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Simon diz que deixa vida pública por decepção

Gabriela Lara, correspondente | Agência Estado

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) vai deixar a vida pública em 31 de janeiro de 2015, dia em que termina o seu quarto mandato como senador e, coincidentemente, completa 85 anos. Em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, em sua casa na capital gaúcha, ele reconheceu que a decisão de não concorrer novamente foi influenciada pela decepção com o caminho tomado pelo partido que ajudou a fundar.

Segundo ele, este é o pior momento vivido pelo PMDB, que ele ainda chama, na maioria das vezes, de MDB. "O mal no Brasil de hoje é esse sistema de ter 30 partidos vazios de conteúdo, votando com o governo para ganhar um cargo aqui e outro ali. E o MDB, maior partido do Brasil, ao invés de se rebelar, de ter uma palavra firme, também fica brigando por mais um ministério. O partido perdeu a consciência", afirmou, reconhecendo que, hoje, se sente isolado na legenda.

Simon, que já governou o Rio Grande do Sul e foi deputado estadual em quatro mandatos consecutivos, é um dos símbolos da ala contrária à aliança com o PT de Dilma Rousseff. Além de defender a independência do PMDB, Simon não acredita que a presidente tenha força política para fazer um bom segundo mandato. "O Lula tinha o grupinho dele, com quem discutia e debatia. Que se saiba a Dilma não tem", revelou.

Segundo Simon, hoje Eduardo Campos (PSB) seria o único capaz de governar o País sem ficar refém da política de troca-troca de cargos e favores. O senador gaúcho foi um dos articuladores da aproximação de Campos com Marina Silva, fará campanha para os dois e acredita que as divergências entre os dois acabam após o período de convenções e formação de alianças, no fim do mês. "Eles vão ter que botar panos quentes e seguir para frente. Há Eles têm condições de ir ao segundo turno, é só querer", disse.

Ele ainda diz que fez o que deveria ser feito no Senado. "Além disso, vivemos uma fase em que estou muito deslocado dentro do partido. Eu criei o MDB (antigo PMDB) e lutei a vida inteira por ele. E creio que esse é o pior momento que o MDB está vivendo. É o maior partido do Brasil e não apresenta candidato à Presidência. Houve um momento em que nós tínhamos maioria na Câmara, no Senado, nas Prefeituras, e daí fomos peça auxiliar do Fernando Henrique, peça auxiliar do Lula e agora da atual presidente. Vou ajudar no que puder. Aqui no Rio Grande do Sul, por exemplo, onde o PMDB sempre foi um partido diferente".

Quanto a decisão do PMDB confirmar o apoio do partido à reeleição da presidente Dilma Rousseff, ele diz que "o resultado ainda foi esse (favorável à aliança) porque o governo e o comando partidário agiram. Proporcionaram passagens, festas. Nunca os prefeitos foram tão convidados a ir a Brasília, e receberam uma ponte, uma estrada ou um trator. Esse resultado não representa as bases do MDB. No Rio Grande do Sul, o partido é muito contrário à participação no governo (da Dilma). O Estado aqui acompanha o que está acontecendo, tanto é que nas últimas eleições o PSDB ganhou aqui. Essa história de dizer que o comando do MDB é o (José) Sarney, o Renan (Calheiros) e o Jader (Barbalho) não tem nada que ver com o nosso partido. Eu não tenho nenhuma identidade como esse comando do MDB, assim como muita gente. Esse comando faz um troca-troca de cargos e alianças. O mal no Brasil de hoje, o que está de errado, é esse sistema de ter 30 partidos vazios de conteúdo, votando com o governo para ganhar um cargo aqui e outro ali. E o PDMB, maior partido do Brasil, ao invés de se rebelar, de ter uma palavra firme, também fica brigando por mais um ministério. O partido perdeu a consciência".

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