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Fatos em Foco 09.05.2014

Périplo de Bernardo

Em 16 de dezembro do ano passado, o Ministério Público instaurou procedimento administrativo para apurar que Bernardo, 11 anos, sofria negligência afetiva por parte do pai e da madrasta. Toda a cidade, a escola, o Conselho Tutelar, o Creas, o MP e a Justiça, sabiam que ele tinha “medo”, vivia em “abandono”, “em situação de risco”, sujo, malvestido, por vezes desnutrido. Sozinho, na manhã de 24 de janeiro, Bernardo foi ao fórum pedir ajuda. Pelo juiz, ele foi encaminhado ao Cededica, onde consta um relatório que ele declarou “estar sofrendo maus-tratos em casa, principalmente por parte da madrasta, recebendo ofensas verbais, além de dizer que estava com medo e sentindo-se inseguro”. No mesmo dia ele foi levado à promotoria da Infância e da Juventude que o ouviu. 70 dias após esse contato (04/04/2014), Bernardo desapareceu e foi morto.

 

Périplo de Bernardo II

A assistente social Edelvânia, amiga da madrasta do menino, em depoimento à polícia no dia 14 de abril, confessou participação no assassinato de Bernardo, iniciando por enfatizar que era muito dinheiro e, era só abrir um buraco e ajudar a colocar o menino dentro. Disse que Graciele (Kely), madrasta, planejava há muito tempo a morte do menino, inclusive já teria tentado matá-lo usando um travesseiro, e que o pai não sabia, mas ia dar graças de se livrar do incômodo. Em sua última trajetória, o menino saiu da escola ao meio dia de 4 de abril e rumou para a morte, iludido pela madrasta de que iria comprar uma televisão para ele e levá-lo a uma benzedeira em Frederico Westphalen. Antes de saírem de Três Passos, Kely deu um remédio para o menino dormir, mas não fez efeito, então em Frederico ela repetiu a dose, contou Edelvânia para a polícia.

 

Périplo de Bernardo III

Naquela cidade, na companhia e no carro de Edelvânia, conduziram o menino, e desculpe a comparação, tal qual um bezerro sendo levado para o abate, com destino ao local onde seria morto e enterrado, porém, no trajeto, cruelmente, Kely repetiu ao menino que estava indo a uma benzedeira, mas para isso precisava fazer-lhe um “piquezinho na veia” e mandando ele deitar-se numa toalha de banho, aplicou-lhe uma injeção na veia do braço esquerdo, e ele foi “apagando”. Depois de tirar a roupa – uniforme da escola – e os tênis, colocaram o menino no buraco e Kely jogou soda sobre o corpo dele e ambas o cobriram com pedras e terra. Pelo trabalho Edelvânia teria recebido de Keli, no dia 2, R$ 6 mil. O valor total seria R$ 20 mil, mas Kelly teria se disposto a pagar o total de R$ 96 mil que faltava para Edelvânia quitar o apartamento.

 

Impiedosas assassinas

Kelly teria revelado à Edelvânia todo o plano: dopar o menino e depois aplicar uma injeção letal na veia. Teria pedido a Edelvânia um local para “consumir” o corpo. No mesmo dia, 2 de abril, as duas teriam ido ao local e começado a cavar com uma enxada, mas como estava difícil, decidiram comprar outras ferramentas, além de um produto para “diluir rápido o corpo e que não desse cheiro”. Naquele dia Kelly teria dito que voltaria com o menino "na quinta ou sexta-feira e que de segunda-feira não passaria". Na quinta-feira, dia 3, Edelvânia voltou ao local e terminou de fazer a cova. Como planejado, na sexta-feira (4), lá estava Kely com o menino e o crime foi consumado. 

 

Participação do pai

Além das contradições, há inúmeros indícios que levam à conclusão de que o pai teve conhecimento dos fatos e preferiu acobertar e proteger a assassina, mesmo que a vítima fosse o seu próprio filho. Aparentava estar feliz, pois segunda-feira (7) chegou cantando no hospital, enquanto que o filho estava desaparecido e toda a comunidade a procurá-lo.

 

Artimanhas

Os advogados de defesa, tão logo constituídos, montaram suas artimanhas de defesa. Edelvânia voltou atrás dizendo que só ajudou enterrar a vítima. A madrasta alega que foi acidental a morte. E Leandro (pai) nega qualquer participação. Ora, isso é subestimar a inteligência das pessoas. Há defensor falando em perdão, espiritualidade, coração manso. Só que a justiça não tem que perdoar nada. Os jurados hão de ter discernimento.

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