A direita se venderá para ganhar as eleições de 2026?

Por Paulo Ubirajara Mendes. coronel da reserva

Correio do Povo

Por convicção e, após observar a cena política ao longo dos anos, fortaleci a crença e a certeza de que alianças com o Centrão podem até ser um mal necessário, mas devem ser pontuais. O Centrão tem, em seu DNA, a velha política familiar do “coronelismo”, dos “currais eleitorais” e da sistêmica corrupção nos pleitos municipais.

A inegável “folha corrida” do Centrão faz com que, de fato, ele seja a locomotiva do establishment, elegantemente travestida como uma “Maria vai com as outras”, que só está preocupada em manter a influência e o status quo e que, de uma direita autêntica, só lhe interessam os votos.

A prova dessa triste realidade, consubstanciada na sanha pelos votos dos parlamentares conservadores, está no “engavetamento tático” dos verdadeiros pleitos da direita nas casas legislativas. Anistia e impeachments foram todos empurrados para baixo do tapete e possivelmente de lá nunca sairão, pois todos os reis já estão confortavelmente instalados nos seus tronos e não querem fazer marola.

A anistia é pauta de pacificação nacional e, dessa forma, deve ser percebida, logo a direita precisa entender que seus votos devem ser condicionados ao atendimento dessa demanda. A direita também não pode esquecer que alguns, hoje caciques de partidos que ostentam a bandeira conservadora, também têm folha corrida, foram condenados e o assunto mensalão está aí na Internet para quem quiser pesquisar. A lógica é simples: nunca foi por ideologia, sempre foi por dinheiro e poder político.

Não gosto de estereótipos, mas não há como ignorar os políticos lacradores, verdadeiros deuses das caras e bocas nos vídeos das redes sociais. Em relação a esses, aproveito para chamar a atenção do leitor para que analise acuradamente aqueles que se dizem de direita e conservadores só para obterem os votos do povo, mas que não têm a resiliência, a firmeza ideológica e de propósitos necessárias para a luta. Logo, tendem, por comodidade, a se abraçar ao Centrão.

Pensando no próximo pleito e para que se possa fazer um bom voto, um voto consciente, é preciso desde já observar os políticos em seus apoios, gestos e alianças – sempre haverá, como pano de fundo, a narrativa dos valores e de preservar e unir a direita, mas fique atento com falsos profetas. Para que a direita brasileira se fortaleça, há que se aperfeiçoar e construir lideranças autênticas, que saibam quando e como devem dizer não ao Centrão, valorizando seus votos e suas posições e pautas.

As eleições de 2026 já começaram, as conversas e costuras de bastidores já correm soltas, assim é preciso agora analisar os discursos, tentando perceber o que é mera ilusão e manipulação da opinião pública e aquilo que tem verdadeiramente propósito. A vitória nas urnas, sem dúvida, é o centro de gravidade da questão, mas a direita verdadeira, para crescer, precisará também extirpar seus frutos podres e secos, que, em verdade, constituem-se em sua maior ameaça e fragilidade.

Por derradeiro, é preciso refletir e constatar que, na política, quem é ingênuo ou iludido acaba por ser manipulado e destruído. Temos exemplos de sobra. Amizades existem, mas são bem poucas, pois os acordos se sobrepõem a elas e, quando um político está fragilizado, os outros sentem o “cheiro de sangue” e, como hienas, se juntam para, regozijadas, dar-lhe o ocaso da defenestração final.

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