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Bairro 3 – Divulgando os bairros III

Bairro Tiradentes

Presidente: Gessé da Silva

Na condição de presidente da Associação de Moradores do Bairro Tiradentes, e também presidente da UBASA (União de Bairros de Santo Augusto), Gessé da Silvaconversou com a reportagem. Incialmente, disse que o bairro Tiradentes é composto por cerca de 100 famílias, totalizando, aproximadamente, 400 pessoas. Do ponto de vista da convivência entre os moradores, é muito bom. Quanto ao saneamento básico, o que lhes é oferecido se restringe apenas à rede de água e de energia elétrica.

Até o ano passado a associação utilizou como sede o prédio da antiga Escola Municipal Tiradentes, desativada há vários anos. No entanto, sob a alegação de que naquele prédio será instalado o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), a administração municipal lhes pediu que o desocupassem. Portanto, a Associação está sem sede, mas o prefeito, segundo Gessé, comprometeu em providenciar outro local para abrigar sede.

 Prédio da antiga escola Tiradentes

Quanto à criação do CRAS no bairro, o presidente disse não ter dúvidas que trará grandes benefícios para as famílias, já que a imensa maioria carece, efetivamente, desses serviços, uma vez que são de extrema vulnerabilidade social. A expectativa foi criada, resta saber se esse projeto vai ser concretizado, pondera o presidente.

Escolas – No bairro não há escolas, pois a única que tinha (Escola Tiradentes) foi desativada. As opções para os estudantes moradores no bairro Tiradentes são, o Ciep (em outro bairro mas bem próximo), a Escola São João, e a Escola Sol Nascente.

Templos religiosos – O bairro só conta com um tempo religioso, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Áreas de lazer – No bairro não existe nenhuma área para o lazer. O único que existia era a quadra de esportes no pátio da antiga escola Tiradentes, mas está deteriorada e totalmente impraticável.

Calçamento de ruas – Na verdade só há calçamento na rua principal, ou seja, na Avenida Central. Todos os anos eleitorais, durante as campanhas políticas, os candidatos prometem que, se eleitos, a prioridade será o calçamento das ruas do bairro, com ênfase às ruas Guaíba, Quintino Pereira e Ladislau. Na última campanha eleitoral não foi diferente, mas, já passado um terço do mandato do atual prefeito, a resposta que se tem é que o calçamento das ruas do bairro está incluído no projeto de mobilidade urbana encaminhado à Brasília.

 Rua Guaíba

Carência social – Se formos ver, o nosso bairro é o menor da cidade, e por incrível que pareça, é o mais carente. Inclusive, na última campanha eleitoral uma candidata à vereadora entrou no bairro, e após algumas visitas pedindo voto comentou: “Bah! Eu não pensava que tivesse gente vivendo nessas condições”. Indignado, o presidente desabafa: “se os políticos não fossem nos bairros só em épocas de campanha eleitoral, se participassem mais, comparecessem nas casas e conhecessem as necessidades que lá existem, talvez eles não tratariam com tanto descaso essa gente humilde”.

Passeio público – Mesmo sendo a única rua calçada no bairro, a Avenida Central, “não possui passeio público”, as pessoas têm de caminhar pelo leito da rua, disputando espaço com os veículos, correndo risco de serem atropeladas. As demais ruas então, nem calçamento têm, que dirá passeio público, queixa-se Gessé.

Limpeza pública – É precária, há muita sujeira, inclusive o entulho permanece por semanas, até um mês ou mais, acumulado na rua.

Saúde pública – O atendimento à saúde pública no bairro é bastante precário. Mas já esteve pior, ficou cerca de dez anos sem agente de saúde, mas agora tem uma agente de saúde prestando serviços aos moradores. Com relação ao posto Novo Milênio, que funciona no prédio do Ciep, há falta de médicos, o que causa problemas aos usuários, levando para atitudes inadequadas no atendimento, onde enfermeira passa a fazer às vezes do médico na prescrição de medicamentos. Aliás, isso aconteceu comigo próprio, disse o presidente Gessé. Conta que diante da afirmativa da enfermeira de que seria desnecessário procurar outro médico, pois o remédio que ele iria lhe receitar seria o mesmo que ela estava receitando. Sugere que, para evitar casos como este, deveria ter dois médicos naquele posto, ou um que atendesse o dia todo. Além da falta de médicos, Gessé queixa-se da precariedade no atendimento, referindo as intermináveis filas. Apesar das mudanças na tentativa de acertar, os gestores da saúde ainda não acertaram e do jeito que estão conduzindo não vai dar certo. É inconcebível que pessoas vão às duas horas da manhã para a fila para conseguir uma ficha, enfrentando muitas vezes as intempéries, frio e até chuva, visto não haver abrigo para se protegerem, denuncia.

Desmotivação nos bairros – Pela falta de incentivo por parte do Poder Público, os bairros estão desmotivados e diretorias desistindo. O presidente do bairro arca com uma responsabilidade muito grande, para todos os problemas, a qualquer hora do dia ou da noite, os moradores recorrem e cobram é do presidente, mas este, por sua vez, mesmo tentando buscar a solução, não encontra guarida na administração municipal. O presidente queixa-se, também, dos vereadores. “Quem acompanha a vida, os problemas dos moradores e tenta resolver, é o presidente do bairro”. No entanto, os vereadores que se dizem os representantes, ganhando quase R$ 4 mil por mês, sequer comparecem nos bairros, muito menos conhecem os problemas lá existentes. Quando sai uma festa eles comparecem, mas na casa dos moradores, onde estão as pessoas necessitadas até mesmo da simples atenção, eles não chegam. Dos atuais vereadores, a única que dá atenção aos bairros é a vereadora Tânia, concluiu.

Esporte – Foi liberado, pelo governo federal, um recurso de R$ 200 mil destinados para melhoria de quadras de esportes nos bairros, mas até agora nada aconteceu. Quanto às práticas esportivas, há entendimentos com o presidente do Departamento de Esportes para a retomada do “torneio da UBASA”, envolvendo todos os bairros da cidade, que será promovido pelo DESA, com apoio da UBASA.

Segurança pública – Há dois fatores importantes com relação à segurança pública no bairro Tiradentes que merece destaque. Primeiro, é que a população do bairro é ordeira e não há invasão de intrusos; segundo, é que a Brigada Militar rotineiramente faz a ronda nas ruas do bairro, transmitindo a sensação de segurança aos moradores.

Comércio e prestação de serviços – No bairro existem três minimercados. Na prestação de serviço não há empresas estabelecidas, mas sim vários profissionais autônomos, como eletricista, encanador, pedreiro, pintor, e outros.

Habitação – No bairro Tiradentes, nenhum morador tem escritura do terreno onde mora, só há contrato de compra e venda. A maioria dos moradores mora em condições subumanas, precárias, mas não consegue entrar no programa social de habitação porque não tem a escritura do terreno.

Assistência social – No bairro há muitas pessoas idosas, desassistidas, doentes, passando fome, morando em casas sem nenhuma condição de habitação humana, enfim, jogadas à própria sorte.

Bolsa Família – No bairro Tiradentes tem várias famílias extremamente carentes que “não são contempladas com o programa Bolsa Família”, e outras “que não precisam” estão sendo beneficiadas.

R$ 250,00 mensais – Para se manter um bairro não é fácil. Teria de haver um incentivo financeiro da prefeitura. Na última campanha eleitoral, o segmento político que venceu a eleição e hoje está no poder, prometeu que, caso fossem eleitos, destinariam, mensalmente, R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) para cada bairro a título de auxilio e incentivo. Já estamos indo para a metade do mandato e essa promessa ainda não foi cumprida. Se viesse esse auxilio não precisava o presidente do bairro tirar dinheiro do bolso para pagar água, luz ou outras necessidades.

Considerações finais – O presidente Gessé vê como uma necessidade que o município crie lei permitindo remuneração aos presidentes de bairros, ou qualquer um outro meio de incentivo financeiro. Sugere que, para não significar aumento de despesa, que se reduza o salário dos vereadores, já que eles são eleitos para representar a população, mas desconhecem a situação dos moradores dos bairros, onde muita gente, principalmente crianças e idosos, sofrem problemas diversos, inclusive “fome”, e a única pessoa que lhes dá atenção é o presidente do bairro. “O vereador é eleito para representar o povo, mas se ele não vê e não conhece os problemas do povo, como é que vai representá-lo”, questiona.

 

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