devolvendo dinheiro roubado, Geraldo Alckmin, agora, com ficha assinada a um partido que presta serviços ao PT, se une a Lula e ensaia ser candidato a vice na chapa presidencial do ex-presidiário petista. É uma aliança muito cínica, hipócrita e oportunista. Antes de pensar em aliar-se a Lula, Alckmin disse o seguinte: “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, meus amigos, ele quer voltar à cena do crime”. Como sair agora, de um negócio desses? Não foi a mídia que falou em voltar à cena do crime, nem os adversários; foi ele mesmo, Alckmin, de sua livre e espontânea vontade, e por iniciativa própria. Eita eles!