Ambos errados, mas…
A greve da polícia militar no Ceará provocou grandes alvoroços, não só por ser ilegal, proibida pela Constituição, mas pelas atitudes de muitos manifestantes, culminando com a reprovável interferência violenta do senador Cid Gomes (PDT). Policial não pode fazer greve, muito menos encapuzado, armado, dando ordens para o comércio fechar suas portas. São atitudes abusivas, mesmo que a demanda seja legítima. Quanto ao senador licenciado Cid Gomes, é um inconsequente, um irresponsável, típico do coronelismo, aliás, o que lhe é peculiar. Ele, (os irmãos Gomes) se acha dono do pedaço, pensa e quer mandar em tudo no estado cearense. Agora, achou adequado dar uma “ordem” para que os grevistas “saíssem em cinco minutos”. Sem poder para tal, desobedecido na sua estapafúrdia e petulante ordem, o delinquente Cid Gomes conduzindo uma retroescavadeira, jogou a máquina em cima dos policiais e familiares em frente ao batalhão militar. Dois erros não fazem um acerto. Os policiais grevistas estavam na ilegalidade, mas Cid Gomes cometeu crime muito pior, “tentativa de assassinatos” contra dezenas ou centenas de pessoas. Cid agiu como delinquente, sim.
A propósito
Jornalistas ideológicos esquerdistas não perdem oportunidade. Uma delas, Eliane Cantanhede, da Globo News, assim resumiu: os irmãos Gomes fazem política na base da beligerância, do confronto; do outro lado, o presidente Bolsonaro está “empoderando” as polícias. Entendeu? Culpa do Jair!
Que tal refletirmos
Num caso hipotético: Se Bolsonaro pega uma retroescavadeira e tenta esmagar invasores ilegais do MST? Aí, não tenhamos dúvida alguma que a mídia daria foco ao ato truculento, imprudente, insano, fascista. Mas como foi o esquerdista Cid Gomes pra cima de policiais em greve, tentando matar a todos, aí o foco é a reação policial, e Cid sai quase como um herói. Aliás, reação justa da PM, de legítima defesa. É uma inversão inaceitável. Como se observa, para jornalistas esquerdopatas, a “liturgia do cargo” só é cobrada do presidente que insinua que a jornalista quer “dar o furo”; senador que joga retroescavadeira em cima de policiais tudo bem, está apenas tentando “dialogar pacificamente” com grevistas. Ora, quem tenta justificar o ato de Cid Gomes com base na ilegalidade dos policiais grevistas precisa, por coerência, defender se alguém passar com uma retroescavadeira por cima de invasores do MST. Mas isso nunca seria feito. Até porque, parte da mídia não ousa nem mesmo chamar de invasão o crime do MST, preferindo usar o termo “ocupação”.
Brigadianos inquietos
Creio que nada tem a ver com a greve dos policiais militares do Ceará, mas que os brigadianos estão inquietos estão, e possivelmente vem pressão forte por aí. Há uma insatisfação com relação ao pacote de mudanças aprovado no final de janeiro. E esse descontentamento pode se agravar quando o projeto que altera as alíquotas da previdência da categoria for levado a plenário, o que deve acontecer até final de março ou abril. O governo propõe aumento progressivo do atual percentual de 14%, podendo atingir até 22%, a exemplo do que foi aprovado para os demais servidores, já que conseguiu, no Supremo Tribunal Federal (STF), liminar contra a lei federal que prevê limite de 10,5% aos militares. Com a decisão, o governo Leite deve garantir o apoio da base na Assembleia para mudar o desconto de brigadianos e bombeiros.
Brigadianos inquietos (2)
Sobre o momento atual, com as radicais alterações já feitas ou em andamento por parte do governo estadual, representantes das entidades de classes brigadianas estão se manifestando. Conforme publicação em Zero Hora, o presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM), assim se manifestou: “Tanto a gente é pisoteado, que uma hora explode”. E acrescenta: a situação que policiais enfrentam lá no Ceará chegou ao extremo e aqui está se encaminhando para isso. Uma manifestação deve ocorrer em março no Rio Grande do Sul, concluiu. As decisões do governo gaúcho têm incentivado que façamos atos mais radicais, disse José Clemente, presidente da Abamf, entidade que representa os servidores de nível médio da Brigada Militar. Por sua vez, Leonel Lucas, presidente da Associação Nacional dos Policiais Militares, considera que o governo Leite tem sido “insensível”.
Oficiais sugerem o diálogo
A Associação dos Oficiais da Brigada Militar (AsofBM), apesar do descontentamento com o governo, é ponderada, descarta qualquer ato inconstitucional. Presidente da entidade, o coronel Marcos Paulo Beck explica que acordos serão discutidos na base do diálogo: Acredito que nosso sistema político tem seus erros, mas é o que temos e, portanto, no qual temos de acreditar. Em última instância, buscaremos o equilíbrio na Justiça. Está absolutamente descartada qualquer greve, disse.
E a Secretaria da Segurança?
Para o Secretário da Segurança, os órgãos ligados à Pasta mantêm os serviços sob “absoluta normalidade e tranquilidade”. E justifica o entendimento pelo “histórico de responsabilidade, respeito e abnegação com que os profissionais da segurança no RS sempre trataram a sociedade gaúcha durante o encaminhamento dos seus pleitos”.
Usuário x tráfico de drogas
Minha convicção sempre foi de que o “usuário de drogas é um potencial traficante”. São interligados. Sem um deles o outro não existe. A sociedade, caolha, só enxerga o tráfico, e exige (com razão e com direito) que seja combatido. Enquanto isso, curiosamente, o usuário (que pode estar lá no seio da família, da escola, do trabalho, da sociedade), que sustenta e dá razão de existir ao tráfico e ao traficante, passa despercebido, ninguém se dá conta que é ele o motivo, o mantenedor e o sustentáculo do tráfico de drogas. Ora, pela frouxidão dos costumes, pela ausência de valores, pela ausência de capacidade de entender os limites entre o que é lícito e ilícito, pessoas fracas, egoístas, passam a consumir drogas. O que impressiona mais ainda, é ver que muitas dessas pessoas durante o dia clamam pela segurança, contra a violência, contra o crime (direito seu). E à noite financiam esse crime pelo consumo de drogas.
O combate existe
Operação Android IV, realizada pela PC/BM/regional dia 23.12.2019, em Santo Augusto
No tocante ao combate ao tráfico de drogas, as polícias têm trabalhando bastante e incansavelmente, realizado prisões e apreensões de traficantes. Mas o consumo de drogas cresce assustadoramente e avança além e apesar do combate. Aqui na Região Celeiro, por exemplo, no ano de 2019, a polícia realizou quase duas dezenas de operações, prendeu cerca de 40 traficantes e os conduziu ao sistema prisional, e com eles, apreendeu quantidades variadas de maconha, cocaína, crack, armas de fogo (pistolas, espingardas calibre 12, revólveres), carregadores, munição, balanças de precisão, celulares, etc. E aí? Aí que o consumo continua crescendo e instigando o traficante a não parar. Se um vai preso tem dois ou três na fila para assumir o tráfico. Ouço de vez em quando narrativas de moradores se sujeitando à conivência, uma vez que são chantageados na porta de suas casas por usuários que pedem dinheiro para comprar drogas, ou algum objeto que possa servir de moeda de troca, algum material para embalagem ou para confeccionar o baseado. Vivem um tormento. Negar a ajuda solicitada (exigida) pode ser motivo para represália; denunciar, pior ainda. Tem alguns casais que já acharam como alternativa mudar-se para outro lugar. Mas temem serem seguido onde estiverem. Sabem que só são bons enquanto não negarem a ajuda.
O que não funciona
A primeira falácia no trato da prevenção às drogas consiste em optar pela soberania racional, reduzindo a discussão sobre as drogas a um curso, a uma questão emocional, não racional. Outro erro comum está em reduzir a discussão sobre drogas a um curso sobre moral e religião, definindo o bem e o mal como se fossem absolutos. Também não atingem o objetivo de prevenção patrocinar palestras ou depoimentos, pois correm o risco de confirmar a onipotência do adolescente. Mas, o que funciona sim, é “ter consciência de que usar, consumir droga, é alimentar o tráfico e por consequência dar causa e aumentar o número de outros crimes conexos como homicídios, roubos, latrocínios, extorsões e tantos mais”. É uma questão de escolha.