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Candidato do PSOL ao governo quer choque de cultura política no RS

Roberto Robaina fala da sua vida pessoal e lista metas da campanha.

G1 publica os perfis dos oito candidatos ao governo do Rio Grande do Sul.

 

Caetanno FreitasDo G1 RS

 


 
Roberto Robaina é o candidato do PSOL para a disputa de governador do RS (Foto: Felipe Truda/G1)Roberto Robaina é o candidato do PSOL para a disputa de governador do RS (Foto: Felipe Truda/G1)

A aparente tranquilidade da Ilha da Pintada, região afastada do movimentado Centro de Porto Alegre, não se sustenta quando estranhos se aproximam da casa de três pisos onde o candidato Roberto Robaina (PSOL) mora com sua mulher Inez Zacarias. É que o agitado Amarelo pode até parecer um cão dócil, mas o latido incessante do vira-lata só termina com a devida licença do dono para entrar no território. “Cuidado, não encosta nele. É meio louco”, avisa. Mesmo com a sanidade colocada à prova, o animal convive em harmonia com outros três cachorros e dois gatos, os seis “filhos” do casal. Todos dividem a residência, situada à esquerda do Guaíba, do outro lado da ponte que corta o lago, a poucos minutos da cidade.

Candidatos a Governador do Rio Grande do sul - Roberto Robaina PSOL (Foto: Divulgação)

Desta segunda (28) até a outra segunda (4), o G1 publica os perfis dos oito candidatos à Prefeitura de Porto Alegre. A ordem de publicação foi definida a partir das intenções de voto da pesquisa Ibope divulgada no dia 19 de julho. No caso de candidatos em que houve empate, foi usada a ordem alfabética.



Robaina recebeu a equipe do G1 em um sábado de sol e calor em pleno inverno gaúcho. Fazia quase 27°C às 14h. Durante a entrevista, o candidato ao governo estadual expôs uma oratória segura para enfrentar os sete postulantes ao gabinete do Palácio Piratini. Inquieto e gesticulando intensamente, deixou a conversa fluir entre a vida pessoal e política e destacou os principais pilares de sua campanha. Defendeu um choque de cultura ao povo gaúcho, uma declarada luta contra a “elite dominante”. Ainda reforçou que vai brigar pela descriminalização da maconha, uma bandeira nacional do PSOL.

“O PSOL não quer um governo isolado, sem alianças. Somos contra a aproximação com partidos que tenham programas opostos aos nossos. Tem muita gente na sociedade interessada em fazer política de esquerda. Se vencermos a eleição, será um choque de cultura. Certamente teríamos uma relação de enfrentamento com banqueiros e com grandes empresários”, adianta o candidato. "Também queremos a descriminalização da maconha. Todos sabem que a política de guerra às drogas fracassou", opina.

Montagem de fotos dos candidatos a governador do Rio Grande do Sul - Roberto Robaina (Foto: Arquivo Pessoal)Fotos selecionadas registram a vida do candidato Roberto Robaina. Acima, duas imagens, uma delas na fundação do PSOL e a outra com a família. Ao centro, uma foto do lançamento do livro "A falência do PT", que escreveu junto com Luciana Genro, e uma escultura de Sócrates. O último registro lembra o tempo de militância na campanha pelas Diretas (Foto: Arquivo Pessoal)

Natural de Porto Alegre, Robaina é historiador e mestre em filosofia. Tem 46 anos e é casado com Inez Zacarias há dez. Tem um filho, Fernando, fruto de sua relação com Luciana Genro, atual candidata do PSOL à presidência e filha do também candidato ao governo do estado, Tarso Genro, que neste ano tenta a reeleição. Roberto era filiado ao PT, partido do qual se desligou para participar da fundação do PSOL com Luciana. Laços de família que persistem, exceto com o avô de seu filho. “Tenho uma boa relação com o Tarso, mas a única coisa que nos une é o Fernando. Faz muitos anos que nossos caminhos na política são diferentes”, diz.Roberto Robaina no escritório de sua casa, na Ilha

Roberto Robaina é o candidato do PSOL para a disputa de governador do RS (Foto: Felipe Truda/G1)Robaina afirma que vai lutar pela descriminalização

da maconha (Foto: Felipe Truda/G1)

Militante das causas socialistas, carrega a luta política desde a década de 1980, época do movimento estudantil no Colégio Júlio de Castilhos. Integrou a mobilização pelas Diretas, ingressou na União Nacional dos Estudantes (UNE). Ao falar do tempo no qual formou raiz ideológica, lembra Plínio de Arruda Sampaio, o “coringa” do PSOL, falecido no início de junho deste ano. “O pensamento político só tem vitalidade se estiver ligado à juventude”, reflete.



Roberto Robaina foi candidato ao governo estadual pela primeira vez em 2006, tentou se eleger deputado estadual em 2010 e disputou a eleição de 2012 para prefeito de Porto Alegre. Sem sucesso nas tentativas anteriores, acredita que está preparado e se posiciona como alternativa ao Piratini em 2015 ao lado da candidata a vice, Gabrielle Tolotti (PSOL).

Do sobrado, no topo da casa na Ilha da Pintada, Robaina observa o Guaíba, enxerga Porto Alegre por outro ângulo e cultiva a principal fonte de inspiração para a defesa de suas ideias. É na biblioteca, em meio a Marx, Lenin, Kant, Descartes e Freud que abastece o intelecto, mantém a mente sã e se prepara para mais uma batalha eleitoral.



Assista ao vídeo selfie gravado pelo próprio candidato, a pedido do G1:

 

 Na entrevista, o G1 pediu que Roberto Robaina respondesse três perguntas feitas a todos os candidatos. Confira as respostas abaixo.

– Na sua opinião, qual é o principal problema do Rio Grande do Sul?

São tantos problemas… Mas o principal é que temos uma parte grande do nosso povo vivendo numa condição de miséria. Só cadastrados no Bolsa Família são um milhão no estado. A tese falsa é que o Rio Grande do Sul é um estado rico. Mas são salários baixos, falta de perspectiva para a juventude. Falta espaço para cultura, lazer. Temos uma educação de péssima qualidade. São quase 700 mil analfabetos. Há uma continuidade de uma situação de dificuldade para a maioria da população e muitos privilégios para uma ínfima minoria que é quem controla a economia.

– E a maior virtude do estado?

É a cultura de combatividade que o gaúcho tem de uma certa herança histórica por ser um estado de fronteira, formado num processo de lutas, pela própria experiencia da guerra dos farrapos, das revoluções, e a legalidade, quando o estado se insurgiu contra a primeira tentativa de golpe militar em 1961. De um jeito ou de outro o povo carrega isso. Em junho de 2013, por exemplo, o Rio Grande do Sul foi pioneiro nas mobilizações populares. .

– Como o senhor vai mudar a vida dos gaúchos nos próximos quatro anos?

O ponto mais importante do nosso programa é a defesa da auditoria da dívida pública. A expressão máxima do privilégio da minoria é o pequeno número de famílias que é credor da dívida pública, o que faz que o estado drene R$ 13 milhões da renda líquida para sustentar o pagamento de cinco mil famílias no Brasil. São 500 famílias que se beneficiam. Queremos atacar o privilégio delas. Aqui, quanto mais se paga, mais se deve. Algo está errado. Vamos enfrentar os privilégios. Assim teremos recursos para investir no que o povo precisa.

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