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Dia 25 de julho comemoramos o Dia do Colono e do Motorista

Na próxima quarta-feira, 25 de julho, é o Dia do Colono e do Motorista. Aos seus profissionais a homenagem deste semanário.

Colono

 Colono era o trabalhador rural estrangeiro que veio para o Brasil logo após o fim da escravidão, no fim do século XIX e início do século XX, para substituir os escravos nas lavouras, em especial as de café.

Eles trabalhavam em regime de colonato, moravam em casas dentro da fazenda, trabalhavam nas lavouras e recebiam em troca uma parte da colheita ou então podiam cultivar para seu próprio sustento em certas partes da terra.

Eram trabalhadores livres e chegavam ao Brasil com o sonho de, com seu trabalho, comprar terras no país. Muitos colonos conquistaram sua independência e até se tornaram grandes fazendeiros no país.

Hoje, aqui no Sul do país, onde a imigração foi mais forte, a palavra “colono” ainda é usada para os trabalhadores rurais que tiram da terra seu sustento e para os descendentes dos antigos colonos. Existem as feiras dos colonos, onde eles vendem, sem intermediários ou atravessadores, de frutas, legumes, verduras, hortaliças variadas saindo diretamente do campo para a mesa dos consumidores, entre outros produtos coloniais, além de artesanatos.

Assim, eles produzem a maior, a mais inteligente riqueza que a humanidade pode acessar, no entanto, estão cada vez mais desvalorizados, excluídos, com menos possibilidades de permanecerem viáveis e sustentáveis em seu meio de nascença e existência, o meio rural.

Estão envolvidos na produção de alimentos e matérias-primas que fazem girar continuamente o ciclo da vida, no entanto, são geridos por normas, barreiras sanitárias e comerciais, legislações previdenciárias, trabalhistas, econômicas e ambientais, regras, programas governamentais, cheios de armadilhas.

O colono sofre a precariedade de infraestrutura rural, saúde, educação, dificultando sua permanência no meio rural.

Devido a isto, a grande maioria dos agricultores está cada vez mais pobres, com as terras esgotadas, em boa parte as construções/casas caindo de velhas, com os equipamentos/máquinas obsoletos, e cada vez mais, usam menos tecnologia, diminuindo as produtividades e a renda rural.

Os colonos precisam de apoio real dos governos, lideranças e setores da sociedade. É preciso fortificar o processo de sustentabilidade da agricultura familiar, pois ela, ainda é “a galinha dos ovos de ouro da sociedade”.

Luiz Carlos Pommer, colono e vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Augusto, expõe sua opinião sobre o tema, colono:

O momento que o pequeno agricultor vive talvez seja o pior de todos os tempos. Tínhamos algumas conquistas que foram sendo descartadas ou deixadas de lado, pelo governo. Havia o financiamento bancário para compra de plantadeiras, equipamentos, vacas leiteiras, trator, a 2,5% de juro ao ano. Nós tínhamos o crédito fundiário, mais de cinco mil operações no Rio Grande do Sul nos últimos quinze anos, que era um crédito que começou em R$ 40.000,00, passou para R$ 80.000,00 e se tinha dinheiro para o pequeno agricultor, seu filho principalmente, comprar um pedaço de terra, de quatro, cinco ou seis hectares, fazer um projeto produtivo de leite, de fruticultura, engorda de suínos ou mesmo um aviário, e continuar no meio rural, mas isso não existe mais, há mais de dois anos está parado. As casas novas, nosso sindicato já distribuiu mais de cem casas novas em nosso município, mas, tanto no interior quanto na cidade, o projeto parou, não sai mais nada. Na questão dos bancos, está complicado pegar o crédito, porque são cada vez maiores os complicadores para que o pequeno agricultor acesse o crédito, os bancos exigem matrícula atualizada do imóvel, avalista. Isso fez com que, nos últimos dois anos, 20% dos pequenos agricultores arrendassem suas áreas de terra para grandes produtores e deixando sua produção de lado.

Outra dificuldade que nós temos é na questão do pequeno produtor colocar os produtos no comércio local. Hoje não se pode mais vender na cidade ovos, queijo, leite, frango. Isso é um problema sério, porque o pequeno produtor não consegue se manter somente com a soja. A questão do leite, há sete anos, Santo Augusto tinha 420 produtores de leite, eu mesmo produzia, hoje, contamos com 150 ou 152, segundo dados da prefeitura municipal. Portanto, são quase 300 famílias que deixaram a atividade. A derrocada aconteceu nos últimos dois anos por causa do preço do leite, que caiu demais, ao passo que os insumos subiram. Então, tudo pesa contra o colono.

Permanecer o meio rural

Acredito que o colono tem que estar até feliz porque o interior ainda é o melhor lugar para se viver. A energia elétrica, o agricultor paga 50%, ao passo que, na cidade, é 100%, pela água se paga R$ 10,00 ou R$ 15,00, enquanto na cidade tem famílias pagando mais de R$ 100,00. Tem ainda a questão da segurança, está muito complicado viver na cidade. Não é que não tenha banditismo no interior, tanto que volta e meia acontece algum furto ou roubo, mas ainda é 99% mais tranquilo do que na cidade. Também na questão dos alimentos, porque o agricultor que produz seu alimento deixa de pagar os valores elevados cobrados na cidade e ainda pode ganhar renda com sua comercialização em feiras livres. Então, aquele colono que puder permanecer no interior, deve permanecer, porque é o melhor lugar para se viver.

Incentivos

Existe cerca de 150 produtores de leite e existem os grupos de máquinas, que foi uma iniciativa muito boa, porque trouxe trator para a comunidade, enciladeiras, carretões, mas o problema é que é só para esses grupos de produção de leite. Ou seja, temos mais de mil produtores no município, mas praticamente só esses grupos de produção de leite são atendidos. Então, temos cerca de 800 pequenos produtores no município que não tem maquinário e teríamos de achar um meio de também a prefeitura municipal colocar tratores e maquinários para grupos de pessoas que plantam milho, soja, que tem sua horta, pomares. Afinal, segundo dados do ICMS, cerca de 65% da arrecadação vem do interior e a gente sempre questionou, quanto disso volta para o interior? Estradas, outro problema que em nada estimula o produtor, porque ele sofre com estradas precárias para escoar sua produção.

Motorista

Como já dito antes, também, no 25 de julho é comemorado o Dia do Motorista, por ser a data dedicada a São Cristóvão, santo padroeiro dos motoristas.

É uma data especial para prestar-se homenagem aos profissionais do volante, seja o chofer particular, de confiança que ouve tantas confidências, sejam motoristas de táxi e de ônibus, que vivem tensos ante a possibilidade de assaltos, que vivem no dia-a-dia, as barbeiragens daqueles que dirigem sem cuidado, que suportam o ruído das ruas e a irritação de passageiros nervosos, que mesmo expostos a tantas neuroses têm que manter a calma e a serenidade.

Seja o caminhoneiro, herói de tantas jornadas pelas estradas cheias de surpresas e perigos, que escreve sobre o asfalto a história do nosso progresso; motorista das longas vigílias, que passa dias e dias distante da família, que enfrenta sol e chuva, estradas boas e ruins, à mercê dos defeitos mecânicos e expostos à imprudência de alguns irresponsáveis que eventualmente dirigiam pelos mesmos caminhos.

A rotina do motorista de ambulância

Eles estão rotineiramente nas ruas e estradas driblando o trânsito e, por vezes, até engarrafamentos, e correndo contra o tempo para aliviar o sofrimento dos que precisam de socorro imediato em unidades hospitalares. São os motoristas de ambulâncias que diariamente transportam pessoas e com muita agilidade ajudam a salvar vidas.

Tais tarefas exigem dos motoristas de ambulância precisão e doação de seu próprio tempo. Esses condutores correm riscos de vida diariamente, visto que as condições de trabalho na maioria das vezes são precárias, estradas esburacadas e com grande fluxo de veículos.

Os motoristas de ambulâncias ficam expostos a condições insalubres de trabalho e na maioria das vezes terminam auxiliando no atendimento, como afirma ANTÔNIO DA SILVA (Antoninho), em entrevista concedida ao semanário.

Equipe de motoristas das ambulâncias da Secretaria Municipal da Saúde de Santo Augusto

Antônio da Silva (Antoninho – camisa azul, de óculos), motorista de ambulância junto à Secretaria Municipal da Saúde de Santo Augusto, há 27 anos na profissão, diz que apesar de todo o desgaste físico e emocional, sente-se orgulhoso e muito feliz em poder ajudar a salvar vidas.

Conversando com a reportagem, Antoninho assim se manifestou:

Motorista de ambulância

 Rotina

Eu gosto do que faço. Me coloco no lugar daquela pessoa que estou transportando deitada numa maca, e faço sempre o melhor para que ela chegue bem, com vida, ao destino onde é buscado o recurso. E a gente não faz só o transporte do paciente, acompanhamos uma consulta, um exame, prestamos apoio, na cirurgia, no tratamento, e tem casos que se acompanha o paciente até o fim de sua vida.

O emocional

Temos que ter muita cautela com nosso psicológico, porque se assiste e vivencia muitas situações desesperadoras, mas temos que nos manter serenos, não nos deixar abater por essas situações, até porque está sob nossa responsabilidade conduzir o mais rápido possível a pessoa ao atendimento para onde é encaminhado o paciente. Temos que ser fortes, pois além disso, o motorista de ambulância, que também é ser humano, tem que dar conforto e ânimo para a família da pessoa que está sendo socorrida.

Riscos

Começa pelo risco de levar multa. Sem dúvida, o risco de acidente é iminente, porque tem casos que o estado do paciente exige que se chegue o mais rápido possível ao recurso, aí se arrisca a própria vida, para salvar aquela pessoa que está lá atrás deitada na maca, dependendo de nós para chegar o quanto antes. São momentos muito tensos, exige muita habilidade, prudência e serenidade do motorista.

Fato marcante

O que mais me marcou foi quando, certa vez, levando um paciente a Ijuí, não consegui chegar com ele vivo ao destino. Enfartou na estrada, e já cheguei com ele morto.

Motorista de Taxista

O taxista se estressa bastante e corre riscos, mas eu gosto do meu trabalho, assim começamos a conversa com o Carlos Valdir Pereira Jaques, taxista há 37 anos, com ponto de taxi junto à Estação Rodoviária de Santo Augusto.

 Rotina

 A rotina mesmo é sair de madrugada e voltar para casa depois das dez horas da noite. E geralmente a gente é chamado três ou quatro vezes por noite. É um chega e sai de casa. O trabalho de transportar passageiros para todos os cantos da cidade e até fora dela, não se limita simplesmente a dirigir o veículo. O atendimento educado e descontraído faz toda a diferença. Quando um cliente entra dentro do carro, ele merece o maior conforto e segurança desde o início da corrida até o ponto de chegada.

Riscos

Sempre corremos riscos, não só quanto ao trânsito em si, mas de assaltos, principalmente. Eu já sofri alguns assaltos e uma tentativa de assalto. Tive arma apontada para a minha cabeça; fui agredido fisicamente, me roubaram arma, fui atingido com golpe de faca no pescoço, mas felizmente não sofri maiores consequências e consegui sair bem de todas essas situações. Mas não é só isso, corremos riscos no próprio ponto de táxi que não tem iluminação pública, é um local isolado e não tem policiamento. A única iluminação é a luz do abrigo e do prédio da rodoviária. Quando chego no ponto de madrugada e as luzes da rodoviária estão apagadas, é uma escuridão danada. Não há segurança alguma.

Fato marcante

Certo dia, três homens me pediram uma corrida para Ijuí. Ao embarcar, um deles exibiu uma pistola falou: olha taxista, podes ir tranquilo que não vai acontecer nada com você. Chegando ao destino, eles pagaram a corrida e retornei tranquilo para Santo Augusto. Ao chegar soube que aqueles passageiros estavam em fuga, tinham acabado de assaltar um banco em Tiradentes do Sul.

Outro fato foi quando numa tarde chuvosa, um homem pediu uma corrida a São Luiz Gonzaga. Lá, ele mandou seguir por uma estrada de chão, na zona rural. Isso já era noite e chovia muito. A certa altura, ele mandou parar e aguardar que ele ia pegar o dinheiro dentro da casa. Saiu do táxi e sumiu. Olhei para todos os lados não vi casa alguma, era um deserto. Esperei cerca uma hora e nada. Aí desisti. Ao retornar atolei o auto. Já era madrugada, aí consegui ajuda de um morador que com uma camioneta me tirou do atoleiro.

Caminhoneiro

O caminhoneiro é o profissional da estrada e sua rotina de trabalho está intrinsecamente ligado à estrada. Basicamente sua função é conduzir o caminhão no transporte de cargas de um ponto a outro. Ele deve ser cuidadoso, ter muita atenção pois a atividade de dirigir requer atenção constante e responsabilidade.

Entre os desafios que ele enfrenta no dia-a-dia estão as estradas ruins que é comum em várias partes do país, o risco de roubos de carga, riscos de acidentes e a solidão que é típica neste caso, já que ele passa vários dias sozinho pelas estradas.

A atividade de caminhoneiro figura entre as mais perigosas em vários sentidos. Aliás, o fato de viajar constantemente pelas estradas do país já é por si só um grande perigo. O risco de acidentes é grande para quem conduz o caminhão em função do tipo de carga, tamanho do caminhão, condições das estradas, imprudência de outros motoristas, enfim.

Cesar Paulo Phillipsen (Bugio), caminhoneiro e empresário no ramo de transporte de cargas, emitiu sua opinião no enfoque sobre o Dia do Motorista, e a profissão de caminhoneiro.

Caminhões e estradas

Tenho experiência de estrada, no transporte, com a rodagem mesmo do caminhão, como funciona, os riscos que ele traz para quem está conduzindo e os riscos também para quem está na estrada convivendo com o caminhão. Hoje, sou empresário no ramo do transporte.

Os caminhões melhoraram muito com o ar condicionado, com câmbio automático, mas existem ainda os caminhões mais velhos, que o pessoal sofre um pouco mais. A maioria das estradas de escoamento da produção são antigas, lá dos anos 70 e 80. Na época só existiam caminhões, um truquinho 1113, lá de vez em quando uma carreta e os carros eram Fusca, Corcel, Passat, talvez um Opala; hoje, a estrada está tapada de caminhão bitrem, rodotrem, 9 eixos, caminhoneta, carros que rodam a cento e tantos por hora, a frota aumentou vinte, trinta vezes mais do que era na época.

Hoje está ali a mesma estrada e pior, malconservada e não ampliada. Então imagina, botar na mesma estrada trinta vezes o número de veículos e o tamanho também dos caminhões.

Caminhoneiro e os riscos

O risco de acidentes aumenta cada vez mais por causa da precariedade das estradas, o que salva é a boa qualidade e preparo dos motoristas de caminhão. Eles são bons no que fazem. Enquanto nós estamos em casa dormindo, tranquilos, os caras estão lá, trabalhando de noite, correndo o risco de ser assaltado, chegam nos postos pra dormir, totalmente expostos, sem segurança, não tem nada, a infraestrutura que nós temos hoje é só dos postos de combustíveis. Quando chega na época da safra, enche os pátios dos postos, chega na hora não tem onde dormir, estão dormindo nos acostamentos, encosta o caminhão e dorme. Essa é a realidade. Banheiro, chega num posto de gasolina, pode ter vinte banheiros, aí você pega um fluxo de caminhoneiros que chega no horário da noite, entre sete e dez horas, passam por ali duzentos, trezentos caminhoneiros para tomar banho. Mas os caras não se cansam de trabalhar.

Frete

A recente greve foi a salvação financeira do transporte. A exploração era muito grande em cima do caminhoneiro. Eram dez, doze anos que o frete era o mesmo valor, quando o diesel era R$ 1,70 o litro; as oficinas, pneus, tudo aumentou conforme a inflação, e o diesel dobrou de preço. Então, melhorou muito, com essa questão da tabela, criou-se, então, o preço mínimo do frete. Ninguém pode trabalhar por menos disso, porque é ilegal.

Por muito tempo as transportadoras se prevaleciam, sabiam que o caminhoneiro estava louco prá sair dali, prá viajar e botavam qualquer preço, os caras botavam em cima e levavam. Então, com a tabela vai se normalizar.

Excesso de carga

Sou radicalmente contra o excesso de cargas, porque o excesso de peso te dá um frete maior momentâneo, mas também te dá um prejuízo maior, porque é um excesso de peso em cima do pneu, do rolamento da roda, das molas, enfim, e acaba gastando nisso tudo aquilo que ganhou a mais. Isso sem falar no fator risco, porque, com carga maior, há um desgaste maior do equipamento, como freio e tração. Ainda tem a questão da multa, que é muito alta.

Corrupção

Quanto à estrada, embora o peso seja um agravante para sua destruição, vejo que o pior é a corrupção. Porque as estradas hoje, no Brasil, são normalmente superfaturas e malfeitas, são entregues, passam por vistoria e, em seis meses, estão com problemas novamente, fruto da utilização de material de má-qualidade e em quantidade aquém do necessário, e também da corrupção do responsável pela fiscalização.

 

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