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Mudanças na CBF obrigam Dunga de 2014 a ser diferente do Dunga de 2010

Guilherme Costa, Ricardo Perrone e Vanderlei Lima
Do UOL, em São Paulo

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O visual de Dunga em sua primeira passagem pela seleção brasileira 8 fotos

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De jeans e casaco sobretudo, Dunga comandou a seleção brasileira contra a Costa do Marfim, na Copa de 2010 Eduardo Knapp/Folhapress

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O perfil demonstrado na passagem anterior pela seleção brasileira foi um dos motivos para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ter escolhido Dunga como sucessor de Luiz Felipe Scolari no comando da equipe nacional. Prestes a ser apresentado, porém, o novo treinador já sabe que terá de mudar drasticamente ao menos uma característica apresentada entre 2006 e 2010. Outrora centralizador, ele terá de dar mais ouvidos a pessoas que não farão parte da comissão técnica.

Dunga pôde moldar a seleção do jeito que quis na preparação para a Copa de 2010. Andrés Sanchez, chefe de delegação, e Ricardo Teixeira, presidente da CBF, praticamente não interferiam no trabalho. O treinador isolou jogadores na concentração, limitou o contato do elenco com a imprensa e cortou privilégios de parceiros da entidade, por exemplo.

Na época, o auxiliar-técnico Jorginho participava ativamente das decisões – ele chegou a comandar vários treinos da seleção. Mas a concepção do projeto foi toda feita por Dunga, que teve autonomia da CBF para isso.

Essa cultura da CBF foi repetida pós-Dunga. Muricy Ramalho foi o primeiro escolhido para assumir a seleção depois da Copa de 2010 e também recebeu liberdade para desenhar o projeto voltado aos quatro anos seguintes – depois de conversas, ele acabou não fechando contrato e abrindo caminho para Mano Menezes. O único pedido de Ricardo Teixeira, que na época presidia a entidade nacional, foi uma renovação da equipe.

Só que essa situação mudou. José Maria Marin, atual presidente da CBF, é muito mais participativo. Em abril de 2012, o dirigente admitiu publicamente ter pedido ao então técnico Mano Menezes para ver com antecedência as listas de convocados antes de elas serem levadas a público.

A prática continuou no período do técnico Luiz Felipe Scolari. Marin exigia ver listas de convocados 48 horas antes do anúncio oficial dos nomes e podia barrar quem quisesse.

Marin também gosta de telefonar para os jogadores e falar pessoalmente com eles, seja individualmente ou em grupo. No dia da derrota por 7 a 1 para a Alemanha, no Mineirão, por exemplo, o presidente da CBF conversou duas vezes com os atletas – uma antes e outra depois da partida.

Dunga ainda terá de lidar com Alexandre Gallo, responsável pelas categorias de base, e Gilmar Rinaldi, coordenador de todas as seleções brasileiras. Os dois têm projetos para o futuro da equipe nacional, e isso afetará diretamente o trabalho do novo treinador.

Gallo, por exemplo, é autor de um projeto adotado pela CBF para renovar a seleção brasileira, integrando equipes amadoras e o time profissional. O plano contempla até uma cota para atletas mais jovens no time de cima, o que teria efeito no trabalho de Dunga.

Antes da Copa de 2010, ao ser questionado sobre razões para preterir Neymar e Ganso, que na época eram estrelas emergentes, Dunga respondeu que tinha de se preocupar apenas com o time que jogaria o Mundial na África do Sul. Ele teve poder para fechar a equipe nacional a revelações e priorizar um time mais experiente.

A confiança da cúpula da CBF em Gallo é tão grande que ele é cotado para dirigir o time olímpico. Nos Jogos de Pequim-2008, Dunga acumulou esse cargo com a seleção principal e conquistou medalha de bronze.

Além de se ajustar ao plano de Gallo, Dunga terá de se adequar ao chefe direto Gilmar Rinaldi. Os dois foram atletas da seleção que conquistou o tetracampeonato mundial em 1994 e mantêm bom relacionamento até hoje.

Determinante para a volta de Dunga ao comando, Rinaldi é homem de confiança de Marin e Marco Polo del Nero, presidente eleito da CBF, que assumirá o poder em abril de 2015. O coordenador recebeu a missão de planejar o futuro da seleção principal, e o técnico terá de cumprir essas metas.

Nova comissão técnica terá Cebola, mas não Jorginho

Além de Dunga, a CBF começou a remontar a comissão técnica da seleção brasileira, que foi esfacelada depois da Copa de 2014. O treinador será acompanhado por Andrey Lopes, conhecido como Cebola, que foi auxiliar dele no Internacional.

A mudança é significativa. Na primeira passagem pela seleção, Dunga foi acompanhado por Jorginho, lateral direito tetracampeão mundial em 1994. Ele era o principal interlocutor do técnico e chegou a comandar muitos treinos da equipe nacional.

Depois da Copa, porém, os dois se distanciaram. A ausência do antigo auxiliar na atual comissão técnica também tem a ver com avaliação da CBF sobre o Mundial da África do Sul: a cúpula da entidade acha que o comportamento de Jorginho criou desgastes desnecessários no grupo – o fervor religioso dele é apontado como um dos motivos para dividir o elenco.

Os outros nomes da comissão técnica ainda são incertos. O preparador físico Fabio Mahseredjian é o nome mais cotado na CBF, mas disse que ainda não foi procurado. O mesmo vale para o médico Paulo Forte, que já trabalha nas seleções de base.

 

Veja os recordes negativos batidos pela seleção em 2014
  • Pior defesa de um anfitrião 

    Com 14 gols sofridos, o Brasil superou a Suíça como anfitrião mais vazado na história das Copas. Os europeus haviam tomado 11 gols em 1954.Foto: Danilo Verpa/Folhapress

  • Goleiro mais vazado 

    Júlio César superou Taffarel como brasileiro que mais tomou gols em Copas. O arqueiro da Copa de 2010 e de 2014 chegou aos 18 sofridos contra 15 do jogador do tetracampeonato.Foto: AP Photo/Themba Hadebe

  • Pior defesa 

    Com o atual formato da Copa, com oito grupos, o Brasil se tornou a pior defesa da história. Com 14 gols, deixou Coreia do Norte, 12, e Arábia Saudita, 12.Foto: AP Photo/Hassan Ammar

  • Cartões amarelos 

    Brasil recebeu 13 cartões amarelos na Copa de 2014 e se tornou o recordista de advertências na história.Foto: EFE/EPA/JOSE COELHO

  • Maior goleada da história 

    Na goleada por 7 a 1 contra a Alemanha, o Brasil sofreu a maior goleada da sua história no futebol. Antes, a marca era de 1920 na derrota por 6 a 0 para o Uruguai.Foto: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS

  • Cartão mais rápido 

    Contra a Holanda, Thiago Silva foi punido com apenas 98 segundos após cometer pênalti. Essa foi a advertência mais rápida das Copas.Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA

  • Pior derrota em Copas 

    Antes havia sido o 3 a 0 para a França na final de 1998. Agora, essa marca é de 7 a 1 para a Alemanha.Foto: Reuters

  • Gols sofridos 

    O Brasil também chegou ao pior desempenho de sua defesa em uma Copa do Mundo ao ser vazado 14 vezes. Antes, o recorde era de 1938 com 11 gols sofridos.Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

  • Pior derrota de um anfitrião 

    O próprio Brasil vencera a Suécia por 5 a 2, mas essa derrota dos donos da casa de 1958 foi superada no duelo contra a Alemanha neste ano.Foto: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS

  • Maior goleada entre campeões 

    Também contra a Alemanha, o Brasil sofreu a maior goleada em um duelo entre campeões do mundo. Antes a marca era dos jogos entre Alemanha 4 x 0 Uruguai, em 1966, e Alemanha 4 x 0 Argentina, em 2010.Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

  • Gols sofridos em um jogo 

    Os sete gols sofridos pelo Brasil superaram a marca de 1938, quando venceu a Polônia por 6 a 5. Aquela era a ocasião em que a seleção mais havia sido vazada.Foto: Martin Rose/Getty Images

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