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CRÔNICAS CURTAS – Ensino decadente na rede estadual; Hipocrisia levada ao extremo; Respeito; Valores se dissipam; Para servir e proteger

Este ouve, não é com h

Pois é, cometi a gafe e, por isso, peço desculpas aos leitores. Só me dei por conta, ao receber a crítica, construtiva, de uma especialíssima e assídua leitora da coluna, que me disse: este “ouve”, não é com “h”. Acontece que na edição anterior, de 13 de maio, no tópico MAU ATENDIMENTO, inadvertidamente, digitei: Houve-se, volta e meia… “com h” no ouve. Erro crasso. Faltou-me cuidado. Óbvio, “ouve”, do verbo ouvir, não tem h. Agora, só resta pedir desculpas, a edição já circulou. E tomar os devidos cuidados para evitar novos erros na escrita, cujo leitor está aí, atento, observador e crítico. Ainda bem.

Ensino decadente na rede estadual

É caótica e muito preocupante a decadência do ensino básico e médio no Rio Grande do Sul. Dados divulgados pela Secretaria Estadual da Educação dão conta da precariedade no aprendizado dos alunos da rede estadual gaúcha. Segundo os dados divulgados, somente 1% dos estudantes do Ensino Médio apresentam desempenho adequado em matemática. A grande maioria desses alunos (92%) teve atuação abaixo do básico, enquanto 4% atingiram o nível básico e, 2%, o avançado. Os resultados mostram que as dificuldades na matemática aumentam conforme o avanço da trajetória escolar. No 2º ano do Ensino Fundamental, por exemplo, somente 11% dos alunos apresentaram desempenho abaixo do básico. Já no 3º e no 4º ano, esse número salta para 32% e 49%, respectivamente. No final do Ensino Fundamental, 8º e 9º anos, o grupo já representa a maioria: 71% e 80%. No 1º ano do Ensino Médio, são 85% dos alunos com atuação abaixo do básico. Em língua portuguesa, os dados também são preocupantes, apenas 6% dos alunos de cada série do Ensino Médio apresentam desempenho adequado.

O que diz a Seduc

A Secretaria Estadual da Educação, em nota, afirmou que o impacto ocasionado pela pandemia da covid-19, com um longo período sem aulas presenciais, contribuiu para a acentuação do baixo desempenho dos alunos do Ensino Médio em matemática. Neste cenário, a pasta lançou o Avaliar é Tri e, a partir dos resultados da primeira edição, implantou o Aprende Mais, um programa de recuperação e aceleração da aprendizagem. Com ele, a carga horária de matemática foi ampliada em três horas semanais e, a de língua portuguesa, em duas horas semanais. Além disso, segundo a Seduc, “os educadores foram orientados sobre como trabalhar com os resultados da avaliação diagnóstica de modo a potencializar a recuperação das fragilidades identificadas nos estudantes”. Mesmo que se reconheça o irreparável agravamento nesses últimos dois anos, o governo não pode atribuir somente à pandemia os problemas no ensino básico e médio, pois isso vem se agravando há muitos anos nas escolas de todo o Brasil. A última edição do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizada em 2019, mostra que apenas 10,3% dos estudantes brasileiros matriculados no Ensino Médio tiveram aprendizagem adequada na disciplina, somando rede pública e privada.

A propósito

Segundo o estudo apresentado antes da pandemia, a dificuldade histórica na aprendizagem é consequência de um conjunto de fatores. Entre eles, a falta de apoio da gestão pública ao trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas, a formação oferecida aos professores e o suporte dado às instituições para o ensino da matemática e da língua portuguesa – incluindo materiais e condições estruturais disponibilizadas. Com o fechamento, por quase dois anos, das escolas, a tragédia no ensino se consolidou, podendo prejudicar toda a trajetória escolar e de vida dessas crianças e jovens.

Hipocrisia levada ao extremo

Plagiando J.R. Guzzo, a cada dia que passa vêm à luz do sol os efeitos ruinosos da mais secreta de todas as tragédias sociais que este país já teve em sua história moderna: o fechamento, por quase dois anos seguidos, das escolas, sobretudo as voltadas ao ensino público. Poucos desvarios terão um preço tão alto para o Brasil quanto este crime legal, praticado por governadores e por prefeitos nos tempos da Covid – com a licença, o incentivo e bênção do Supremo Tribunal Federal. Roubaram-se das crianças brasileiras, para toda a vida, dois anos de aprendizado, e esse roubo não pode ser ressarcido; não há seguro para tal tipo de perda. As vítimas sofrerão por causa disso, no seu dia a dia prático, até o fim das suas vidas. E, com imensurável insensatez e covardia, ficou combinado na mídia, na vida política e nas classes intelectuais que não se fale dessa tragédia – o que permite, naturalmente, que os responsáveis por ela não se sintam incomodados com o desastre que criaram. E, quando tocam no assunto para denunciar “o descalabro da educação no governo Bolsonaro”, falam como se não tivessem nada a ver com a catástrofe que está aí. É a hipocrisia levada aos seus extremos.

Agora, com a casa no chão…

A pandemia do coronavírus, desde o começo, foi politizada. A esquerda foi a grande fornecedora da ideologia que sustentou essa calamidade na educação de nossas crianças e jovens, e agiu assim unicamente porque o presidente da República estava do outro lado. Agora, com a casa no chão, vem fazer de conta que está preocupada com o problema. A esquerda, que não fala em outra coisa a não ser na eliminação da pobreza, agiu a favor da perpetuação das suas causas. É absolutamente simples: ignorância é miséria. Quando se leva em conta que o começo, o meio e o fim do problema social do Brasil estão no baixo nível da educação pública, que priva a população pobre da única saída real para a pobreza – a aquisição de conhecimento – fica evidente o tamanho da agressão social contra os pobres que foi feita com o fechamento das escolas.

Aliás

Na opinião do colunista Guzzo, no que me associo plenamente, os pobres não saem da pobreza com “políticas sociais”. Só têm alguma chance de melhorar de vida quando adquirem conhecimentos que lhes deem a oportunidade de subir no mercado de trabalho. Perder dois anos de escola foi o que se podia fazer de mais eficaz para reduzir essas oportunidades. Adversários ferozes da volta às aulas, na ânsia de ficar ao lado dos professores sindicalistas-grevistas, dizem hoje que lutaram pela “volta segura” às salas de aula. É mentira. Lutaram, na vida real, para manter as escolas fechadas pelo período de tempo mais longo possível.

Respeito – o ponto chave

O respeito nosso de cada dia, conduta chave e imprescindível, é um dos valores humanos que fundamentam a vida em sociedade, seja em relações interpessoais ou em vista de normas, regras ou de um poder instituído. O respeito mútuo representa uma das formas mais básicas e essenciais para o convívio social. Havendo respeito não teremos pessoas com atitudes reprováveis, autoritárias ou injustas em relação a outra. Respeitar não significa concordar plenamente com outra pessoa, mas significa não discriminar, ofender ou impedir que uma pessoa realize suas próprias escolhas. A pessoa que respeita busca não impor a sua vontade de forma autoritária, ainda que possua poder para isso. Respeitar é saber onde termina os seus direitos e começa os do outro. Ou seja, para sermos respeitados, é preciso respeitar em primeiro lugar. Pense nisso.

Valores se dissipam

Não tenho a pretensão e nem o propósito de aconselhar e muito menos de ensinar quem quer que seja. Meu comentário é apenas por ver muitos valores se dissiparem e afetarem diretamente crianças e adolescentes, mormente, o respeito. Tenho que o comportamento humano é pautado em exemplos, que, quando bem estruturados na infância, formam cidadãos mais conscientes. Os valores que se estabelecem na memória de uma criança permanecem e se transformam ao longo da vida, fortalecendo a importância do respeito por tudo, ainda que diferente. Conviver com as diferenças pode ser algo fácil, se defendido e ensinado desde os primeiros traços de entendimento. Para tanto, o diálogo e as demonstrações práticas são essenciais para que as crianças compreendam que a igualdade está presente mesmo onde há diversidade.

Para servir e proteger

Na semana passada, dia 12 de maio, no ato solene de formatura de 249 novos agentes da Polícia Civil (Inspetores e Escrivães), com a presença do governador Ranolfo, que também é policial civil, o chefe de Polícia, delegado Fábio Motta Lopes, em seu discurso, deixou um recado básico aos novos agentes: “Nunca deixem de bem atender ao público e de acolher os mais vulneráveis, lembrando sempre que aqueles que chegam a uma delegacia de polícia muitas vezes estão pedindo socorro”. É isso aí, o próprio lema da polícia civil diz, “para servir e proteger”. Aliás, o cidadão ou cidadã que ingressa na polícia sem ter consigo esse ideário como propósito, indubitavelmente, está escolhendo a profissão errada. Uma pessoa não procura a polícia para dizer que está tudo bem consigo. Ela procura a polícia quando um mal está a lhe afligir, está se sentindo vítima de algum crime ou contravenção, envolvida em alguma situação conflituosa, ou mesmo precisando uma orientação apenas; por isso, o policial deve dispensar ao cidadão(ã), indistintamente, toda a atenção e dar-lhe atendimento correto e cortês.

 

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