De volta à cena do crime
Em sua coluna na revista Oeste, edição de 31.10, J.R. Guzzo escreveu: O ex-presidente Lula está de volta à cena do crime, de acordo com a descrição feita tempos atrás pelo próprio vice da sua chapa – eis ele aí de novo, eleito presidente do Brasil pela terceira vez. Foi por pouco. Mas o que conta é o resultado marcado no placar do TSE. Após a campanha eleitoral mais desonesta que já se viu na história política deste país, com a imposição de uma ditadura judiciária que violou todo o tipo de lei para devolver a presidência, o líder supremo da esquerda nacional volta a mandar no Brasil. Com ele não vêm “os pobres”, nem um “projeto de justiça social”, e nenhuma das coisas cheias de virtude de que falam as classes intelectuais, os parasitas que lhe dão apoio. Voltam a mandar os donos do Brasil do atraso – que querem manter os privilégios de 500 anos.
O que podemos esperar
Sobre suas expectativas quanto ao futuro governo do presidente eleito Lula, o general Villas Bôas, ex-comandante do Exército brasileiro, publicou carta prevendo o que podemos esperar: Desmontagem das estruturas produtivas que tão arduamente foram recuperadas, criando uma base capaz de sustentar-se sem depender de governos; a volta do aumento do desemprego, compensado por programas sociais demagógicos; a submissão ao globalismo com a consequente perda da identidade nacional; a destruição do civismo; a ridicularização do patriotismo e dos símbolos nacionais; a contaminação ideológica do ensino, impondo a aceitação de verdadeiras perversões às crianças; a perda do valor da palavra e da vida; a substituição da verdade pelas narrativas; a perda de pruridos pelo uso da mentira; a disfunção das instituições; o desrespeito à Constituição; a política externa orientada por simpatias ideológicas; apoio a ditaduras; o desaparecimento do culto à honra, à Pátria e à liberdade. A desesperança das pessoas que vestem o verde-amarelo.
Apesar dos escândalos
O ex-presidente da República Lula da Silva (PT), apesar dos escândalos de corrupção, foi eleito presidente da República no último domingo (30). Lula chegou à presidência com a votação mais apertada desde o fim do período do governo militar. A diferença para Bolsonaro foi voto a voto, e o petista venceu com menos de 1% à frente. A chegada de Lula à presidência se dá depois de um longo período que intercalaram denúncias de corrupção e até mesmo um tempo atrás das grades. Por determinação do agora eleito senador Sérgio Moro (União-Pr), o petista ficou quase dois anos preso, em virtude de envolvimento em escândalos de corrupção. Lula saiu da prisão por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Diferentemente do que afirma, Lula não conseguiu a absolvição da Justiça, portanto “não foi inocentado”.
Eis o retrospecto
O ex-presidente e agora presidente eleito, Lula da Silva, ficou preso por quase dois anos, em Curitiba, por ações envolvendo a Lava Jato. Entre 2017 e 2019, o petista foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, em três instâncias, julgado por nove juízes, mas em 2021 teve as sentenças anuladas por Edson Fachin, ministro do STF, em razão de entendimento de erro processual por incompetência de foro (segundo Fachin, o processo não poderia ter ocorrido em Curitiba, mas sim em Brasília). Em janeiro deste ano, a 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal arquivou a ação contra Lula, em razão da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva. Em junho de 2021, o STF considerou Sérgio Moro parcial no caso do triplex e anulou também aquela condenação. O entendimento sobre a parcialidade se estendeu a outros processos, e todas as ações voltaram à estaca zero.
Nunca visto antes…
Após uma eleição sem precedentes na história deste país, com o TSE na função de elemento mais importante do processo, em vez de ser apenas o seu organizador, o ex-presidente Lula foi declarado vencedor, com cerca de 1% de vantagem; aparentemente “a maioria do eleitorado achou que a melhor solução para os problemas do Brasil, neste momento, é colocar na presidência da República um político condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro”. É a primeira vez que uma coisa dessas acontece. É, também, a primeira vez que o alto judiciário deu a si próprio, sem autorização do Congresso ou de qualquer lei em vigor no país, poderes de exceção para mandar do começo ao fim o processo eleitoral. É a primeira vez, enfim, que o TSE tem candidato – no caso, o candidato que ganhou, justamente ele.
Sempre assim
Fiel ao ensinamento de Lênin (acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é), Lula, no primeiro discurso como presidente eleito, acusou as instituições brasileiras de trabalharem pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Sem mencionar os órgãos que estariam a serviço do atual chefe do Executivo, o petista afirmou que o objetivo desse conluio seria evitar a sua volta ao Palácio do Planalto. “Não enfrentamos um adversário, um candidato”, enfrentamos a máquina do Estado brasileiro, colocada a serviço do candidato da situação para tentar evitar que ganhássemos as eleições. Cara de pau, Lula foi sempre assim, acusa adversários do que ele próprio é e faz de errado.
Eduardo Leite reeleito
Após renunciar ao cargo em março deste ano para tentar concorrer à Presidência da República sem sucesso, no último domingo (30), Eduardo Leite (PSDB) foi reeleito governador do Rio Grande do Sul. Leite se reelegeu com 57,12% dos votos válidos, contra 42,88% do adversário Onyx Lorenzoni (PL). No primeiro turno, Onyx ficou à frente com 2.382.026 votos válidos (37,50%), enquanto Eduardo teve 1.702.815 votos (26,81%) e passou “raspando”, já que Edegar Pretto (PT) ficou de fora da disputa por diferença de pouco mais de 2 mil votos. Aqui também foi colocado à prova um fato curioso sobre o estado gaúcho: é o único que nunca reelegeu um governador no país. E, mesmo assim, foi de maneira um pouco diferente, tinha renunciado antes da reeleição.
Pronunciamento de Bolsonaro
Em sua primeira manifestação pública após perder a eleição, o presidente Bolsonaro agradeceu aos 58 milhões de brasileiros que lhe confiram o voto dia 30 e, numa referência aos movimentos nas rodovias, sem citar “caminhoneiros”, disse que são frutos da indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas “os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais, concluiu.
Bloqueio de rodovias
Domingo à noite, tão logo saiu o resultado da eleição para presidente, caminhoneiros de vários estados do país iniciaram bloqueio de rodovias, em protesto à eleição de Lula. No dia seguinte, segunda-feira, o ex-motorista e dono de caminhão, Nereu Crispim (PSD-RS) que se elegeu deputado federal em 2018 à sombra de Bolsonaro (hoje adversário ferrenho do presidente) e atual presidente da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros, em discurso no plenário da Câmara disse que os bloqueios são atos de golpistas tramados por políticos e empresários, sobretudo do agronegócio que não aceitam a derrota de Bolsonaro. Caminhoneiro de verdade não apoia Bolsonaro, disse Crispim. Além dele, a esquerda e opositores em geral, incluindo segmentos da mídia e outros, qualificam os manifestantes de golpistas, vagabundos, baderneiros e outros adjetivos.
A propósito
Sou contra os bloqueios de rodovias, eis que o direito de ir e vir tem que ser respeitado. Também defendo o respeito ao resultado das eleições. Mas sou favorável a manifestações democráticas. No meu entendimento, as manifestações foram contra a eleição de Lula, e não em favor de Bolsonaro. Também vejo que os manifestantes não são golpistas, baderneiros e vagabundos. São brasileiros, patriotas e trabalhadores, ‘desesperados com os riscos à frente’, revoltados com a eleição mais manipulada da história, com mídia e TSE agindo como partidos de oposição. Aliás, esse movimento representa um alerta e tanto ao presidente eleito, Lula da Silva.