Pesquisar
Close this search box.

Até quando o RS vai tolerar as farsas do marketing político

 

Stela Farias

Nas últimas semanas, o governo Sartori deu início a uma grande ofensiva publicitária, mirando à eleição do ano que vem. Uma retórica bem calculada, como já fez em outras ocasiões, quando também usou recurso público para fazer propaganda ideológica e partidária.

O colapso programado para colocar a população contra os serviços públicos nos últimos dois anos e meio teve consequências trágicas para a sociedade. Desde o aumento vertiginoso da criminalidade, a estagnação de um Estado que não tem política de desenvolvimento econômico, até o fechamento de escolas públicas e de hospitais, tudo sob a cantilena da falta de recursos, repetida à exaustão. Em dois anos e meio, a avaliação do governador ficou entre péssima e ruim, resultado direto de sua ineficácia como gestor em todas as áreas.

Daí a necessidade do marketing para resgatar e, quem sabe, inverter a imagem negativa de um governo acostumado a justificar suas ações, terceirizando suas responsabilidades, seja para fazer, seja para não fazer!

Para governar o Estado, Ivo Sartori prefere abrir mão do orçamento e do patrimônio público e repassá-los para a iniciativa privada. Faz parte da visão ideológica dos principais patrocinadores de sua eleição, em especial a obscura Agenda 2020, uma plataforma criada por um grupo de altos empresários para implementar o Estado Mínimo, abrindo mercado para negócios privados, com recursos e patrimônio público.

E para não governar, uma das primeiras medidas foi anular o ingresso de dois mil policiais militares que hoje já estariam trabalhando nas ruas, assim como 650 agentes da polícia civil, que também já estariam atuando desde o ano passado.

Às vésperas do pleito de 2018, fica claro que Sartori estava fazendo uma espécie de “poupança política”. Depois de criticar nomeações em serviços essenciais, agora anuncia um novo concurso para 6 mil e 100 vagas, sendo 4.300 para brigadianos, 1.300 para policiais civis e 500 para bombeiros. Subestima a inteligência da sociedade gaúcha porque aprovou uma Lei de Diretrizes Orçamentárias com cortes alarmantes na Segurança Pública. E porque entre a elaboração, aprovação pela PGE, publicação do edital, a elaboração do concurso, aplicação das provas teóricas, físicas, psicológicas e médicas, recursos jurídicos e posterior treinamento desse contingente, a população só poderá contar com o novo efetivo nas ruas em 2020, com algum grau de otimismo.

Mas é tempo de fazer anúncios! Não importa se vão se concretizar.

O curioso é que, às vésperas de uma eleição, depois de dois anos e meio do discurso da recessão, dos cortes, agora apareceram misteriosamente os recursos para a realizar concursos, para o plano safra, para asfalto, junto com o dinheiro para pagar anúncios caríssimos de TV.

O uso do marketing como instrumento de convencimento não é novidade quando se trata do governador Sartori. Foi exatamente assim que ele foi eleito. Sem apresentar programa de governo, repetindo as mesmas frases prontas, vazias, e que nem mesmo demonstram sua posição sobre temas fundamentais para o destino do Estado

Pois a novidade é que Sartori subestima a capacidade dos gaúchos e gaúchas de perceber que foram enganados na última eleição, exatamente pelo marketing bem construído, mas que teve péssimos resultados para a população.

Parece óbvio que não se resolvem questões reais e de profundo impacto na vida da população, com retórica e publicidade, muito menos ao apagar das luzes de uma gestão com anúncios que visivelmente não se concretizarão, quer seja por razões legais, quer seja por falta de tempo hábil.

Resta saber até quando os gaúchos e gaúchas vão tolerar as farsas bem ensaiadas e preferir arriscar com partidos e programas que já deram reiteradas provas da mais absoluta incompetência e falta de compromisso público.

Categorias

Categorias

Arquivos

Arquivos