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Entrevista com Deputado Federal Jerônimo Goergen (PP)

“A inclusão de meu nome, sem receio de errar, é em razão de que o grupo que liderava o partido apontado e conhecido pelos depoimentos precisava incluir o PP gaúcho em qualquer acusação para impedir nossa reação”.

 

                                                                                                                       “O que mais me dói é andar na rua com a impressão de que todos me condenam; ter vergonha por algo que não fiz!”

 

No dia 6 de março do presente ano, acatando representação formulada pela Procuradoria Geral da República, o ministro do STF, Teori Zavascki, determinou abertura de inquérito para serem investigados 35 políticos pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, dos quais cinco são deputados e um ex-deputado do PP gaúcho, entre eles, o deputado Jerônimo Goergen, originário de Santo Augusto, aqui da Região Celeiro. Para falar sobre a inclusão do seu nome no esquema, o deputado Jerônimo concedeu a seguinte entrevista:

 

Deputado, a representação criminal formulada pela Procuradoria-Geral da República e acatada pelo STF, envolvendo o seu nome, entre outros, noticiando suposta prática dos crimes de Formação de Quadrilha, Corrupção Passiva e Lavagem de Dinheiro, surpreendeu a todos, principalmente seus eleitores da base eleitoral. Sem rodeios, o senhor está envolvido no esquema?

Eu primeiro agradeço ao Jornal O Celeiro por me oportunizar tratar deste lamentável assunto. A surpresa dos meus eleitores é a mesma minha. Eu jamais imaginei um dia algo dessa natureza envolvendo meu nome e principalmente meu sobrenome que não me pertence, mas pertence a um dos homens mais dignos que eu já conheci que é meu pai que me deu sua história e seu passado. No Brasil a maioria dos corruptos diz quando descobertos que nada sabem. Mas o que fiz e é dito pelo próprio delator foi derrotar a ala podre do PP pelo que conta na delação. Assim tenho muita tranquilidade em afirmar: “Nunca faria com a história da minha família, do meu município e com a minha algo que manchasse essa história que sempre honrei”.

 

Parece bem convincente sua alegação de inocência. Então, a que o senhor atribui a inclusão do seu nome no esquema?

Primeiro que não há menor condição de ter participado de uma roubalheira como esta que o meu e outros partidos fizeram nem sendo Deputado Federal. É nisto que embaso minha afirmação. Eu não estava aqui e nem relação tinha com o comando partidário ainda mais que o Rio Grande do Sul há anos é contra a atuação do Diretório Nacional. A inclusão de meu nome, sem receio de errar, é em razão de que o grupo que liderava o partido apontado e conhecido pelos depoimentos precisava incluir o PP gaúcho em qualquer acusação para impedir nossa reação. Também tenho uma guerra com o atual governo que tem o PP como aliado, lamentavelmente. A citação do meu nome é um único sim e por istohoje sou investigado. Afirmo que a questão foi política.

 

O ministro Teori Zavascki determinou instauração de inquérito para apuração dos fatos noticiados na representação. O senhor já prestou depoimento à Polícia Federal sobre o caso?

No dia em que saiu a lista gravei um vídeo conclamando os brasileiros para irem às ruas contra a corrupção. A noite aguardava a esperada lista para opinar sobre ela. Minha vida mudou naquela noite. Eu estava no maior evento de telefonia celular do mundo com sede na Espanha e cabe salientar sem nenhum gasto público como alguns hipócritas conjuminaram que teria ido com verbas públicas. Sou autor do Marco da Telefonia e fui a convite do setor privado, mas o pré-julgamento é normal para um episódio desta proporção. E para os mal intencionados tudo piora. Quando cheguei agi imediatamente. Hoje, dos mais de 50 investigados sou o “único” que de fato entregou os sigilos “todos”, que são públicos, no STF e pedi para depor. Assim as diligências com relação a mim já estão com o STF e o MPF aguardando a conclusão do inquérito. Eu acredito na Justiça e disse isto em meu depoimento. Eu não tenho nada com isto mas a roubalheira no Brasil precisa ser investigada até o fim e no final os culpados precisam pagar pelos crimes. Não aceito estratégias processuais, quero ser investigado até o fim e lá ter provada minha inocência.

 

Seu depoimento já está no STF e seguirá para o Ministério Público Federal oferecer denúncia ou, se julgar improcedentes as acusações, pedir o arquivamento. Qual é a sua expectativa a respeito? Existe prazo para essa decisão do MPF?

Sim são só 4 que lá estão. O que demonstra meu destemor. Volto a dizer: não estava em Brasília quando este absurdo ocorreu. A parte que me envolve avançou justamente porque eu pedi para depor e entreguei meus sigilos buscando ajudar a investigação e volto a dizer o único que de fato fez isto. Mas mesmo assim é imprevisível afirmar o tempo que levará o inquérito, mas tecnicamente já há condições para a decisão do Ministério Público Federal (MPF). Eu espero o arquivamento, pois reafirmo “não convivi com nenhuma prática como a investigada ‘nunca’ e, ao grupo político citado fui sempre oposição interna no partido e a imprensa nacional sempre noticiou isto”.

 

O desgaste político já existe. Se inocentado, o senhor vê possibilidades de recuperar o prejuízo político?

O desgaste não é político, só é sim pessoal. Sofri e sofro a cada dia. Sou uma pessoa triste! Tenho vergonha pelas explicações que minha família, amigos eapoiadores têm que dar para algo que não fiz… Pelo pré-julgamento… Na justiça eu acredito e, sair desta tragédia sairei. O desgaste é recuperável, o que não sei se é, é a minha própria vontade de seguir neste caminho. Recebo muito apoio e muito estímulo, aliás, de quem jamais esperei recebi carinho e de alguns poucos, dos quais jamais imaginei sofri a crítica maldosa, mas com relação a estas tenho tentado não guardar mágoa nenhuma porque compreendi que num país que se consome pela corrupção é normal o pré-julgamento.

 

O seu futuro político.

Tenho uma única prioridade na vida: ser inocentado. Após isto o futuro a Deus pertence. Enquanto isto sigo cumprindo meu mandato com muita dedicação, legislando como por exemplo a nova lei do motorista ou ajudando as comunidades como os recursos para o Hospital Bom Pastor.

 

Esse episódio afetará o partido nas eleições municipais do ano que vem?

Afetará o PP e muitos outros. O modelo eleitoral faliu. Mais do que nunca, neste momento o que vale são as pessoas. O pior é que a reforma eleitoral proposta não será, no meu ponto de vista, a solução. Todos os partidos, em Brasília, perderam a condição de representar pensamentos. O fisiologismo domina. Mas quero estar sempre livre para apoiar os candidatos em 2016 e depois junto com todos definirmos nosso futuro.

O que mais me dói é andar na rua com a impressão de que todos me condenam, mesmo que nem saibam quem sou; neste momento não tenho sonhos… Esperar pela justiça quando a rapidez não te pertence…, ter vergonha por algo que não fiz…, achar força para fazer tua família viver… Sofrer, tem sido minha vida, afirmo isto sem demagogia nenhuma.

Ganhar apoio de muitos e pré-julgamento de outros; aos primeiros agradeço de coração, aos demais recebo até a injusta crítica mas compreendo. Esta é a hora do país ser passado a limpo. Quem tem culpa precisa pagar e aos demais lembro o nosso Mário Quintana: “eles passarão…”

Minha querida Santo Augusto: há doze anos peço voto de cada um de vocês e sempre tive o compromisso de honrá-lo. Daqui para frente tudo o que importa é mostrar que sigo honrando, aliás, para tudo que vocês confiaram e confiam em mim só tenho uma obrigação: honrar a vocês e minha terra que me orgulha por ter me dado a trajetória que pretendo retomar com a paz, dignidade e muito trabalho. Confiem em mim, jamais faria algo para envergonhar cada um dos que confiam em mim. Continuarei sendo sempre o mesmo Jerônimo criado na Rua Tiradentes que um dia pensou em levar nossa terra a outros caminhos. Seguirei lutando enquanto valer a pena.

 

 

 

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