Chapecó: a preferida dos estrangeiros

A cidade de Chapecó se transformou no principal destino de imigrantes no estado de Santa Catarina. Com população estimada em 275.959 habitantes, o município abriga 23.406 estrangeiros cadastrados, representando 8% dos moradores. Entre 2010 e 2022, Chapecó passou de 184 imigrantes para 11,2 mil registrados no IBGE. O cadastro municipal contabiliza pessoas de 47 nacionalidades diferentes, com predominância de venezuelanos (18.949) e haitianos (3.415).

Por trás dessa magnetização migratória está uma economia robusta. Chapecó é a quinta maior economia de Santa Catarina. A base é a agroindústria, que emprega mais de 20 mil pessoas em três grandes empresas: Aurora, BRF e Ecofrigo.

Nos últimos cinco anos, Chapecó aprovou 5 milhões de metros quadrados em construção, movimentando R$ 15 bilhões em investimentos privados. Além da indústria tradicional, o município aposta na diversificação econômica. O setor de tecnologia ganha força com o Pollen Parque, o Deatec e a feira Desbravalley.

“A agroindústria continua sendo o motor da economia regional”, afirma o prefeito João Rodrigues. O dinamismo se reflete nos números do Caged: em 2024, foram 10.309 admissões de estrangeiros contra 7.931 demissões, resultando em saldo positivo de 2.378 postos. O município mantém cerca de mil vagas disponíveis em três unidades do Balcão de Empregos.

O forte agronegócio, que faz da cidade a maior exportadora de carne suína e peru do país, atrai imigrantes de 47 nacionalidades.O forte agronegócio, que faz da cidade de Chapecó a maior exportadora de carne suína e peru do país, atrai imigrantes de 47 nacionalidades. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Chapecó)

Histórias de recomeço

Diorwis Gustavo Guerra Velasquez, de 19 anos, é um dos imigrantes venezuelanos que chegaram a Chapecó. Natural de Ciudad Guayana, desembarcou no Brasil em 2017, passando primeiro por Boa Vista. Atraído pelas oportunidades nas agroindústrias, o pai dele chegou a Chapecó em 2019.

Em quase seis anos, o venezuelano concluiu o Ensino Médio e iniciou, em 2023, graduação em Relações Internacionais. Outra conquista foi a nacionalização brasileira. Trabalha no Centro de Atendimento ao Imigrante. “A faculdade que escolhi me aproxima de questões de diplomacia e política, e o direito ao voto é valioso.”

O impacto da imigração é perceptível nas escolas municipais. Das 85 unidades, 76 têm alunos estrangeiros — total de 3.604 estudantes, 12% do total. Para lidar com essa diversidade, a prefeitura desenvolveu o projeto “Caminhos para uma Educação Equitativa”, com intérpretes bilíngues e avaliações na língua materna.

O município criou uma rede de atendimento específica aos imigrantes. O Centro de Atendimento ao Imigrante, no Terminal Rodoviário, concentra serviços de orientação, currículos, encaminhamento para empregos e atendimento da Polícia Federal. Quando necessário, oferece acolhimento temporário em duas unidades mantidas com recursos federais. O Ministério do Desenvolvimento repassa aproximadamente R$ 400 mil por semestre para ações socioassistenciais.

O prefeito considera que Chapecó consolidou-se como um dos principais centros urbanos do interior sul-brasileiro. Além de maior exportador de carne suína e peru do país, vende produtos para mais de 60 países. A infraestrutura inclui hospitais, universidades e está recebendo seu segundo shopping.

Para Rodrigues, o crescimento não é coincidência. “Chapecó é uma cidade construída pelo trabalho de muita gente, e somos gratos aos migrantes e imigrantes que contribuem com nosso desenvolvimento.”

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